17/09/2024
Viktor Frankl (1905-1997) foi um psiquiatra austríaco, fundador da Logoterapia. Viveu uma das experiências mais dramáticas que um ser humano já pôde passar: ser prisioneiro de um campo de concentração nazista. Ele passou por quatro campos. Perdeu a esposa e os pais para o nazismo. Ele conta sua experiência na sua obra: Em busca de sentido.
Hoje, aqui, irei me deter em um detalhe de sua obra, quando ele narra a sua chegada em Auschwitz. Nas palavras de Frankl:
"A nossa investigação psicológica, no entanto, ainda não havia chegado até lá, nem tampouco nós, prisioneiros, já atingíramos este ponto no curso dos eventos. Estávamos ainda na primeira fase da reação psicológica. Face à situação sem saída, ao perigo de morte a nos espreitar a cada dia; a cada hora e minuto, face à proximidade da morte de outros, da maioria, era natural que quase todos pensassem em suicídio, mesmo que apenas por um momento. Em virtude de certa convicção pessoal, que se esclarecerá adiante, na primeira noite em Auschwitz, pouco antes de adormecer, fiz a mim mesmo a promessa, uma mão apertando a outra, de não "ir para o fio". Esta expressão, corrente no campo, designava o método usual de suicídio: tocar no arame farpado, eletrificado em alta tensão. Tomar a decisão negativa de não "ir para o fio" não era difícil. Afinal de contas, a tentativa de suicídio não fazia muito sentido. O mero cálculo de probabilidade, a "expectativa de vida" estatística praticamente excluía o prisioneiro comum do minguado percentual daqueles que ainda sobreviveriam às seleções vindouras, dos mais diversos tipos. Em Auschwitz, o internado em estado de choque não tem medo algum da morte. Nos primeiros dias de sua estada, a câmara de gás nem de longe representa um horror. Para ele, o gás é algo que o poupa de cometer suicídio."
Diante de circunstâncias pavorosas, a possibilidade de morrer pode soar como a solução para os problemas. Viktor Frankl eliminou-a logo de início. Decidiu, corajosamente, pela vida. Isso é próprio de quem construiu uma vida interior rica, com sentido, onde o vazio existencial não tem espaço. (Continua nos comentários)