
27/09/2023
Em uma de suas obras, Jung nos traz ideias acerca de uma imagem do arquétipo do “curador ferido”, colaborando-nos com aspectos internos de nossas próprias feridas e criamos uma potência criativa de vida para lidar com os nossos complexos e sobre essa temática, gostaria de trazer uma das imagens que podemos mencionar e é encontrada nos mitos afro: o Orixá Obaluaê, o senhor da cura e da doença.
Um dos mitos de Obaluaê, é de que ele foi morar em uma floresta após sair de casa bem cedo, passando um certo tempo bastante doente, ficando coberto de pústulas (pequeno tumor inflamatório da pele), ouviu um chamado para que este saísse, pois estava pronto para curar pessoas e, ao se retirar, carregava consigo água e remédios que aprendeu durante o isolamento. Obaluaê tem na sua imagem uma veste que lembra uma vassoura, simbolizando a limpeza da peste na Terra e assim, curando todos ao seu redor.
Trouxe essa breve reflexão acerca de nossas próprias florestas interna e o chamado que temos para sair “curados” de nossa escuridão. Após períodos de isolamento (COVID 19), mas também prisões internas como a depressão, pânico, compulsões... O mito nos traz a ideia de ouvir o nosso chamado e assim como Obaluaê varrer a peste de nossas vidas, proporcionando uma condução simbólica de cura, enfrentando a sombra de nossos complexos vivenciados no dia a dia, encontrando um sentido, vontade e o caminho da cura e renovarmos a nossa alma rumo ao nosso autoconhecimento.
João M. Venâncio - CRP 06/164088
Psicólogo clínico
Especializando em Psicologia Junguiana