21/07/2025
As férias deveriam ser um convite à leveza, um respiro para a alma, um tempo de recarregar as energias de verdade.
Mas, muitas vezes, o que acontece é o contrário: a busca desenfreada por “aproveitar cada segundo” ou a dificuldade em se desconectar transformam o descanso em uma nova fonte de esgotamento.
Muito do que chamamos de “aproveitamento das férias” pode ser, na verdade, uma repetição inconsciente de padrões de produtividade e sobrecarga.
Se no trabalho fomos ensinados a preencher cada minuto e a não “dar trabalho”, talvez hoje chamemos de lazer uma agenda lotada que nos deixa mais exaustos do que antes.
Se fomos crianças que precisaram estar sempre ocupadas para se sentirem válidas, talvez hoje aceitamos migalhas de descanso, preenchendo o ócio com listas de tarefas da casa ou planejando roteiros exaustivos, esperando que, em algum momento, seremos “bons o suficiente” para relaxar.
As primeiras experiências com o descanso e a liberdade moldam nossas expectativas: o que achamos que é “normal” fazer nas férias, o que suportamos em termos de atividade e o que tememos perder se não fizermos “tudo”.
Por isso, voltar esgotado das férias não é fraqueza, é sintoma de algo mais profundo que precisa ser visto.
A cura começa quando olhamos para nossa relação com o descanso não para nos culpar, mas para compreender de onde vêm as nossas ideias sobre o que é “aproveitar a folga”.
Aprender a desacelerar sem culpa, a dizer “não” para mais uma atividade e a simplesmente estar em vez de fazer é parte do amadurecimento emocional.
E isso também se aprende com tempo, acolhimento e autoconhecimento.