16/06/2025
A raiva não tem uma idade certa pra aparecer.
Mas ela muda de forma com o tempo.
Na infância, pode ser choro, grito ou birra.
Um corpo pequeno tentando expressar algo muito maior do que consegue explicar.
Na adolescência, a raiva vira confronto.
Questionamento, impulsividade, isolamento.
Às vezes silêncio. Às vezes explosão.
É o mundo interno ficando grande demais pra caber quieto.
Na vida adulta, a raiva aprende a se disfarçar.
Em ironia, em rigidez, em “tá tudo bem” dito com os dentes travados.
Vira acúmulo, tensão no corpo, impaciência que explode em lugares errados.
Na velhice, ela pode virar tristeza.
Ou cansaço.
Ou ressentimento guardado há décadas.
A raiva nunca vem sozinha.
Ela aponta algo que está fora do lugar: um limite ultrapassado, uma dor antiga, uma frustração esquecida.
Lidar com a raiva não é apagar o sentimento.
É entender o que ela quer dizer.
Cada geração sente.
Cada fase da vida mostra de um jeito.
Mas escutar o que há por trás —
isso sim pode transformar tudo.