23/04/2025
Quando eu era pequena, eu era louca por parquinhos
O problema? Não tinha nenhum destes perto da minha casa. Então eu dependia dos meus pais me levarem quando eles tinham disponibilidade. Depois de um tempo, vejam só: construíram uma pracinha do lado da minha casa. Da minha janela, eu avistava a gangorra, o balanço, o escorregador... E aí você deve pensar: "nossa, que alegria! Agora você ia todo os dias, né?" Não, não ia! Depois de um tempo, eu não tinha mais tanta vontade de ir todo dia. Ainda era legal e eu ainda gostava, mas agora que eu sempre podia ir, não ia sempre (minha mãe até reclamava!).
A verdade é que quando temos temos um acesso restrito a algo que gostamos, tal objeto passa a ser muito valorizado, como explicado pela Teoria do Fruto Proibido. Sim, o proibido, ou o inacessível, é, de fato, mais gostoso.
Mas o contrário também é verdadeiro: aquilo que temos acesso irrestrito passa a não ser mais tão atrativo (como no exemplo do parquinho), e a isso chamamos de habituação (ou seja, aquele objeto, ou aquele alimento, não me provoca mais tanta atração como antes).
O mesmo também acontece no nosso comportamento alimentar. Quando você vive tentando fazer proibições alimentares, sua vontade por aquele alimento proibido aumenta. E aí, quando você se dá a 'oportunidade' de comer tal alimento (o famoso "só hoje", que muitas vezes acaba acontecendo todo dia), você precisa aproveitar e comer muito, porque 'amanhã, eu volto pra dieta', isto é, volta a tentar restringir o alimento.
Quando você vive a permissão incondicional de comer, isto é, pára de se proibir tanto, e passa a comer de tudo com tranquilidade e respeito aos sinais do corpo, aí você passa a viver o mesmo efeito que eu vivi com a pracinha. Agora, os alimentos estão permitidos e, ao contrário do que pensam, isso não me faz comer desesperadamente; na verdade, isso me dá a opção de me perguntar se eu quero ou não comer naquele momento, o quanto eu preciso pra me sentir saciada, se quero deixar para outro momento...
Já pensou nisso?
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