16/05/2025
Gosto de pensar que meu trabalho se parece um pouco com essa imagem: intensa, detalhada, cheia de movimento mesmo no silêncio. A Noite Estrelada de Van Gogh não é calma, mas é profunda. Não é perfeita, mas é sincera. E é assim que vejo o espaço que construo com meus pacientes: um lugar onde há espaço para o turbilhão, mas também para a direção.
Não atuo a partir da ausência de dor. Atuo a partir da escuta, da experiência, do estudo, do compromisso com o que é possível, e da ética de não prometer o que não pode ser entregue. Isso não me torna menos sensível, só me torna mais responsável.
A clínica, pra mim, é feita de presença. Está na escuta atenta, na pergunta certa na hora certa, no cuidado com cada palavra escrita num laudo ou devolutiva. É um trabalho que exige técnica, mas também humanidade. Clareza sem frieza. Acolhimento sem condescendência.
E sim, também há limites, e eu os honro. O cuidado com o outro só é sustentável quando vem junto com o cuidado por mim mesma. Não romantizo o esgotamento como prova de entrega. Respeitar meu ritmo é parte do que me torna uma profissional melhor.
Talvez seja isso que me conecta tanto com essa imagem: mesmo nas noites mais turbulentas, ainda há estrelas. E mesmo quando o céu gira, ainda há chão.
Aprendi que manter-se firme não é o mesmo que se endurecer, mas sim saber sustentar, com leveza, o que importa. ♥️