
11/05/2025
A função materna, é um furo no nosso narcisismo.
Um desafio amar um ser que nasceu da gente (seja da barriga, ou exclusivamente do nosso desejo mesmo), mas que não é a gente.
É investir afeto, idealizar uma vida e aos poucos descobrir que as idealizações são nossas e que eles, ainda bem, vão seguir seu próprio caminho, desenvolver suas próprias ideias.
E com certa frequência, ter que lidar com os imperativos cruéis da “culpa” por achar que podíamos ter feito melhor, ter ajudado mais, ter evitado frustrações… Porque pode ser difícil lidar com a verdade de que não podemos tudo, não controlamos tudo, a castração se presentificando…
Mas o amor é assim: “Dar o que não se tem, a alguém que não o quer” - Lacan, claro…
Há também um certo movimento de se eternizar na vida, no que se transmite aos filhos, de geração em geração, algo que não pode ser ensinado, explicado, mas que insiste, e que as vezes temos notícias disso numa análise, por exemplo.
Mas é nesse mal entendido, entre o que idealizamos e o que comparece, entre o que queremos ensinar e o que se transmitiu, que a singularidade dos filhos aparece… É nesse espaço de intimidade e estranhamento que também aprendemos com os nossos filhos e pasmem, eles também nos transmitem muito!
Feliz dia a todos que cumprem essa função tão bonita e humana: a maternagem.