16/10/2025
Hoje é o seu aniversário.
Da avó do meu marido — mas, em algum ponto da história, eu te roubei pra mim.
Ou talvez a verdade seja outra: talvez tenhamos nos reconhecido antes, lá atrás, na mesma centelha de onde viemos.
A saudade que eu sinto de você é diferente de todas as outras.
Não é só falta — é como se o chão tivesse se afastado um pouco.
Mas, ao mesmo tempo, é como se você ainda respirasse aqui, entre os cômodos da memória.
Ainda escuto tua voz, o som do riso contido, a mão encostando na boca enquanto conversava.
Lembro da calça jeans escura, do sapato preferido, do cabelo preso e da promessa de que, “da próxima vez, eu solto, viu?”.
Sinto falta das ligações que começavam com o teu “Oi, você tá boa? E os meninos?”.
Da sopa que me esperava quente, da pasta de grão de bico no Natal — que esse ano perdeu o gosto, perdeu a razão.
Do Papai Noel que só existia inteiro porque te via sorrindo como as crianças.
E sinto falta do que você fazia caber dentro do amor.
Das bonecas de papel que recortava pra Clara, com uma delicadeza que nem os anjos alcançam.
Do hambúrguer de palito do João, que você inventava pra ver o riso dele nascer.
Do amor arábico-lusitano que nutria pelo Heitor — amor de muitas vidas, amor que não conhece fronteiras.
E da dor que dividimos pelo Otávio — aquela dor que, mesmo partilhada, nunca coube em duas pessoas.
Hoje o dia pesa.
Talvez porque seja o primeiro aniversário sem você.
Talvez porque eu sempre soube que a vida seria mais difícil quando teu abraço virasse lembrança.
Paullllllll, ohhhh Paullllll…
Ele tá sendo incrível, como você sempre soube que seria.
Mas, no fundo, a gente preferia não precisar vê-lo sendo tão forte.
Tua energia-luz ficou um pouco em mim.
Hoje ela pulsa, teimando em sair do peito, como se tentasse encontrar o caminho de volta.
Te amo até além do apagar da última estrela,
e do recomeçar silencioso do universo. 🌙