14/10/2025
O vídeo em que um menininho, instintivamente, protege sua irmã de um brinquedo aterrorizante tem algo de profundamente comovente. Em frações de segundo, ele se coloca entre o medo e quem ama. Seu pequeno corpo se transforma em escudo, seus braços ganham a força de quem não pensa - age. É puro instinto de proteção, movido pelo amor, pela conexão e pelo desejo de preservar o outro da dor.
Essa cena, simples e poderosa, nos convida a olhar para algo maior: quem são as pessoas que, ao longo da nossa vida, se colocam à frente dos nossos medos? Quem são aqueles que, mesmo pequenos, frágeis ou silenciosos, permanecem ao nosso lado quando o mundo parece assustador?
E, num segundo movimento, quem somos nós quando o medo aparece para alguém que amamos? Sabemos acolher, proteger, oferecer presença? Ou recuamos para longe do desconforto?
Há ainda uma pergunta mais íntima, talvez a mais difícil: nós nos protegemos? Diante dos nossos próprios medos, conseguimos criar um espaço interno de segurança, ou acabamos nos abandonando, esperando que alguém venha nos salvar?
Proteger não é eliminar o medo é reconhecer a sua existência e oferecer suporte para atravessá-lo. O menino não destruiu o brinquedo assustador; ele apenas se colocou entre ele e a irmã, dizendo, com o corpo: “eu estou aqui”.
Talvez crescer seja, em parte, aprender a ser esse “eu estou aqui” para nós mesmos. Aprender a acolher nossas próprias vulnerabilidades, sustentar o olhar diante do que nos assusta e, pouco a pouco, construir dentro de nós um lugar seguro para voltar quando tudo parece grande demais.
Porque os medos não desaparecem nós é que aprendemos a caminhar com eles. E, quando temos ao nosso lado (ou dentro de nós) quem nos acolhe com coragem e ternura, o que antes era aterrorizante pode se transformar em apenas mais um capítulo da nossa travessia.
Meu carinho, meu afeto. Ana Matos 💜
Crédito vídeo: se souber deixe nos comentários.