Guia de Superação do TDAH

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TDAH e sobrepeso: qual a relação?Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) e sobrepeso são duas questões qu...
07/09/2022

TDAH e sobrepeso: qual a relação?

Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) e sobrepeso são duas questões que comumente andam acompanhadas.

Décadas de pesquisa mostram que o desenvolvimento da obesidade, em indivíduos com TDAH, é signif**ativamente maior do que em alguém sem o transtorno.1 e 2

Química cerebral, fraco controle de impulsividade e hábitos de sono ruins conspiram para uma alimentação equivocada – e perder peso se torna uma missão complicada.

Nas meninas, a questão é ainda mais delicada. Uma pesquisa da Mayo Clinic3 concluiu que garotas com TDAH têm duas vezes mais probabilidade de serem obesas. O que agrava a situação é o aumento da chance de distúrbios alimentares surgirem, como comenta o autor do estudo, o pediatra Seema Kumar.4

Se seu filho usa medicação em seu tratamento, é importante dizer que os remédios podem levar ao aumento de peso indiretamente. Explicaremos esta questão logo abaixo.

Ainda, é senso comum que bons hábitos alimentares exigem controle de impulsividade, algo prejudicado nos pacientes. Portanto, o mero diagnóstico do transtorno já é fator suficiente para cuidar da alimentação com cautela.

O que a medicação pode fazer na química cerebral?

Os remédios mais utilizados para o tratamento de TDAH não geram ganho de peso diretamente. Na realidade, eles têm o efeito oposto.

Remédios estimulantes, como metilfenidato e anfetamina/dextroanfetamina, tiram a fome e fazem o corpo gastar calorias de forma ainda mais rápida. Alguns deles, inclusive, são usados justamente em tratamentos para perda de peso ou compulsão alimentar.5

Mas então, o que ocorre?

Os efeitos destas medicações duram por poucas horas. Uma vez que o efeito dos estimulantes acaba, o apetite pode voltar de forma bastante intensa. Isso sim pode levar ao aumento de peso. Algumas pessoas com TDAH também têm quadros depressivos e tomam remédios específicos, que podem levar ao ganho de peso.

Há mais causas para o sobrepeso em indivíduos com TDAH.

A conexão da dopamina

Este químico cerebral pode ser um pouco culpado pela balança. A dopamina faz parte do sistema de recompensa. Ela é a “sensação boa”, que nos faz satisfeitos após comermos um bolo ou um chocolate.

Pessoas com TDAH têm níveis mais baixos de dopamina. Os remédios estimulantes usados no tratamento do transtorno aumentam estes níveis. Já que comidas com alto açúcar – como biscoitos, doces e batatas – disparam altos níveis de dopamina, a chance de engordar é ainda maior.5

Hábitos alimentares

Muitos sintomas do TDAH, como vimos, impactam os hábitos alimentares. Planeje as listas de supermercado e as refeições familiares com antecedência e se atenha a elas. Caso surjam os típicos imprevistos das famílias com crianças com TDAH, você já terá seu plano adiantado.

Três sintomas do TDAH influenciam os hábitos alimentares ainda mais:

– falta de atenção pode impedir a pessoa de perceber que está saciada;

– estresse leva a comer por questões emocionais;

– monotonia também motiva o hábito do “comer para passar o tempo”.

Fique de olho nestes fatores com relação ao seu filho. Perceba se ele está descarregando sintomas do TDAH na comida e encoraje-o a encontrar formas mais saudáveis de dissipar a energia.

Lembre-se: seu filho não está fadado ao sobrepeso. Mas, ele precisa ter uma compreensão elevada sobre o impacto do transtorno no consumo alimentar, nos exercícios físicos e na saúde em geral.

Se a hiperatividade for o problema principal, aposte nos exercícios. Caminhadas, bicicleta, yoga, artes marciais, dançar na sala de casa. Se o jovem f**a entediado com frequência, não imponha tempos de exercício inicialmente. Uma rotina com sessões de 10 a 15min poderá ajudar muito neste caso.

Mantenha em mente a importância do sono. Uma boa noite de sono é crítica para manter o cérebro funcionando apropriadamente. O sono também regula hormônios e, assim, controla o estresse e a alimentação excessiva por motivos emocionais.6

Por fim, seja um modelo. Não adianta contar as calorias do seu filho se você come constantemente e impulsivamente. Filhos aprendem através de exemplos. Não leve seu celular para a mesa. Engaje-se em atividades físicas também. Estimule boas conversas à mesa. Cozinhe com prazer e mostre uma boa relação com os alimentos.

FONTES

1 FLIERS E et al., 2013. ADHD is a risk factor for overweight and obesity in children. J Dev Behav Pediatr. Published in final edited form as: J Dev Behav Pediatr. 2013 Oct; 34(8): 10.1097/DBP.0b013e3182a50a67. doi: 10.1097/DBP.0b013e3182a50a67. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3859965/ . Acesso em: 26 de setembro de 2018.

2 PAGOTO S E et al., 2009. Association Between Adult Attention Deficit/Hyperactivity Disorder and Obesity in the US Pop**ation. Obesity (Silver Spring). 2009 Mar; 17(3): 539–544.
Published online 2009 Jan 8. doi: 10.1038/oby.2008.587. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3221303/ . Acesso em: 26 de setembro de 2018.

3 FLIERS E et al., 2013. Childhood Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder, S*x, and Obesity. Mayo Clinic Proceeding. March 2016 Volume 91, Issue 3, Pages 352–361. doi: https://doi.org/10.1016/j.mayocp.2015.09.017. Disponível em: https://www.mayoclinicproceedings.org/article/S0025-6196(15)00770-3/fulltext . Acesso em: 26 de setembro de 2018.

4 ADHD MAY BE TIED TO OBESITY RISK FOR GIRLS. WEBMD. Disponível em: https://www.webmd.com/add-adhd/childhood-adhd/news/20160204/adhd-tied-to-obesity-risk-for-girls-study-contends #1 . Acesso em: 26 de setembro de 2018.

5 IS ADHD MEDICATION AFFECTING MY WEIGHT?. WEBMD. Disponível em: https://www.webmd.com/add-adhd/medication-weight #1 . Acesso em: 26 de setembro de 2018.

6 IS YOUR ADHD BRAIN HARD-WIRED FOR WEIGHT GAIN?. ADDITUDE. Disponível em: https://www.additudemag.com/adhd-and-obesity-hard-wired-for-weight-gain/ .

Filho adolescente com TDAH? Fique de olho no abuso dos remédiosO Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) ...
07/09/2022

Filho adolescente com TDAH? Fique de olho no abuso dos remédios

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é uma desordem neurodesenvolvimental caracterizada por elevados níveis de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade. O transtorno ocorre em aproximadamente de 3% a 10% das crianças e adolescentes e em 2,5% dos adultos.1

Os tratamentos envolvem abordagens farmacológicas e não farmacológicas, como terapias comportamentais, coaching, terapia cognitivo-comportamental e neurofeedback.

Diversos estudos comprovam a efetividade da prescrição de estimulantes para os sintomas de TDAH em crianças e adultos. Estudos mais recentes reportam que estimulantes geralmente levam a melhorias na autorregulação, planejamento e habilidades organizacionais ligadas à função executiva.2

Porém, como toda medicação, existe um cuidado a ser tomado.

É preciso deixar claro que pessoas que tomam seus remédios como recomendado pelos médicos não correm riscos quaisquer de se tornarem viciadas, como a crença pop**ar pode sugerir.

O que ocorre é que alguns agentes do TDAH, particularmente aqueles com efeitos estimulantes, podem se tornar viciantes quando o paciente abusa das medicações.

Frisamos: quando o paciente abusa das medicações.

Isso ocorre em particular com adolescentes e jovens (sendo que muitos deles sequer possuem prescrições), que abusam dos comprimidos pela sensação de potencialização que os remédios geram quando tomados em excesso ou quando não são necessários, no caso de pessoas que não sofrem do transtorno.

Muitas medicações para o TDAH agem estimulando neurotransmissores no cérebro, como a dopamina e a epinefrina. Ajustar estes neurotransmissores é altamente efetivo em pacientes de TDAH, depressão e ansiedade.

Estimulantes pop**ares incluem o metilfenidato (Ritalina, Concerta, Daytrana), que trabalha potencializando os neurotransmissores. Outros, como o Focalin, utilizam o dexmetilfenidato.

Uma pesquisa monitorou o comportamento de estudantes adolescentes norte-americanos por 33 anos.3 Em 2008, a conclusão foi lançada: 2,9% dos alunos entre 15 e 16 anos abusavam do metilfenidato. 3,4% dos alunos entre 17 e 18% abusavam da mesma substância.

Parece pouco? O número sobe consideravelmente quando falamos de medicações com anfetamina, como Adderall, Dextrostat, Dexedrine e outros remédios que utilizam a dextroanfetamina como princípio ativo.

O abuso de medicações com anfetamina é praticamente o dobro. 6,4% entre jovens de 15 a 16 anos e 6,8% entre jovens de 17 e 18. No estudo, estes medicamentos apareceram como a terceira droga ilícita mais usada pelos jovens.

Efeitos colaterais do abuso

Jovens que abusam destas substâncias em busca de estímulos correm riscos de sérios efeitos colaterais, incluindo pressão alta, taquicardia ou disritmia, dificuldade de respirar, convulsões e tremores, além do desenvolvimento de transtornos do humor. Em graus elevados e por um período extenso de tempo, podem sofrer infartos, alucinações, paranoia e confusão mental.

A National Survey on Drug Use and Health mostrou que jovens que abusam destes remédios têm duas vezes mais chances de se engajarem em comportamento ilegal. Quando álcool é inserido nesta perigosa fórmula, os efeitos podem sair do controle.4

Como identif**ar o abuso de substâncias

Alguns sintomas tornam o abuso perceptível, como mudanças comportamentais, problemas na escola, mudança nas amizades, longos períodos sem dormir ou comer, isolamento, problemas com a lei, dinheiro sumindo de casa, entre outros.

Caso você note alguma mudança em seu filho, não o julgue. Converse sobre o que ele está sentindo, entre em contato com seu médico, peça exames para se certif**ar do abuso. Construa um plano de ação com o médico ou terapeuta.

Como evitar o abuso

A maneira mais ef**az de evitar abusos é a mais simples: controlar o acesso às medicações. Guardar remédios ao alcance dos jovens é um erro comum das famílias. Apenas os pais ou responsáveis devem ter acesso aos comprimidos. Eles devem controlar as quantidades diárias para ter certeza de que não há abuso.

Se você já faz isso, pode ser necessário conversar com parentes ou alertar a diretoria da escola, caso seu filho consiga as medicações no ambiente escolar.

Fontes:

1 ATTENTION-DEFICIT / HYPERACTIVITY DISORDER (ADHD). CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Disponível em: https://www.cdc.gov/ncbddd/adhd/data.html . Acesso em: 25 de outubro de 2018.

2 DUPAUL et al., 2008. Double-blind, placebo-controlled, crossover study of the eff**acy and safety of lisdexamfetamine dimesylate in college students with ADHD. J Atten Disord. 2012 Apr;16(3):202-20. doi: 10.1177/1087054711427299. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22166471 . Acesso em: 25 de outubro de 2018.

3 JOHNSTON LD et al., 2009. Monitoring the future national survey results on drug use, 1975-2006, volume 1, secondary school students (NIH Publication No. 08–6418A). Bethesda, Md.: National Institute on Drug Abuse, 2009: 450-453. Disponível em:http://www.monitoringthefuture.org/pubs/monographs/vol1_2006.pdf . Acesso em: 25 de outubro de 2018.

4. RESULTS FROM THE 2008 NATIONAL SURVEY ON DRUG USE AND HEALTH: NATIONAL FINDINGS. SUBSTANCE ABUSE & MENTAL HEALTH DATA ARCHIVE. Disponível em:http://www.dpft.org/resources/NSDUHresults2008.pdf

TDAH da infância para a adolescência: o que muda daqui para frente?Seu filho está crescendo e os desafios do Transtorno ...
07/09/2022

TDAH da infância para a adolescência: o que muda daqui para frente?

Seu filho está crescendo e os desafios do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) vão mudar. O que lhe aguarda daqui para frente?

Esta época tão conturbada da vida do jovem pode apresentar questões específ**as, que vamos abordar daqui para frente.

Até alguns anos, era comum acreditar que, quando a criança com TDAH entrasse na adolescência, o transtorno não seria mais um problema. Mas, hoje sabemos que entre 50% e 80% dos adolescentes seguem se enquadrando nos critérios de diagnóstico.1

Então, o que signif**a ser um adolescente com TDAH?

A primeira coisa a ser dita é que a desordem não precisa impedir seu filho de levar uma vida feliz e plena. A chance do jovem ser bem-sucedido variará muito de acordo com o tempo e a qualidade do tratamento no passado e no presente.

Os sintomas mais comuns do TDAH – desatenção, impulsividade e hiperatividade – são fatores comuns às crianças e aos adolescentes. Porém, há diferenças. Os jovens notam menos sinais de hiperatividade, como balançar as pernas ou não conseguir f**ar sentado.

Por outro lado, questões hormonais entram em jogo. Ainda, os desafios da escola podem se tornar mais difíceis. Isso ocorre não porque o transtorno se agrava, mas sim porque as demandas são muito mais exigentes e a necessidade de autonomia (não poder ou querer contar com os pais) pode complicar a situação.2

Outra questão relacionada ao TDAH na adolescência é dificuldade com as Funções Executivas, que já abordamos em um especial aqui no app Focus TDAH.

A Função Executiva é a habilidade do cérebro em priorizar e lidar com pensamentos e atitudes. Em outras palavras, a Função Executiva permite que seu filho crie e planeje objetivos, meça consequências das ações, avalie o próprio progresso e mude os planos caso seja necessário.

Novamente, não se trata de um agravamento do transtorno, mas sim da complexidade dos novos desafios que seu filho enfrentará daqui para frente.

Entenda que a autonomia é crucial para o jovem. Sua ajuda, durante a infância, cobriu muitas das tarefas que eram responsabilidade de Função Executiva do seu filho: você organizou a agenda, lembrou dos trabalhos e planejou os melhores métodos de execução.

Agora, é a hora do adolescente fazer estas coisas sozinho.

Seja motor de autonomia

Encorajar seu filho a fazer as coisas por si mesmo é uma das mais poderosas ferramentas para reduzir estes fatores que mencionamos.

Mas, como fazê-lo? Atividades sociais e prazerosas, como teatro, esportes, artes podem gerar grupos de amizades saudáveis e canalizar o excesso de energia. Estimule seu filho a encontrar o que gera verdadeiro prazer e engaje-o nestas atividades. Outras estratégias podem ser:

– Utilize planejadores, como o app Focus TDAH.
– Faça listas.
– Construa a autoestima com seu filho.
– Reafirme e recompense o comportamento positivo.
– Estabeleça consequências para o comportamento negativo.
– Mantenha-se em contato com os professores.
– Mantenha rotinas bem claras e estabelecidas.
– Crie ambientes tranquilos e específicos para o estudo.
– Estabeleça responsabilidades, como cozinhar e cuidar das próprias roupas
– Estimule seu filho a conversar sobre emoções com alguém em quem confia.
– Faça o máximo para colaborar na qualidade do sono. Tenha regras claras sobre uso de celulares e computadores no quarto de dormir.

Condições coocorrentes na adolescência

Há diversas desordens com sintomas similares ao TDAH e que podem ocorrer simultaneamente ao Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. Uma média de 60% de crianças e adolescentes apresentam ao menos uma desordem coocorrente.3

Na adolescência, vemos o Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) e o Transtorno de conduta (TC) em prevalência.

O TOD pode gerar dificuldade de impor regras ao seu filho. Já o TC é mais severo e pode envolver dificuldade de seguir normas, mas também pode incluir comportamentos perigosos e até ilegais, como roubar, agredir ou destruir patrimônio público.

Segundo a CHADD (The National Resource on ADHD), outras condições que podem se tornar mais evidentes neste período são:

– Transtornos do humor, incluindo depressão e distimia (similar à depressão, mas por períodos mais extensos).

Adolescentes com depressão frequentemente se sentem irritados ou tristes e podem não desenvolver interesse por atividades que, até então, eram fonte de prazer. Eles também podem ter problemas para dormir e sentirem uma forte angústia ou desesperança sobre o futuro, sendo tomados por pensamentos sobre morte ou suicídio. A CHADD aponta que entre 20% e 30% dos adolescentes têm transtornos do humor coocorrendo com o TDAH.

– Ansiedade.

Segundo a instituição, desordens de ansiedade podem ocorrer entre 10% e 40% dos adolescentes com TDAH. Estas desordens são caracterizadas por preocupação excessiva e dificuldade de controlar esta apreensão. As pessoas que sofrem de ansiedade também sentem sintomas físicos, como dores de cabeça, de estômago e taquicardia, além de ataques de ansiedade.

– Abuso de substâncias químicas.

Uma das maiores preocupações dos pais de adolescentes pode ser potencializada no caso de pacientes com TDAH. De fato, nos explica a CHADD, o risco para o uso de dr**as, em adolescentes com o transtorno, varia entre 12% e 14%.

É importante dizer que o uso de medicamentos para o transtorno não aumenta o risco de uso de dr**as. Pelo contrário. Na realidade, as medicações podem proteger os jovens de usarem dr**as ilícitas ao longo da vida.

O fator mais preditivo para o uso de dr**as seria o diagnóstico de Transtorno de conduta (TC). Observe os seguintes sintomas em seu filho e, caso desconfie que há algo acontecendo, procure seu médico e a escola: cheiro de álcool, cigarro ou maconha, olhos vermelhos, injetados ou rosto vermelho, mudanças no humor, isolamento, queda na vida acadêmica ou escolar e mudança de amizades.

– Problemas de aprendizado e de comunicação.

Esta questão é bastante relevante, já que a CHADD indica que desordens de aprendizado estão presentes em 1/3 dos jovens com TDAH. As demandas da escola e da faculdade elevam os índices de estresse e os pais devem se manter alertas, monitorando tanto a performance quanto os sentimentos do filho.

Desordens de comunicação incluem não apenas dificuldades na fala (como gaguejar), mas também desafios para compreender a linguagem e manter habilidades de expressão.

– Problemas para dormir.

Muito comum no TDAH, é bom levar em conta que mudanças nos ciclos de sono são normais em todos os adolescentes. É senso comum que os jovens começam a dormir mais tarde e não gostam de levantar cedo. Adolescentes também precisam de mais horas de sono, alerta a CHADD.

Mas, em jovens com o transtorno, distúrbios do sono podem ser mais pronunciados. Procure descobrir, com o médico, se há algum distúrbio preexistente ligado ao sono ao avaliar os medicamentos de seu filho.

Não é possível prever quais adolescentes passarão por estes sintomas ou condições. É possível que haja questões genéticas envolvidas. O estresse do ambiente de cada jovem também tem um forte papel nos adolescentes com TDAH, como pressão social, críticas e frustração interna.

Por isso, mantenha-se sempre alerta ao seu filho e em contato com o médico ou profissional de saúde responsável pelo jovem.

Lembre-se: seu filho é um jovem adulto, mas um jovem adulto com TDAH

O processo de maturidade em jovens com TDAH pode ser um pouco mais lento e menos linear, alerta3 Kathleen Nedeau, Ph.D, Diretora do Chesapeake Psychological Services de Maryland e coautora da obra Understanding Girls With ADHD.

Neste processo de crescimento, haverá muitos altos e baixos, idas e vindas. É lento, mas isso não signif**a que seu filho nunca chegará a lugar algum, explica a doutora.

Os lobos frontais, que estão envolvidos no TDAH, continuam a amadurecer até que o ser humano atinja 35 anos. Em termos práticos, isso quer dizer que pessoas com o transtorno podem esperar redução de sintomas durante este período. Muitos não chegarão à maturidade emocional antes dos 21 anos e isso pode seguir até os 30.

É importante que você compreenda as questões biológicas para que mantenha em mente o tempo do seu filho.

Você pode não ser capaz de resolver os problemas do seu filho, agora que ele não é mais uma criança, mas suas cobranças e expectativas podem seguir machucando. Comparar um filho com TDAH a irmãos sem o transtorno pode ser altamente destrutivo. A paciência e o conhecimento são o melhor caminho aqui.

Nadeau explica que pais de filhos diagnosticados com TDAH precisam ajustar suas expectativas. Ela diz que grande parte do seu trabalho com as famílias é educar os pais e conta que muitos comparam seus filhos aos colegas que estão tirando boas notas, passando nas cadeiras, fazendo estágios e ganhando dinheiro.

Nadeau argumenta que existem coisas que pessoas com TDAH têm mais dificuldade e, possivelmente, para sempre terão. Neste caso, elas precisam de apoio e não de crítica, enfatiza a doutora.

Jovens com TDAH precisam de mais tempo, resume a especialista. Ela aconselha os jovens a reduzirem suas próprias expectativas com relação à vida adulta e a experimentarem esta fase gradativamente.

Morar um ano ou dois fora da casa dos pais, fazer trabalhos de meio turno ou mais leves antes de se comprometerem com uma carreira podem ser pequenos passos para ir sentindo a vida.

“Eles precisam desenvolver habilidades de vida antes de tudo”, diz Nadeau. Pagar o aluguel, ser responsável pela alimentação e pela própria rotina são questões importantes nessa hora.

A doutora explica que uma transição drástica do seio familiar para uma vida totalmente autossuficiente pode ser exigente demais, por isso, a autonomia deve ser trabalhada o quanto antes e gradativamente.

Fontes:

1 SPRICH S et al., 2015. Cognitive-Behavioral Therapy for ADHD in Adolescents: Clinical Considerations and a Case Series. Published in final edited form as: Cogn Behav Pract. 2015 May; 22(2): 116–126. Published online 2015 Feb 4. doi: 10.1016/j.cbpra.2015.01.001. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5014388/ . Acesso em: 25 de outubro de 2018.

2 ADHD IN TEENS. WEBMD. Disponível em: https://www.webmd.com/add-adhd/childhood-adhd/adhd-teens #1 . Acesso em: 25 de outubro de 2018.

3 DIAGNOSING ADHD IN ADOLESCENCE. CHADD. Disponível na versão cachê: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:Jz7_E6bVc9gJ:www.chadd.org/Understanding-ADHD/For-Parents-Caregivers/Teens/Diagnosing-ADHD-in-Adolescence.aspx+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br .

4 GROW UP ALREADY! WHY IT TAKES SO LONG TO MATURE. ADDITUDE. Disponível em: https://www.additudemag.com/grow-up-already-why-it-takes-so-long-to-mature/ . Acesso em: 25 de outubro de 2018.

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O que é TDAH (e o que não é) na sala de aulaMuitas crianças com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) d...
07/09/2022

O que é TDAH (e o que não é) na sala de aula

Muitas crianças com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) desenvolvem sintomas da desordem antes de entrarem na escola. Mas, é na escola, quando eles manifestam dificuldades para atender expectativas relacionadas a crianças da idade, que os diagnósticos começam a ser formados1.

O TDAH é a primeira questão a ser levantada quando o comportamento ou as notas estão problemáticas. As situações são bem conhecidas: a criança não consegue f**ar sentada, “cospe” respostas sem aguardar sua vez, não consegue fazer as lições de casa ou f**a sonhando acordada enquanto o professor passa as instruções das tarefas. Estes são sintomas bastante comuns no transtorno.

Claro que estes comportamentos podem ser resultado de outros fatores, que vão da ansiedade ao trauma. Muitas vezes, sintomas similares ao TDAH podem surgir apenas pelo fato de a criança ser um pouco mais nova do que os colegas e, portanto, menos madura.

Por isso, é fundamental que professores e pais conheçam e compreendam como o TDAH se manifesta em sala de aula.

Observar as crianças com cuidado é especialmente importante quando elas são pequenas demais para articularem como estão se sentindo. Manter um olho atento sobre as crianças é relevante não apenas porque afeta a capacidade de aprendizado (dos colegas também), mas como também a vida social e emocional do jovem.

Quando os pequenos começam a fracassar ou ter grandes dificuldades na escola por um período de tempo extenso, a frustração pode levar a padrões de comportamento disfuncional que são bem difíceis de quebrar.

Sintomas de TDAH em sala de aula

Existem três tipos de comportamentos associados ao TDAH: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Sim, todas as crianças têm estes comportamentos ocasionalmente. Falamos, aqui, de casos extremos, que impedem um cotidiano saudável.

Os sintomas do TDAH são divididos em dois grupos – desatenção e hiperatividade-impulsividade. Algumas crianças manifestam mais a desatenção, outras a hiperatividade-impulsividade. Porém, a maioria diagnosticada com TDAH terá uma combinação de ambos.

Veja os comportamentos mais comuns na escola.

Sintomas de desatenção:

– Incapacidade de observar detalhes, comete erros por falta de cuidado

– Facilmente distraída ou levada por estímulos externos

– Dificuldade de seguir instruções

– Parece não estar escutando mesmo quando falam diretamente com ela

– Problemas para organizar tarefas e materiais

– Dificuldade em concluir lições na escola ou em casa

– Evita tarefas que exijam concentração e esforço mental

– Perde lições de casa, livros, roupas e acessórios



Sintomas de hiperatividade-impulsividade:

– Balança pernas e bate dedos ou mãos constantemente

– Corre e p**a quando não é o momento

– Dificuldade de brincar quietinha

– Extrema impaciência, não consegue aguardar sua vez

– Fala excessivamente

– Responde antes das perguntas serem concluídas

– Interrompe e invade conversas e atividades alheias

Mantenha em mente que nem toda criança com estes sintomas tem TDAH. Crianças diagnosticadas com TDAH demonstram estas questões tão frequentemente, que elas geram dificuldades graves em pelo menos dois ambientes, como casa e escola. Ainda, os problemas devem prosseguir por ao menos seis meses.

A idade importa

Também observe que, ao considerar o comportamento do seu filho, você deve compará-lo às crianças da mesma idade. Muitas vezes, dentro de uma sala de aula, você encontra diferentes idades que podem variar em meses ou até mesmo anos. Nesta fase, isso pode representar grandes diferenças comportamentais.

Um estudo2 concluiu que as crianças mais novas na sala de aula tendem a ser equivocadamente diagnosticadas com TDAH. A pesquisa da Universidade de Michigan3 descobriu que, entre crianças em idade pré-escolar, as mais novas tinham 60% a mais de chance de serem diagnosticadas com o transtorno do que seus colegas mais velhos.

Lembre-se: meninas são diferentes

Não poderíamos finalizar sem enfatizar que o transtorno se manifesta de formas diferentes nos meninos e nas meninas. Enquanto o estereótipo do TDAH é a criança que grita e não para quieta, as meninas podem ter sintomas mais leves. Muitas delas, inclusive, têm apenas o tipo desatento de TDAH – e acabam sendo categorizadas como “sonhadoras” ou “distantes”.

Mas, um dos grandes motivos pelos quais as meninas acabam sendo esquecidas nesta questão é porque tendem a se culpar por suas fraquezas, tentando esconder sua vergonha e dificuldade. Enquanto amadurecem, a consciência de que elas terão que lutar muito mais para conquistar as mesmas coisas que suas amigas pode ser muito prejudicial para a autoestima. Pais de meninas devem f**ar atentos a este fato.

Fontes:

1 WHAT’S ADHD (AND WHAT’S NOT) IN THE CLASSROOM. CHILD MIND INSTITUTE. Disponível em: https://childmind.org/article/whats-adhd-and-whats-not-in-the-classroom/ . Acesso em: 31 de outubro de 2018.

2 NEARLY 1 MILLION CHILDREN POTENTIALLY MISDIAGNOSED WITH ADHD. MICHIGAN STATE UNIVERSITY. Disponível em: https://msutoday.msu.edu/news/2010/nearly-1-million-children-potentially-misdiagnosed-with-adhd/ . Acesso em: 31 de outubro de 2018.

3 ELDER T. 2010. The Importance of Relative Standards in ADHD Diagnoses: Evidence Based on Exact Birth Dates. Journal of Health Economics. Volume 29, Issue 5, September 2010, Pages 641-656. doi: . Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0167629610000755 . Acesso em: 31 de outubro de 2018.

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