29/06/2023
(…)
Re-encontro essa foto. É uma foto da foto. F**a em um mural de fotos na roça.
Em destaque, meu avô paterno, vovô Sady, que por motivos de saúde foi gradativamente perdendo movimentos e habilidades. Quando criança, lembro com muito carinho e respeito de toda uma atmosfera que o envolvia. Envolvia por ele mesmo, mas também por quem o circulou. Uma das minhas principais impressões dele, além dessa atmosfera era o quanto era longilíneo e tinha os cabelos negros, na minha cabeça sempre penteados por aqueles pequenos pentes de bolso.
Hoje me questiono se ele era mesmo tão alto ou se crescia pela minha altura ou pela atmosfera em que o envolvia. Ele faleceu quando eu era criança, mas ainda tenho muito viva as imagens e misto de sentimentos.
Durante o velório, que foi na casa da minha avó, por onde andasse escutava as lembranças e memórias recontadas pelos amigos, familiares e talvez até nem tão amigos, mas que ainda assim, participavam desse momento de viva morte do meu avô.
O meu maior aperto naquele momento era olhar o meu pai e também os pais do meu avô. Como olhar para eles depois da morte?!
Parecia que sabia que para eles era outra morte, muita morte que estava acontecendo.
Como se pudéssemos encontrar uma gradação entre uma pequena e uma grande morte.
E hoje, pergunto se já percebo a morte dentro da roda, ritmando a dança da vida.