
15/08/2025
Aos 40 anos, abdiquei da minha vida profissional após 15 anos trabalhando com a pediatria para me dedicar integralmente à maternidade. Foi uma escolha consciente e, para muitos, até difícil de entender — mas, para mim, fez todo o sentido. Depois de anos atendendo crianças e famílias, percebi, na prática, que nenhuma presença substitui a dos pais.
Vivemos tempos em que as crianças estão sendo adultizadas, expostas precocemente e cuidadas por terceiros. Não é esse o modelo que escolho para minha família e tenho consciência de que não é a realidade para muitos. Acredito profundamente que o maior dever de educar é dos pais — e isso exige tempo, presença, limites e afeto.
As denúncias recentes feitas por um influenciador apenas reforçam essa realidade que, como profissional da área e mãe, sempre me preocupou: a infância está sendo violada em muitos espaços, inclusive dentro de contextos que deveriam protegê-la. Crianças sendo transformadas em produtos, em entretenimento, em alvo de interesses adultos — tudo isso com a falsa justificativa de que ‘é só internet’ ou ‘elas gostam’.
Não. A infância é um tempo sagrado. E como mães, pais e sociedade, precisamos nos responsabilizar. Porque quando os adultos falham, as consequências recaem sempre sobre os mais vulneráveis.