22/09/2021
"...Com a queda do muro de Berlim, em 1989, e o avanço do capitalismo frente ao socialismo, a promessa de Davos era ampliar o mercado de consumo, incluindo países do sul com governos de orientação liberal e implantação do livre comércio de crescente produção de mercadorias. A globalização era impulsionada pela revolução dos meios de comunicação e da informática, o que facilitava a circulação de informações e de bens. Reagan, nos Estados Unidos (1981–1989), e Thatcher, na Inglaterra (1979–1990), apresentaram-se, desde os anos 1980, como principais impulsionadores das políticas neoliberais para essa nova fase do capitalismo: a diminuição do papel do Estado, a privatização de seus bens, a abertura do mercado e a desregulamentação e redução dos gastos sociais, sob orientação, principalmente, do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial e da Organização Mundial de Comércio (OMC).
Diante das políticas desta nova fase do capitalismo e suas consequências sociais, setores da população se organizaram como uma frente de resistência e confronto. Em 30 de novembro de 1999, 50 mil manifestantes bloquearam as ruas de Seattle, nos Estados Unidos, por ocasião da reunião da OMC, para protestar contra suas políticas, provocando a suspensão do encontro. As mobilizações se espalharam quando das reuniões do FMI, do Banco Mundial, das cúpulas da União Europeia, do G-8, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), da OMC e do Fórum Econômico Mundial, em várias partes do mundo. Chamados, inicialmente, de altermundialistas (ou movimento antiglobalização), esses protestos tiveram como auge a reunião do G-8, na cidade de Gênova, em julho de 2001, quando cerca de 300 mil pessoas ocuparam as ruas, mesmo com forte repressão do governo Berlusconi, que resultou na morte do manifestante Carlo Giuliane.
O FSM nasceu na esteira dessas manifestações. Sem relegar espaço aos protestos, colocou maior acento nas denúncias e, principalmente, nas propostas. Nas palavras de um dos seus primeiros organizadores:
Tornara-se necessário intensificar a denúncia da perversidade dessa lógica quanto à justiça social, à superação da desigualdade e o respeito às diversidades, além de mostrar que havia outros caminhos para a humanidade e gente por toda parte experimentando e lutando por alternativas. Era preciso, por outro lado, fazer renascer a esperança, que definhava
(WHITAKER et al., 2019, p. 20)..." https://www.scielo.br/j/es/a/b7pVxtT9HFwX6z5CHZPLDqh/?lang=pt