Dra Mayara Lorena, Rua José Antônio Coelho, 801/Vila Mariana, São Paulo (2025)

10/05/2023

Sim, eu gosto de velhos ditados… e meu esposo adora rir da minha cara por isso 😅. Mas acho que esse ditado “cai” muito bem em várias coisas na medicina, principalmente na alergia.

Estamos perdendo a essência, a escuta e os detalhes de uma boa “anamnese” (termo médico utilizado). Vivemos uma vida mais tecnológica e queremos sempre o mais “prático”. Mais exames, mais respostas… O resultado da minha saúde na tela do computador. É possível? Qual o reflexo dessa “angústia tecnológica” em nossa prática médica?

O problema é que, quando exames são realizados sem indicação clínica, as repercussões podem ser desastrosas.

Vou citar 3 situações muito comuns na nossa prática (mais do que gostaríamos).

➡️Situação 1: Solicitação de exames de alergia antes da introdução alimentar. Esse é o caminho mais seguro? É mesmo necessário?

➡️Situação 2: Paciente com dermatite atópica - exames de alergia solicitados sem história clínica. Vários positivos, porém paciente come esses alimentos e não apresenta reações. E agora? Devo restringir?

➡️Situação 3: Paciente com exame positivo, porém muito baixinho ou com exames em queda. Posso liberar para comer em casa aos pouquinhos?

Todas essas situações envolvem riscos!

1. Vocês sabiam que o melhor período para introdução de novos alimentos na dieta da criança é até os 9-12 meses de idade? Ou seja, existe uma MENOR chance de alergia se um alimento for introduzido nesse período, que chamamos de janela imunológica. Exames devem ser realizados antes da introdução apenas em alguns casos específicos, de preferência após avaliação do alergista.

2. Pacientes com dermatite atópica podem ter vários exames positivos sem que isso signifique necessariamente uma alergia. Sempre lembrar que sensibilização (exame positivo) é diferente de alergia!

3. NÃO!!! Para pacientes com história de alergia alimentar IgE mediada, nunca devemos liberar o alimento para fazer em casa. Para confirmar ou afastar o diagnóstico precisamos realizar um teste de provocação oral (TPO) sob supervisão médica.

Atenção! Alergia é coisa séria!
Procure sempre um especialista.

Dra. Mayara Lorena de Souza
Alergia e Imunologia | Pediatria
CRM-SP: 204032 | RQE:80876 | 98889

08/05/2023

Ainda sobre a polêmica…

Será que existe teste de TRIAGEM para alergia? Eu posso simplesmente fazer um teste para descobrir todos os tipos de alergia que tenho?

Isso NÃO existe e entenda por que essa prática pode ser perigosa!

Nesta semana recebemos com muita cautela a notícia que as farmácias vão poder realizar te**es para alergia. Mas que teste? Qual a indicação? Quem vai solicitar o exame ou interpretar esse resultado? Entendam que exame sozinho não faz milagre!

"Meu exame deu positivo, porém bem baixinho. Isso significa que minha alergia é fraca?"

“Meu exame veio positivo, mas sempre comi o alimento, preciso restringir agora?”

“Acho que o leite está me fazendo mal, mas o exame deu negativo… e agora?”

Esses são apenas alguns exemplos de dúvidas que podem surgir… Por que o exame sozinho não consegue me dar essas respostas?

O diagnóstico de alergia depende de uma avaliação detalhada da história clínica. Ao analisar a história, vamos formular uma hipótese e então solicitar o exame mais adequado, pensando no possível mecanismo daquela alergia. Os te**es alérgicos não são todos iguais e sua indicação sempre vai depender da HISTÓRIA clínica, após uma avaliação médica.

Você sabia que a restrição indevida de um alimento consumido antes sem problemas pode levar a uma perda de tolerância? O que isso significa? Significa que, se depois você decidir voltar a comer aquele alimento, pode apresentar uma reação alérgica grave chamada ANAFILAXIA, que pode inclusive levar ao óbito.

Sim, estamos falando de um risco real… alergia não é brincadeira! Restrições desnecessárias, baseadas apenas em exames, podem trazer consequências nutricionais ou até promover transtornos alimentares.

Por isso, procure sempre um especialista.
Compartilhem essa informação!

Dra. Mayara Lorena de Souza
Pediatria | Alergia e Imunologia
CRM-SP: 204032 | RQE:80876 | 98889

05/12/2022

Entrevista que dei ao g1 sobre os cuidados que devemos ter na escolha dos umidificadores de ar.

Obs: esse é o Guia de Compras do g1 e não tenho nenhuma relação com as marcas apresentadas. Ao final falo sobre os cuidados no uso dos aparelhos, principalmente para os pacientes alérgicos.

“Todos podem se beneficiar do uso do umidificador quando a umidade do ar está abaixo de 40% (principalmente abaixo dos 30%)”, orienta Lorena.

“O ar seco dificulta a respiração e isso pode ser ainda pior nos pacientes com doenças respiratórias”, completa.

“Os pacientes alérgicos precisam ter um cuidado extra no uso desses aparelhos, pois eles podem umidificar demais o ambiente e isso favorece a proliferação de ácaros e fungos (mofo)”, alerta a alergista.

Matéria completa aqui: https://g1.globo.com/especiais/guia-de-compras/noticia/2022/12/05/umidificadores-de-ar-o-que-voce-precisa-saber-para-escolher-o-seu.ghtml

19/11/2022

“Médico nunca para de estudar.” Lembro que sempre escutava essa frase quando decidi fazer medicina. A verdade é que ninguém deveria parar de estudar, nunca, seja na sua área de trabalho ou além. A medicina é tão rica, tão difícil, tão complexa e dinâmica que o que aprendemos nos livros já está de certa forma obsoleto, mas vamos sempre em busca de mais.

Seguimos! ❤️

Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia

05/08/2022

Lembrete importante na primeira sexta após a volta às aulas! 😅

03/08/2022

Doutora, existe CURA para alergia?
Essa é uma pergunta que recebo com muita frequência.

Asma tem cura? Dermatite? E alergia alimentar???
Quanto tempo vou ter que conviver com essa alergia?

As alergias são doenças caracterizadas por uma resposta exagerada do organismo a substâncias comuns no meio.

🔸As principais alergias são:
- Alergias respiratórias, como asma e rinite alérgica;
- Dermatológicas: dermatite atópica, dermatite de contato, urticária, angioedema e alergia a picada de insetos;
- Alergias alimentares.

Para a maioria das alergias, não existe cura através de um tratamento específico. PORÉM.... essa cura pode ocorrer de forma espontânea em alguns casos ou a alergia pode entrar em remissão.

Quando isso não acontece, é importante avaliar e tratar adequadamente cada caso e assim manter as alergias controladas!

🤷‍♀️Mas como assim, "cura espontânea" ou remissão? Vou citar alguns exemplos.

➡️ Alguns pacientes apresentam episódios de cansaço/chiado no peito apenas na infância e depois da adolescência ou idade adulta essas alergias entram em remissão. Isso também acontece com a maioria dos pacientes com dermatite atópica.

➡️ Em relação às alergias alimentares: alergias a alimentos como leite, ovo, soja e trigo são comuns na infância e costumam ser efêmeras, evoluindo para cura espontânea após alguns anos. Cada uma tem sua história natural e a idade para adquirir tolerância vai variar de uma criança para outra, mas elas não costumam persistir até a idade adulta. Já as alergias a alimentos como frutos do mar, peixes, amendoim e castanhas podem surgir em qualquer momento da vida e são tipicamente persistentes por toda a vida.

Em caso de suspeita de alergia, é sempre importante procurar uma avaliação médica para orientações e tratamento.

Alergia é coisa séria!🔺

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Dra. Mayara Lorena de Souza
Pediatria | Alergia e Imunologia Pediátrica
CRM-SP: 204032 | RQE: 80876 | 98889

22/06/2022

Será que quem é alérgico pode ter animal em casa?

Sim! É possível. Vamos entender:
Cerca de 90% dos pacientes com alergias respiratórias vão apresentar alergia ao acaro da poeira domiciliar, mas de 10-15% dos pacientes com asma e rinite podem apresentar alergia a animais.

E agora? Então é melhor não ter animal de estimação? 😩 Calma!

Avaliar os te**es alérgicos e a história clínica é fundamental. Vou citar 3 situações diferentes:

1️⃣ O paciente tem sintomas ao contato com o animal, mas os te**es alérgicos para esse animal são negativos e existe uma sensibilização importante a ácaros. Por que isso acontece? Os alérgenos da poeira domiciliar também podem estar presentes na pelagem de gatos e cachorros. Nesse caso, dar banhos frequentes no animal e aspirar bem a casa são coisas que podem ajudar bastante.

2️⃣ A pessoa pode ser sensibilizada ao animal (teste positivo) e observar piora ao contato. E nesse caso, o que fazer? As medidas de controle ambiental da rinite são muito importantes, assim como manter o tratamento com as medicações indicadas. Em casos mais importantes, pode ser indicada a imunoterapia ("vacinas" para alergia).

3️⃣ É possível ter os exames positivos e não ter sintomas após o contato com o animal? Sim! O Fel d 1 (um dos alérgenos do gato), por exemplo, foi encontrado inclusive em escolas e lares onde não existem gatos. Além disso, convém lembrar que os alérgenos são bastante estáveis e podem persistir no ambiente por até 6 meses. A pessoa pode então ser sensibilizada, mas nem sempre isso vai resultar em sintomas importantes após o contato com o animal.

👉Outro fato interessante: alguns trabalhos mostram que o momento em que ocorre a exposição aos alérgenos desses animais pode fazer diferença. A exposição ao gato/cão durante o primeiro ano de vida, aliada a outros fatores genéticos e ambientais, pode levar a uma diminuição do risco de desenvolver rinite ou mesmo asma alérgica. Se a exposição ocorrer após o primeiro ano de idade, o risco parece ser maior.

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Dra. Mayara Lorena de Souza
Pediatria | Alergia e Imunologia Pediátrica
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16/06/2022

E se meu bebê tiver anticorpos baixos? Isso é para sempre?

Depende! Antes de tudo, é super importante falar que, se seu bebê apresentar anticorpos baixos, é importante que ele seja avaliado por um imunologista.

➡️ Vamos entender alguns pontos:
- Por que esses exames foram solicitados?
- Qual o histórico de infecções do paciente? Virais? Infecções bacterianas ou infecções graves com necessidade de internação?
- Como está o crescimento e desenvolvimento?
- Alguma alteração específica no exame físico?
- Existe história familiar de imunodeficiência?

Esses são apenas alguns pontos que avaliamos. Existe uma condição em que os anticorpos são baixos nos bebês, mas se recuperam de forma espontânea. Que condição é essa?

➡️ Vamos entender:
Até os 3-6 meses de idade, o bebê apresenta predominantemente anticorpos maternos, ocorrendo uma queda fisiológica desses anticorpos após esse período. Na hipogamaglobulinemia transitória da infância, essa queda é acentuada e prolongada, levando a baixos níveis de anticorpos nos bebês.

Ela é mais frequente nos meninos e em prematuros, podendo ser encontrada até os 2 anos. A normalização dos níveis de anticorpos pode ocorrer entre 18-36 meses, sendo o diagnóstico realizado apenas de maneira retrospectiva.

➡️ Preciso me preocupar? É grave?
Esse quadro nem sempre vai levar ao aparecimento de infecções graves. Muitos bebês podem inclusive ser assintomáticos. No entanto, é super importante manter um acompanhamento adequado e vigiar quadros de infecção. Outros tratamentos podem ser indicados de acordo com a necessidade e avaliação do imunologista.

👉 Você já tinha ouvido falar na Hipogamaglobulinemia Transitória da Infância?
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Dra. Mayara Lorena de Souza
Pediatria | Alergia e Imunologia Pediátrica
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10/06/2022

Meu filho ficou internado! Isso é um sinal de alerta?

Depende! Devemos suspeitar de algum problema na imunidade sempre que ocorrem infecções graves ou difíceis de tratar, ou quando existem infecções muito frequentes e/ou por agentes infecciosos que não são comuns. Por isso, é super importante tentar isolar o agente causador da infecção, sempre que possível.

Mas antes de pensar em imunodeficiência, precisamos lembrar: as crianças nascem com um sistema imunológico ainda imaturo e por isso são mais susceptíveis a infecções nos primeiros anos de vida. Elas possuem um número elevado de infecções respiratórias VIRAIS, podendo apresentar cerca de 6-8 episódios por ano.

Fatores como presença de alergias (asma e rinite), doenças crônicas e aumento de exposição (frequentar escola e creche) podem contribuir para isso.

👉Percebam, no entanto, que aqui eu destaco "virais" de propósito. Precisamos estar atentos aos quadros de infecções bacterianas de repetição.

⚠️ Quando eu devo me preocupar?
Vou citar aqui alguns sinais de alerta para crianças relacionados ao trato respiratório:
• Duas ou mais pneumonias no ano;
• Pneumonias graves, com abscessos ou sepse associada;
• Quatro ou mais otites no último ano;
• Asma grave.

⚠️ É importante falar que, antes de considerar pneumonias de repetição, precisamos entender se o quadro foi de pneumonia mesmo, se eram episódios de sibilância (chiado no peito) ou até mesmo infecções virais. Uma avaliação médica detalhada, incluindo a análise das imagens prévias de RX vai ajudar a diferenciar.

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Dra. Mayara Lorena de Souza
Pediatria | Alergia e Imunologia Pediátrica
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07/06/2022

Muita atenção! 🚨 Não crescer ou não ganhar peso pode ser um sinal de alerta!

Na pediatria, o exame físico sempre deve ser completo e cuidadoso! Pacientes com alterações da imunidade podem apresentar comprometimento do desenvolvimento pondero-estatural, ou seja, podem não crescer ou não se desenvolver adequadamente.

Isso pode ser consequência de infecções recorrentes ou crônicas e em, alguns casos, sugerir doenças específicas.

➡️ Alguns outros sinais podem estar presentes no exame físico e devem chamar atenção. Alguns exemplos:

- Gânglios palpáveis ou aumento de órgãos como fígado e baço (hepatoesplenomegalia);
- Tonsilas palatinas (amígdalas) hipodesenvolvidas ou ausentes;
- Eczema grave (principalmente se for de início precoce);
- Dismorfismos faciais, como baixa implantação de orelhas, micrognatia (queixo muito pequeno), hipertelorismo (afastamento exagerado entre as órbita), entre outros.
- Alterações na coloração dos cabelos (ex.: cabelos prateados).

Essas são apenas algumas das alterações que podemos observar no exame físico. Antes de tudo, o médico deve colher uma boa história clínica e direcionar a suspeita para uma investigação adequada.

👉 Vale ressaltar: a ausência de alterações no exame físico não descarta a presença de uma imunodeficiência primária.

Mantenha sempre um acompanhamento médico regular.

Dra. Mayara Lorena de Souza
Pediatria | Alergia e Imunologia Pediátrica
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02/06/2022

Você já ouviu falar em IMUNOTERAPIA?

O que são as vacinas para alergia?
"Vacinas para alergia" é um termo que usamos para falar da imunoterapia específica contra alérgenos. Na imunoterapia, ensinamos o nosso sistema imunológico a agir de forma diferente após o contato com um alérgeno.

➡️ Tem efeito a longo prazo?
As vacinas de alergia agem diminuindo as células inflamatórias e regulam a produção de anticorpos, diminuindo os anticorpos da classe IgE (responsáveis pelas alergias) e aumentando os anticorpos IgG4 (relacionados à tolerância), entre outras ações. Os efeitos ocorrem aos poucos conforme as vacinas vão sendo aplicadas, observando-se uma redução gradual dos sintomas.

➡️ Para quem indicamos a imunoterapia?
Indicamos a imunoterapia para alérgenos, principalmente nesses casos:
- Alergia respiratória (asma e rinite alérgica)
- Alergia ocular (conjuntivite alérgica)
- Dermatite Atópica
- Alergia a picadas de insetos, especialmente abelhas, marimbondos, vespas e formigas

➡️ Como funciona?
A imunoterapia para aeroalérgenos é realizada através de injeções (subcutânea) ou via oral (sublingual). Já a imunoterapia para alergia a picada de insetos é realizada apenas de forma subcutânea. O tratamento tem duração média de 3-5 anos e apresenta uma ótima resposta após o término das aplicações.

A imunoterapia oral para alimentos pode ser indicada em alguns casos de alergia alimentar grave e é realizada de forma diferente. Podemos falar sobre isso em um outro post.

Você já tinha ouvido falar sobre essas vacinas para alergia?

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Fonte: Asbai

Dra. Mayara Lorena de Souza
Pediatria | Alergia e Imunologia
CRM-SP: 204032 | RQE: 80876

26/05/2022

Pais: Atenção ao item 2! Médicos: atenção a todos os itens, mas não esqueçam do item 5!

Possíveis diagnósticos diferenciais da ASMA:

1. 😪Infecção respiratória viral recorrente: se seu filho frequenta escola ou creche e está sempre tossindo, é provável que a tosse seja decorrente do contato frequente com novos vírus, e não necessariamente por um quadro de asma. Quando pensar? Quadros de tosse e congestão nasal por

Dra Mayara Lorena

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