
09/04/2025
O inconsciente não se revela de forma linear.
Ele se insinua nos lapsos, nos sonhos, nos atos falhos e na repetição incansável de padrões que insistimos em chamar de acaso.
Sua trama se constrói nos espaços vazios da fala, no que escapa à consciência e, principalmente, no que se repete sem que compreendamos o porquê.
Não escolhemos o que o inconsciente registra, mas ele nos habita.
Ecoa em nossa história como um texto interrompido, sempre retornando ao ponto em que foi silenciado.
Os desejos reprimidos, as marcas deixadas pelo outro, os afetos que tentamos nomear sem sucesso — tudo se entrelaça em uma tapeçaria subjetiva que carregamos, mesmo sem vê-la com clareza.
A análise é esse espaço onde começamos a desfiar essa trama.
O que antes parecia um emaranhado de vivências sem sentido começa a ganhar contornos.
Na repetição de certas palavras, nos silêncios que surgem sem explicação, no desconforto de tocar em certas memórias, o inconsciente se manifesta.
O sintoma fala antes de nós — e é nele que se escondem as verdades que evitamos encarar.
Ao longo desse processo, percebemos que não somos apenas vítimas de uma história escrita antes de nós, mas também autores de novas narrativas.
O que parecia destino pode, pouco a pouco, ser transformado em escolha.
E, ao escutarmos o que o inconsciente tem a dizer, descobrimos que há sempre um fio possível de ser puxado, uma trama a ser ressignificada, um novo sentido esperando para ser tecido.
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Psi Beatriz Godas
CRP 06/165097