08/05/2025
“O que seria do humano se não fossem os que se arriscam a testemunhar, sendo que a maioria, como sabemos, prefere esquecer? Pode-se esperar dos psicanalistas menor pendor ao esquecimento do que dos demais humanos?”
Essas duas questões figuram no artigo escrito por – Quem escreve a psicanálise? Em seu turno, no artigo Sonhos de Passe, escrito por , temos uma interessante diferenciação entre dois destinos possíveis para um fim de análise:
“[...] este pode se dar de modo mais discreto, silencioso. Pode se tratar de um final clínico, em que o analisante, em um ato, decide que ali é o seu término, sem que haja necessariamente desejo de dirigir sua experiência à Escola. Porém, há aquelas análises que se encerram em que o analisante se inscreve no dispositivo de passe, proposto por Lacan.”
Ambas as colocações, de Ana Laura e Niraldo, expõem algo da especificidade do trabalho do analista — mas, aparentemente, algo que não precisa, necessariamente, atravessar todas as análises. Trata-se, como é do estilo de Ana Laura, de uma importante provocação dirigida aos psicanalistas e ao que eles fazem com aquilo que advém de suas análises. Soma-se a tal interroga, como salienta Niraldo, a advertência de que a presença da psicanálise não está dissociada de uma forçagem, inaugurada por Freud, “remando contra a repressão do desejo pela civilização.”
O que significa dirigir sua experiência à Escola? O que resta da autoria ao fim de uma análise, quando endereçamos nossa transferência a um trabalho orientado para a sustentação de uma Escola?
Para responder a essas perguntas — ou, ao menos, para estabelecer bases mínimas para uma boa conversa —, faz-se necessário não só retornar às proposições de Lacan sobre os rumos de uma de suas mais importantes e controversas criações, mas também pensar na relevância e no lugar que as Escolas de psicanálise ocupam no cenário brasileiro contemporâneo.
Esse é o convite que fazemos, somado à celebração dos lançamentos do 4º volume do livro de Ana Laura sobre a feminilidade na experiência psicanalítica e de nossa coletânea sobre a formação do psicanalista, na qual estão contidos ambos os artigos aqui citados.