
13/09/2025
Algumas pessoas carregam um rótulo difícil: "antipáticas". Não gostam de falar muito, não sorriem facilmente, evitam certos convívios. Às vezes, elas mesmas se reconhecem assim e até se protegem com frases como: "sou direta", "não tenho paciência" ou "não faço tipo". Mas por trás dessa "casca dura", pode existir um mundo emocional bastante delicado, que, na verdade, usa a antipatia como um possível escudo: uma forma de evitar rejeições, de se proteger de frustrações antigas, de manter uma certa distância segura quando o afeto pode parecer ameaçador demais. É importante lembrar: ninguém nasce antipático. Muitas vezes, o comportamento "áspero" ou fechado foi aprendido ao longo da vida, como uma forma de sobreviver em ambientes onde o afeto não era acolhido — ou era perigoso. Reagir com frieza pode ter sido o jeito mais inteligente que alguém encontrou para se preservar. Na terapia, esse tipo de postura pode ser olhada com cuidado e sem julgamentos. O que está por trás da reatividade? Que memórias formaram esse jeito de estar no mundo? Aos poucos, o que antes se manifestava como "antipatia" pode ganhar outros nomes: medo, decepção, tristeza, exaustão, frustração, insegurança. A psicoterapia convida a pessoa a escutar sua própria história e entender que há sentido no que ela sente. Quando começamos a reconhecer nossas defesas, abrimos espaço para transformar como nos relacionamos com os outros - e, principalmente, conosco. Ser "antipático" pode ser apenas um jeito de dizer: "me respeite, me entende, me acolhe" - cuidados que todo ser humano, não importa como seja rotulado, pode e deve merecer.