31/03/2025
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ENTRE O RIO E AS GERAIS - parte 4
Aí veio o porquinho, lindo e gordinho. As crianças se encantaram e logo o adotaram como animal de estimação. Marilinha, animada, chegou a pegá-lo no colo e brincar de boneca. Enquanto isso, Dona Maria, alheia a tudo, preparava a comida dos porcos, hoje era dia de abóbora com inhame.
Era uma cena adorável: a meninada, toda tarde, corria para o chiqueiro para brincar com o porquinho, que mais parecia um cachorrinho de tão dócil.
Mas o tempo passou, e o porquinho cresceu. E com isso, chegou a temida hora de seu destino ser selado.
Seu Lolo, preocupado, conversava com Dona Maria:
— Não tenho coragem de matar esse porco… as meninas vão sentir falta…
— Ah, Lolo, deixa de lenga-lenga e mata logo esse porco! Tá gordo, e o tonel já tá quase vazio!
Mas o coração mole de Seu Lolo falou mais alto, e, em vez de abatê-lo, ele decidiu vendê-lo para Seu Tikekeve. As crianças choraram, fizeram birra, mas, com o tempo, a saudade foi se tornando apenas uma lembrança.
Até que, um dia, Seu Lolo levou as crianças ao bar de Seu Tikekeve. Assim que chegaram, as molecas correram para o quintal, onde um enorme pé de jabuticaba as esperava. Mas foi só passarem perto do chiqueiro que o inesperado aconteceu:
O porquinho as reconheceu! Subiu as patinhas na cerca, choramingou, grunhiu, chamou… E então, num instante, as meninas o reconheceram também! O choro virou grito, e o grito virou soluço.
No final, ninguém sabia quem chorava mais: o porquinho ou as crianças.
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