Entrelacer

Entrelacer Pesquisa em psicanálise e infância. Espaço de transmissão e formação sobre o desenvolvimento psíquico da criança e seus impasses.

Todo psicanalista que trabalha com crianças já ouviu essa pergunta. O “só” presente na questão nos permite pensar que há...
19/09/2025

Todo psicanalista que trabalha com crianças já ouviu essa pergunta. O “só” presente na questão nos permite pensar que há uma noção do brincar apenas como um recurso de atrair ou entreter a criança. No entanto, na psicanálise infantil, o brincar ocupa um lugar central e estruturante. É por meio da brincadeira que a criança expressa suas fantasias inconscientes, angústias, defesas e conflitos, elaborando suas vivências.
Melanie Klein afirmava que o brincar, na análise da criança, equivale à associação livre no adulto.
Winnicott nos mostra que o brincar só é possível em um ambiente suficientemente bom, no espaço potencial entre realidade interna e externa, em que o analista funciona como um objeto confiável. Por isso, o lugar do analista no brincar não se reduz à observação do que é posto pela criança, ele faz parte da cena de elaboração, na qual a criança pode experimentar diferentes papéis que se alternam em relação com o outro.

Sabemos, como psicanalistas, que é na Primeira Infância que se constroem as bases da psique humana, o alicerce da nossa ...
12/09/2025

Sabemos, como psicanalistas, que é na Primeira Infância que se constroem as bases da psique humana, o alicerce da nossa personalidade.

Muitos psicanalistas se dedicaram à escuta de bebês e crianças, reconhecendo e legitimando os sofrimentos que podem acometê-los nessa fase da vida. Esses sofrimentos não são apenas de ordem biológica, mas também podem estar relacionados a fatores psíquicos e ambientais.

Nessa etapa, os cuidados oferecidos pelo ambiente familiar são cruciais e marcam as possibilidades de desenvolvimento. Entendemos que cada bebê nasce com seu “potencial herdado”, como nos dizia Winnicott, ou com suas “competências”, conhecidas hoje como capacidades inatas do bebê de se comunicar com o mundo.

Mas, como “um bebê não existe sozinho”, o ambiente familiar tem um papel fundamental no processo de desenvolvimento, ao mesmo tempo em que acontece a construção da parentalidade. Em outras palavras, pais e filhos se constroem mutuamente dentro de uma relação de trocas afetivas, sociais e culturais.

Pensar na Primeira Infância nos convoca a uma dimensão transdisciplinar, em que saúde, educação e assistência social devem ser articuladas a fim de promover ações integradas e políticas públicas não apenas para os pequenos, mas também para as famílias e instituições de cuidado, como creches, hospitais, abrigos, escolas de educação infantil e organizações da sociedade civil.

Em 2023 foi instituída em nosso país a Lei nº 14.617, que determina o mês de agosto como o Mês da Primeira Infância. Essa importante iniciativa do poder público visa à “promoção de ações de conscientização sobre a importância da atenção integral às gestantes e às crianças de até 6 (seis) anos de idade e às suas famílias, em todo o território nacional” (Art. 1º).

Embora apenas um mês receba a nomenclatura oficial, sabemos que cuidar dessa fase da vida é uma tarefa que deve ser feita o tempo todo — e por todos nós!

Winnicott já nos dizia sobre a importância do papel do rosto materno no processo constitutivo da criança. Sabemos que é ...
05/09/2025

Winnicott já nos dizia sobre a importância do papel do rosto materno no processo constitutivo da criança. Sabemos que é no processo do encontro satisfatório do bebê com o objeto materno que ele não apenas se reconhece no rosto materno, mas, sobretudo, reconhece a vivência da qualidade do encontro compartilhado com esse adulto de referência.

Psicanalistas contemporâneos como Roussillon enfatizam que é fundamental que o bebê encontre “um duplo”, ou seja, um sujeito-outro que exerça a função de um “semelhante” mas que não seja “idêntico” a ele. “Semelhante” para que o bebê possa reconhecer-se nesse outro, mas suficientemente diferente para que essa assimetria viabilize a construção de um espaço psíquico entre a dupla mãe-bebê. Caso contrário, a criança f**a colada às projeções e necessidades desse adulto numa relação marcada pela indiferenciação das posições transgeracionais e, consequentemente, do sexual, no sentido psicanalítico.

Podemos assim pensar que a adultização da criança coloca em evidência algo dessa falha desse encontro? Quando esse adulto de referência, que esta exercendo a função materna, não reconhece que há lugares diferentes entre ele e seu filho, esse último passa a existir apenas como objeto depositário de suas projeções narcísicas e a criança f**a assim, alienada de sua condição de sujeito. A posteriori seu conflito não será mais em equacionar os impasses do princípio da realidade e do prazer, mas de equacionar se ele existe ou não como sujeito. A marca desse desamparo arcaico, dessa ausência de lugar, permanece como uma sombra que refletirá em suas escolhas relacionais limitando sua condição de sujeito desejante.

A psicanálise nos lembra que a infância é um tempo precioso, que não pode ser abreviado sem consequências para o desenvo...
01/09/2025

A psicanálise nos lembra que a infância é um tempo precioso, que não pode ser abreviado sem consequências para o desenvolvimento emocional da criança. A adultização precoce – seja pelas exigências da família, da escola ou da própria cultura – deixa marcas profundas, pois impede que a criança viva plenamente experiências fundamentais para a construção de sua subjetividade.
Winnicott nos ensina que a criança precisa de tempo e espaço para brincar, imaginar e explorar o mundo de forma livre, sem a pressão de corresponder a expectativas adultas. Quando a infância é apressada, e a criança é colocada cedo demais no lugar da responsabilidade ou da seriedade, ela perde algo essencial: a possibilidade de viver a fantasia, a ilusão e o jogo criativo que sustentam um desenvolvimento saudável e um modo de ser mais verdadeiro no mundo.

Texto por .metzner.37

Na última semana, a Austrália tornou-se o primeiro país do mundo a criar uma lei que regulamenta o uso de redes sociais ...
23/08/2025

Na última semana, a Austrália tornou-se o primeiro país do mundo a criar uma lei que regulamenta o uso de redes sociais por crianças e adolescentes, a lei proíbe o acesso de menores de 16 anos às redes e impõe que as plataformas impeçam o acesso de menores, sob pena de multas. A notícia saiu na mesma semana em que, no Brasil, o youtuber Felca fez uma denúncia de casos de exposição e adultização de crianças nas redes sociais.

Tais eventos reacenderam o debate entre psicólogos, educadores, médicos, jornalistas e mães e pais sobre a relação das crianças e adolescentes com as redes sociais, os riscos que correm, quais ferramentas existem hoje para o controle parental, como conversar com as crianças e adolescentes sobre os riscos que a internet oferece e como podem se proteger.

No Brasil, temos o exemplo da lei que proibiu o celular nas escolas que nos mostrou como ações coletivas, neste caso em forma de lei, podem ser mais efetivas do que a batalha que pais e mães estão travando, diariamente em suas casas, com as grandes plataformas. Como disse Anika Wells, representante do governo australiano no lançamento da lei, é fundamental priorizar os pais frente às plataformas, as famílias estão fazendo seu melhor no que diz respeito ao uso da internet, mas é como ensinar seus filhos e filhas a nadar em mar aberto e, como não podemos controlar o oceano, que possamos, ao menos, intimidar os tubarões.

Amanhã (25/7) a psicóloga e psicanalista Camila Saboia, fundadora do Entrelacer, ministrará uma aula-online pelo Núcleo ...
24/07/2025

Amanhã (25/7) a psicóloga e psicanalista Camila Saboia, fundadora do Entrelacer, ministrará uma aula-online pelo Núcleo Interdisciplinar de Intervenção Precoce (NIIP) com o tema “O Brincar Sensorial do Bebê”. As inscrições ainda estão abertas. Mais informações: .espacobebebrincante ou pelo Wahtsapp: (71) 99925-4097.

Na próxima quarta-feira, a fundadora do Entrelacer Camila Saboia estará em São Luís do Maranhão para o lançamento de seu...
21/07/2025

Na próxima quarta-feira, a fundadora do Entrelacer Camila Saboia estará em São Luís do Maranhão para o lançamento de seu livro “O brincar como sinalizador de sofrimento psíquico - Construção da relação objetal da criança autista e suas implicações no trabalho de intervenção precoce” junto ao .

O bate-papo será mediado pelo escritor e psicanalista William Amorim, Diretor do Corpo Freudiano Escola de Psicanálise Seção São Luís e Fundador e Presidente do CIAMM Clínica da Infância e Adolescência Maud Manonn.

O evento faz parte da iniciativa Biblioteca Viva e é aberto a todos.

🎯 Data: dia 23/07, quarta-feira, às 19h.

📍Local: Jardim do CIAMM - Clínica da Infância e Adolescência Maud Manonni (Rua dos Ipês, 02 - quadra c - Jardim Renascença).

Nesta quinta-feira (03/07), a fundadora do Entrelacer Camila Saboia participará de um debate no grupo de estudos Projeto...
02/07/2025

Nesta quinta-feira (03/07), a fundadora do Entrelacer Camila Saboia participará de um debate no grupo de estudos Projeto Ninho do bebê. No encontro, será realizada uma discussão sobre os capítulo 9 e 10 do livro de sua autoria: “O brincar como sinalizador de sofrimento psíquico”.

Na última quarta-feira, encerramos o curso “O Corpo e o Psiquismo na Clínica da Infância - Módulo II” com a Aula 8, a “D...
27/06/2025

Na última quarta-feira, encerramos o curso “O Corpo e o Psiquismo na Clínica da Infância - Módulo II” com a Aula 8, a “Discussão de um caso clínico pela perspectiva da construção do eu corporal”, apresentado por Camila Saboia. Agradecemos aos nossos professores convidados (Bernard Golse, Pascale Ambroise e Cristina Oliveira) e a participação de todos alunos que enriqueceram as discussões desenvolvidas nos oito encontros. Em breve divulgaremos as atividades do Entrelacer para o segundo semestre. Acompanhe nosso site e o nosso Instagram.

Últimos dia para se inscrever no seminário "Discussão de um caso clínico pela perspectiva da construção do eu corporal” ...
22/06/2025

Últimos dia para se inscrever no seminário "Discussão de um caso clínico pela perspectiva da construção do eu corporal” com a psicóloga e psicanalista Camila Saboia.

O evento, que acontece no dia 25 de junho, faz parte do curso "O corpo e o psiquismo na Clínica da Infância - Módulo II". As inscrições para o curso completo já estão encerradas, mas ainda é possível se inscrever para os seminários individuais. Não perca a oportunidade! Inscreva-se em nosso site (link no perfil)!

A psicanalista e fundadora do Entrelacer Camila Saboia participará da Feira do Livro de São Paulo de 2025, autografando ...
20/06/2025

A psicanalista e fundadora do Entrelacer Camila Saboia participará da Feira do Livro de São Paulo de 2025, autografando seu livro “ O Brincar como sinalizador de Sofrimento Psíquico”, publicado pela editora Blucher. Neste livro, a autora aborda questões importantes sobre o trabalho da intervenção precoce, articulando com temáticas importantes como o conceito da intersubjetividade, diálogos entre a psicanálise e a neurociências e o entrelaçamento da prática clínica com a pesquisa.
Aguardamos vocês!

Na noite de ontem, recebemos a terapeuta ocupacional Maria Cristina Oliveira (Tina) para o sétimo encontro do curso ”O c...
12/06/2025

Na noite de ontem, recebemos a terapeuta ocupacional Maria Cristina Oliveira (Tina) para o sétimo encontro do curso ”O corpo e o psiquismo na Clínica da Infância – Módulo II“. A aula teve como tema “Aspectos da Integração Sensorial na infância e seu impacto no comportamento e aprendizagem (abordagem do método Ayres)”.

O nosso curso está acabando, mas ainda é possível se inscrever na última aulas avulsa que acontecem em 25/06. Saiba mais em nosso site (link no perfil)!

Endereço

Avenida Rouxinol, 84
São Paulo, SP
04516000

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