
19/09/2025
Todo psicanalista que trabalha com crianças já ouviu essa pergunta. O “só” presente na questão nos permite pensar que há uma noção do brincar apenas como um recurso de atrair ou entreter a criança. No entanto, na psicanálise infantil, o brincar ocupa um lugar central e estruturante. É por meio da brincadeira que a criança expressa suas fantasias inconscientes, angústias, defesas e conflitos, elaborando suas vivências.
Melanie Klein afirmava que o brincar, na análise da criança, equivale à associação livre no adulto.
Winnicott nos mostra que o brincar só é possível em um ambiente suficientemente bom, no espaço potencial entre realidade interna e externa, em que o analista funciona como um objeto confiável. Por isso, o lugar do analista no brincar não se reduz à observação do que é posto pela criança, ele faz parte da cena de elaboração, na qual a criança pode experimentar diferentes papéis que se alternam em relação com o outro.