Psi Juliana Correia

Psi Juliana Correia Psicóloga clínica. Atendimento adulto. Trabalho com vínculos (Teoria do Apego) e luto.

Não há como existir um guia de conquista, de manutenção de relacionamentos, de sucesso amoroso.Todo guia vai servir apen...
29/11/2022

Não há como existir um guia de conquista, de manutenção de relacionamentos, de sucesso amoroso.
Todo guia vai servir apenas para fazer você acreditar que há uma receita e que basta segui-la para resolver os seus problemas - e, claro, para se sentir inadequado por não estar seguindo o guia antes ou ainda mais inadequado caso siga o guia e não alcance o objetivo.

Você não sabe o que te faz se sentir atraído por alguém. Você não sabe o que te faz amar alguém. Pode enumerar três ou quatro características que você considere inegociáveis no amor e pode lembrar de amores que sentiu e não correspondiam a esse paradigma racional.

A gente ama com nossa memória implícita, aquela da ordem do que não é acessível a nossa memória consciente, as sensações conhecidas, independente de qualquer avaliação qualitativa. Mudar nossos padrões de escolhas amorosas exige um caminhar de autoconhecimento emocional, de ressignif**ação de sensações, de sentir, não de pensar.

Além disso, manuais também endossam a despersonalização. O amor condicional - se é digno de ser amado caso se cumpra alguns requisitos.

No processo de psicoterapia, visitamos nossas crenças sobre nós mesmos, sobre nosso valor, competência e amabilidade. Visitamos as histórias que construíram essas crenças. Fomos amados? Valorizados? Admirados? Ou nossa história é de sermos criticados, convocados a nos adequar? Suprimos as expectativas?

O manual parece bobo para quem, nas relações iniciais, construíu um bom senso de valor e a certeza de ser amável e amado. E é um prato cheio para as inquietações de quem tem perfil inseguro e está sempre acreditando que o merecimento de amor está associado a algo que se faz e não a algo que se é.
O guia, em resumo, despersonaliza e massif**a.

Por fim, mas não menos importante, um recorte de gênero: qual o gênero que culturalmente é ensinado a fazer coisas e se enquadrar em padrões para ser escolhido amorosamente? Qual gênero costuma sentir que o sucesso e a felicidade estão atrelados a estar em um relacionamento amoroso? Que gênero, tal qual a escreve, está na prateleira do amor e ávido por seus manuais?

(Continua nos comentários)

Você abre o armário e escolhe uma roupa pra ir trabalhar. Vai na cozinha e escolhe o que comer. Pode até escolher não co...
17/11/2022

Você abre o armário e escolhe uma roupa pra ir trabalhar. Vai na cozinha e escolhe o que comer. Pode até escolher não comer. Sai de casa e escolhe que meio de transporte vai pegar. Escolhe usar ou não o waze. Escolhe se e como vai se comportar na reunião. Pode até escolher f**ar em silêncio ou não comparecer. Pode escolher não escolher ao delegar sua escolha pra outra pessoa.

Passamos o dia nos equilibrando entre escolhas e suas consequências. Muitas escolhas fazemos sem nem nos darmos conta de estar escolhendo. Alguém que está em um relacionamento amoroso ja escolheu continuar esse relacionamento muitas vezes nos últimos 365 dias. Alguém que tem filhos também fez muitas escolhas nessa relação no mesmo tempo. E no trabalho. Etc.

Escolhe, escolhe, escolhe!

“Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.”
Cecília Meireles

O poema de Cecília fala da dificuldade das escolhas: assumir o risco. Olhamos muito para o que ganharemos mas invariavelmente perderemos algo. Se brinco, perco o estudo. Se estudo, perco a brincadeira. Ao escolher aceito a condição de não poder tudo. Abro mão. Lido com as consequências.

Algumas pessoas se paralisam tentando não escolher para “não escolher errado mas veja só, não escolher já é uma escolha. No fim é impossível viver sem escolher.

Então te pergunto: como vc lida com suas escolhas, riscos, ganhos, perdas? Vc sabe o que te motiva? O que te amedronta? Vc f**a consciente dos seus momentos de escolha?

Ou isto ou aquilo. E escolhemos de novo.

Na minha família nunca tínhamos tido cachorro. Até que seis anos atrás, com a expectativa de que me ajudasse na adaptaçã...
12/11/2022

Na minha família nunca tínhamos tido cachorro. Até que seis anos atrás, com a expectativa de que me ajudasse na adaptação em São Paulo e ajudasse meu irmão a aumentar sua responsabilidade, Jeff chegou.
Foi uma experiência bem difícil pra toda família. Cachorros dão bastante trabalho. Filhotes precisam passear, acordam em horários aleatórios, roem e destroem coisas e não sabem usar o tapete higiênico. Enquanto descobríamos tudo isso, minha mãe descobriu que cachorro não era o rolê dela, eu fui assumindo os cuidados com Jeff e uma hora tudo se ajeitou.

Seis anos depois apareceu o rapaz da foto, o Pierre, para adoção. Tínhamos acabado de nos mudar prum ap maior e convenci meu marido a pegarmos ele.

Quando batemos o martelo que iríamos adotar a primeira coisa que eu pensei foi: eba, que massa! A segunda foi: minha mãe vai me matar.

Atenção: eu não moro com minha mãe, ela não ia ser responsável nem logisticamente nem financeiramente pelo P**i mas ainda assim me veio a conhecida sensação de não estar fazendo o que ela gostaria que eu fizesse.

Primeiro precisei identif**ar isso. Como até hj, com 34 anos, é difícil pensar em desapontar minha mãe. Como ainda é difícil guiar minhas escolhas por mim e não por ela. Ao entender tudo isso que eu sentia pude olhar pro outro lado: eu amo cachorro. Eu quero ter cachorro. Eu administro o trabalho que cachorros dão. Entendi minha dor e me comprometi comigo mesma, de que as minhas escolhas seriam feitas sobre o que fazia sentido PARA MIM. O meu valor maior é que a minha vida seja boa pra mim.

Ensaiei mentalmente como ia ser contar pra minha mãe, ciente de que eu estava preocupada com o que ela ia pensar sobre mim e não sobre a escolha.
Resultado? Quando ela entendeu que era sério, ela aceitou. Não julgou. Não questionou. É claro que ela acha maluquice, que dá muito trabalho, muito gasto e me prende muito mas ao mesmo tempo ela pode suportar que a minha vida seja minha e que eu seja eu e isso é tudo que importa.

(Continua nos comentários)

Na minha época de faculdade, não tive muito contato com Apego ou Luto! Um tiquinho na matéria de Desenvolvimento Humano,...
08/10/2022

Na minha época de faculdade, não tive muito contato com Apego ou Luto! Um tiquinho na matéria de Desenvolvimento Humano, um tiquinho na matéria de psicologia hospitalar…
É uma enorme alegria ir falar sobre Teoria do Apego e Luto para os estudantes de psicologia, abrindo para eles mais possibilidades teóricas e de atuação! ❤️

with .repost
・・・
Hey, Psis! Como estão?
Trouxemos mais algumas informações sobre a nossa jornada!

No dia 20/10, às 8:25h teremos a apresentação da psicóloga Juliana Correia sobre o tema “Teoria do apego e o luto”.

Arrasta pro lado para saber mais
Qualquer dúvida é só nos chamar!

Jeff, meu primeiro cachorro, chegou e fomos nos conhecendo. E exploração e intimidade foram se estabelecendo. E ao cuida...
04/10/2022

Jeff, meu primeiro cachorro, chegou e fomos nos conhecendo. E exploração e intimidade foram se estabelecendo. E ao cuidar dele eu fui descobrindo coisas sobre mim.

Descobri que eu era uma cuidadora mais ansiosa. Quando me sugeriram soltar ele para correr livremente no parcão com outros cachorros, eu achei impossível. Pensei que ia perde-lo, que ele ia se machucar, que ele nunca mais ia voltar.
Confiava em quem me fez a sugestão e enfim, tentei. E deu certo. E descobri que ele tem muito prazer em correr livremente na grama. E que muitas vezes durante a corrida ele vira o pescoço para conferir aonde eu estou. E que se ele acha que me perdeu, volta pra mim e não se sente mais relaxado para ir brincar longe de mim. Então enquanto ele corre fico ligada e vou dizendo onde estou.

Aprendi também que vínculo passa por aceitar que ele seja como ele é - sem deixar de ajudar ele a se sentir melhor em seu próprio pêlo.
Eu queria ter um cachorro que não latisse tanto. Eu queria ter um cachorro sociável, que pudesse ir pra todos os rolês comigo. Na verdade eu tenho um cachorro com ansiedade de separação, que diante do medo tão grande, pode até me morder.
E vínculo é cuidado e compromisso. É aceitar que esse é o Jeff - entre tantas outras coisas. E é entender também que essa ansiedade faz ele sofrer. E buscar ajuda pra resolver. E gastar tempo e dinheiro no adestramento. E gastar tempo e dinheiro na creche. Relações dão trabalho. Relações exigem concessões, disposição, disponibilidade. E eu quero muito estar nessa relação.

Ele também me mostra como vínculo é prazeroso. Como rio das peripécias dele. Como me enterneço quando ele traz o brinquedo pra eu brincar com ele. Como até hoje eu dou gargalhadas lembrando o dia que ele correu atrás das galinhas.
Como acho ele inteligente, como aprende rápido, como posso sentar com alguém e contar mil histórias dele.

Sempre me perguntam ou aconselham que eu me prepare para a morte dele. Ora, isso é impreparável e muitas vezes esconde um “goste menos dele, se afaste um pouco, torne ele menos importante”. Isso não me interessa. Amor e dor são dois lados da mesma moeda. Há de doer, eu bem sei. Então hei de muito amar, sem dúvidas.

26.08.22, meus 34 anos. ❤️🥳“O correr da vida embrulha tudo,a vida é assim: esquenta e esfria,aperta e daí afrouxa, sosse...
26/09/2022

26.08.22, meus 34 anos. ❤️🥳

“O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem.
O que Deus quer é ver a gente
aprendendo a ser capaz
de f**ar alegre a mais,
no meio da alegria,
e inda mais alegre
ainda no meio da tristeza!
A vida inventa!
A gente principia as coisas,
no não saber por que,
e desde aí perde o poder de continuação
porque a vida é mutirão de todos,
por todos remexida e temperada.
O mais importante e bonito, do mundo, é isto:
que as pessoas não estão sempre iguais,
ainda não foram terminadas,
mas que elas vão sempre mudando.”

Guimarães Rosa

Conheci o Rafael Stein quando li seu capítulo sobre Luto Masculino no livro “Luto por perdas não legitimadas na atualida...
23/09/2022

Conheci o Rafael Stein quando li seu capítulo sobre Luto Masculino no livro “Luto por perdas não legitimadas na atualidade”, da Prof. Dr. Gabriela Casellato.

O capítulo já tinha me tocado e quando um amigo avisou no grupo que o Rafael era um dos participantes do Q***r Eye Brasil e que o episódio com ele era emocionante, corri pra assistir.

Insisto e persisto: toda vez que falamos de luto falamos de vida. Da que perdemos, da que não sabemos mais prever, da que ficou, da que se transformou. Das dores e das potências. Da coisas que eram e não são ou serão mais.

Como f**a quem f**a?
No caso de Rafael, ao abrir a porta para o Q***r Eye, ele nos permite ver como ele ficou. E nos emocionamos com ele. E com toda a humanidade dele. Complexa, vulnerável e corajosa. Colorida e preta e branca. Nua e crua.

Se você está procurando algo bonito para assistir nesse fim de semana, para sacudir seu piloto automático, f**a aqui a minha recomendação.

No filme “Como seria se…?” acompanhamos a história de Nat.A partir de um teste de gravidez vamos acompanhar os dois futu...
07/09/2022

No filme “Como seria se…?” acompanhamos a história de Nat.
A partir de um teste de gravidez vamos acompanhar os dois futuros da protagonista: o teste dando positivo e ela tendo a bebê e o teste dando negativo e ela seguindo seus planos profissionais.

Nos dois caminhos vemos Nat tendo perdas e ganhos, frustrações, dificuldades, alegrias, surpresas, amor, tristeza, descobertas.. e tudo isso de forma não linear.

“Como seria se…?” deixa claro que a ideia de escolha certa não existe. Não existe pq a cada escolha se abrirão muitas outras escolhas e mais “multiversos” ou “realidades paralelas”… no fundo nunca saberemos qual das decisões mudou tudo pois tudo está mudando o tempo todo.

Nossa luta ao hesitar pra decidir é quase sempre centrada na esperança de que uma decisão possa trazer coisas só boas. Natalie e seus dois futuros nos mostram que isso não existe. Lê de novo: não existe.

Independente do que acontece e de todas as emoções que surgem, os dois futuros de Natalie só tem uma coisa em comum: a própria Natalie.

Quem vira mãe, quem vira profissional, quem ama, quem tem o coração quebrado… quem vive é Natalie e ela pode contar com ela mesma.

Contar com a gente mesmo, sempre e independente do que aconteça, pode ser a certeza que estamos procurando fora e só pode ser encontrada dentro.

Assiste “Como seria se…?” e me conta se te tocou como me tocou! ❤️

🎥 Disponível na netflix.

Ontem, 27/08, foi dia do psicólogo e eu não escrevi nada aqui. Precisei parar para refletir sobre o que eu gostaria de d...
28/08/2022

Ontem, 27/08, foi dia do psicólogo e eu não escrevi nada aqui. Precisei parar para refletir sobre o que eu gostaria de dizer.

Também ontem, fiz uma live com .rachelsavir sobre o que é atuar na clínica dentro da abordagem do Apego.

Apego signif**a vínculo. E não dá pra ter um vínculo genuíno sem estar vulnerável na relação. E em uma profissão e abordagem que convocam a estar, não saber quem somos e o que é nosso é perigoso e danoso para nós e para aqueles que cuidamos.
Para que eles possam estar comigo e se vulnerabilizar comigo eu também preciso estar com eles e me vulnerabilizar.

Eu estudo a teoria e a técnica mas eu não sou sabe-tudo e não sei “o que é melhor” pra ninguém. Nem intenciono saber. Meu trabalho é para que cada um deles saiba. Para que todos saibam que podem contar comigo, com meu acolhimento e meus empurrõezinhos mas que os mais capacitados para decidir sobre a própria vida são eles. Todo o resto é ego ou desserviço. Na minha abordagem o vínculo já é técnica terapêutica.

Na minha vulnerabilidade tive que entender que nem todos os pacientes que chegarem vão querer continuar trabalhando comigo pois nem todos vão se identif**ar comigo e também pq nem tudo é sobre mim. Há sempre um outro na dupla e nesse contexto esse outro é quem mais interessa.

Também tive que entender que não banco a “agenda cheia” do marketing do instagram, pq estar genuinamente em cada encontro é cansativo pra caramba e se eu me sobrecarregar vou falhar com meu compromisso com aqueles que cuido. Isso também significou aprender a organizar os pacientes na agenda e quantos pacientes de cada demanda dá pra ter simultaneamente.

Não tenho um “dom” nem nada místico. Estudei e sigo estudando pra ser psicóloga. Trabalho e sigo trabalhando pra ser eu dentro dessa prática.

Psicologia é ciência de gente. E gente é complexa. E precisa de qualidade de vida. E de políticas públicas (inclusive os psicólogos precisam de piso salarial da categoria!). E de ouvidos interessados. E de embasamento teórico. E de compromisso. E de suporte.

Para os que compartilham comigo a profissão, parabéns.
Para os que compartilham comigo a sua vida, obrigada!

❤️

Assisti “Viver duas vezes” neste final de semana e foi uma grata surpresa.Emílio descobre que está com Alzheimer e tem o...
23/08/2022

Assisti “Viver duas vezes” neste final de semana e foi uma grata surpresa.

Emílio descobre que está com Alzheimer e tem o desejo de reencontrar seu primeiro amor. Para isso, ele vai precisar da ajuda de sua filha e de sua neta, é o que nos diz a sinopse.

O que eu vi foi um filme muito sensível. Gargalhei em alguns momentos e chorei em outros. Oscar Martinez dá um show de atuação ao ir nos mostrando a evolução do Alzheimer de Emílio.

A medida que Emílio piora vamos acompanhando as dificuldades dele e da família, que assume seus cuidados. Julia, sua filha, que tem muitas questões com o pai, se vê na necessidade de cuidar dele e enfim se sentir boa o bastante para ele - mas como obter isso a medida que o pai que ela conhece vai se perdendo?

Na personagem Júlia, f**a muito palpável a observação do seu Modelo Operativo Interno, ou seja, do jeito que ela funciona no mundo! Suas crenças, memórias, percepções e estratégias de enfrentamento…
Julia sente que não é suficientemente boa e vai repetindo escolhas e nos traduzindo o que se passa dentro dela. As escolhas que a levam para essa sensação de não ser suficiente e as estratégias para tentar driblar essa sensação - que muitas vezes criam problemas ainda maiores para ela resolver.

Enquanto sente tudo isso, Julia tenta criar sua filha, Blanca (uma personagem muito carismática!) para evitar que ela também carregue essa sensação.

Com o pano de fundo do Alzheimer, podemos ver uma família vivendo sua transgeracionalidade e sendo convocada a abranger seu repertório emocional e comportamental diante da vida.

Me fez pensar e sentir um bocado e eu adorei.

▶️ Disponível na Netflix.

Pra nunca esquecer! Poema de Sónia Balacó
18/08/2022

Pra nunca esquecer!

Poema de Sónia Balacó

Quantas de nossas paralisias se justif**am na evitação ou no temor de sentimentos tidos como negativos ou difíceis?Quant...
07/08/2022

Quantas de nossas paralisias se justif**am na evitação ou no temor de sentimentos tidos como negativos ou difíceis?
Quantos de nossos vôos foram cessados em virtude da possibilidade de frustração, de coração partido, do outro ser um sacana, de dar errado, da desilusão, da vergonha, da tristeza, do desespero?

Tal qual os pesos que se levantam na academia e fortif**am os músculos, existe o exercício de nossas asas. Elas estão aí. Mas pelas mais variadas razões - aprendizados culturais e familiares sobre nosso valor, sobre os perigos do mundo, sobre como “deveriam ser as coisas e como deveríamos nos sentir”, etc - muitas asas são atrofiadas. Ou sequer notamos sua existência.

Tentamos em vão controlar onde colocamos nossos pés, medir as alturas do tombo, esperar os momentos certos, antever todos os resultados. Acontece que, quanto mais controlada uma vida passa a ser, menos viva ela se mostra. Passamos tanto tempo polindo entornos…

Veja, planejamento, organização, previsibilidade são coisas inquestionavelmente importantes e continentes. Falo de quando tudo isso se perde na busca de impossíveis certezas.
Não conhecerás totalmente o caminho, senão no máximo um mapa mal desenhado dele. Não saberá se será mais satisfeito se aceitar a proposta do novo emprego. Se dará certo ir morar junto. Se esse é o momento certo de fazer aquela viagem, ter um filho, começar um hobby, dar uma chance para uma nova amizade. Não se sabe se adoecerás. Não se sabe até que dia se estará vivo. Mas é possível saber que você pode contar consigo mesmo. E com alguns outros.

Enquanto tudo isso, se sabe um ser com asas. Asas que sabem voar e que sabem pousar. Asas que conhecem o movimento. Fortaleça as asas - e elas te darão prumo.
Não há como evitar nada que seja inerente a existência humana então que haja a atividade de fortalecer os músculos da lida com a vida. Que asas fortes suportam melhor grandes ventanias. Que asas acostumadas a voar reconhecem o cansaço e a hora de pousar. Que asas que voam permitem aproveitar o voo, a vista, a vida.

Que tal se ao invés de tentar controlar tudo ao redor você começar a cuidar de vc e das suas asas?

* Ilustração do . Frase dele, traduzida.

Toda perda envolve um luto.Mesmo a perda escolhido.Mesmo quem, como eu, imigra por escolha própria e não por condições a...
01/08/2022

Toda perda envolve um luto.
Mesmo a perda escolhido.
Mesmo quem, como eu, imigra por escolha própria e não por condições adversas, deixa algo pra trás.

Toda vez que eu volto a Salvador vem a urgência dessa reconexão com o que é meu: o cheiro do dendê e o mar azul, a minha família, amigos de infância e de juventude.

Parece que eu fico mais eu do que nunca: rio ainda mais alto, tagarelo ainda mais (enquanto escrevo esse texto, estou praticamente afônica) e fico mais colorida do que nunca.

Faz parte de adultecer poder revisar nossa história. Olhar para nossas raízes e realmente podar algumas delas. Olhar pra nossa família de origem, reconhecer seus padrões, reconhecer suas crises e suas bonitezas e separar nosso joio do trigo, pra não sair repetindo só por repetir. Esse trabalho é dolorido. O trabalho de desmistif**ar os nossos. Mas quanto mais o fazemos, mais a raiz que f**a é sólida enquanto os galhos crescem e crescem para ganhar o mundo, sabidos do poder de sua base.

Assim também é a cidade. Nos lembra de nossas escolhas. Ando por aqui e lembro da praia que fui com as amigas na época da faculdade. Lembro do meu primeiro estágio. Da primeira dor de cotovelo. Do primeiro carnaval. Do primeiro acidente de carro. Lembro de mim. Da minha história. De como eu fui me virando quem eu sou. É bom demais ter pra onde ir. E é bom demais saber que posso voltar. Liberdade caça jeito.

Quem sabe de mim sou eu, mas só pq a Bahia já me deu régua e compasso, como dizia Gil.

Volto pra rotina renovada de signif**ados. Desejo que você também saiba sempre onde buscar os seus. ❤️☀️

Contexto: estamos adestrando Fifo, que na pandemia piorou da ansiedade de separação. Se nos afastamos dele ou se ele ach...
24/07/2022

Contexto: estamos adestrando Fifo, que na pandemia piorou da ansiedade de separação. Se nos afastamos dele ou se ele acha que iremos nos afastar, seu primeiro comportamento é vir tentar nos morder para garantir a nossa proximidade.

A partir do momento que isso começou a nos incomodar, entendemos que precisávamos de uma mudança e contratamos a adestradora positiva. Assim, demos início a jornada de aulas semanais e de treinos diários.

Linha do tempo: 1º o incômodo cresceu, 2º nos movemos rumo a solução (o adestramento) e 3º colocamos em prática o adestramento, entrando na nossa rotina como prioridade de tempo e dinheiro.

Aí entram as evitações. Procuramos ajuda para mudar algo que estava incômodo, logo mexer nisso é incômodo. Logo, um monte de vezes antes dos treinos sem a presença da adestradora, dá vontade de não fazer. Essa vontade não é gratuita e nem sempre é preguiça. Na maioria das vezes ela me comunica o meu desejo de não entrar em contato com os incômodos: eu vou ter trabalho, Jeff vai latir, eu vou repetir a mesma palavra mil vezes e vou sair de casa com esse tapete listrado da foto e petiscos, atenta pra evitar acidentes.

Nas horas que bate essa vontade de evitar a parte chata, preciso me conectar com o que tem valor pra mim: o bem estar dele. Não vê-lo sofrendo com a ansiedade excessiva.
Foi por essa razão que tudo isso começou e é por essa razão que nos mantemos no processo - que as vezes é chato e cansativo. Mas que é um compromisso com o que é importante pra mim.

Muitas vezes vamos ser tentados e fazer a escolha que traz bem estar mais rapidamente e precisaremos nos lembrar que ela pode estar nos afastando das escolhas valorosas pra nós, em nome de evitar certos sentimentos.

Você pode não começar nada novo pra evitar as sensações de não ser bom naquilo ou a ansiedade de não conhecer as pessoas, por ex. O importante é poder se dar conta disso e avaliar cognitiva e emocionalmente que processo você deve percorrer para alcançar o que é importante pra você.

Nem sempre a satisfação rápida ou a evitação de sensações chatas nos leva rumo ao que tem valor pra cada um de nós. Sua procrastinação tem muito a te dizer - experimente ouvir!

Uma dica de série pra você começar hoje mesmo!Ruptura, disponível na Apple Tv, tem como tema principal uma cisão: atravé...
10/07/2022

Uma dica de série pra você começar hoje mesmo!

Ruptura, disponível na Apple Tv, tem como tema principal uma cisão: através de um procedimento cirúrgico no cérebro, ao estar no trabalho você não lembra nada da sua vida pessoal e ao estar na sua vida pessoal você não lembra nada do trabalho. Assim, cada indivíduo passa a ter duas personas: seu interno (no trabalho) e seu externo (na vida pessoal) que não se conhecem e não se comunicam.

Enquanto espectadora minha primeira pergunta foi: pq alguém desejaria se cindir assim?
Do ponto de vista da empresa parece ótimo, afinal não existirão “distrações” durante o turno, já que ali você não lembra do filho doente, da briga com o parceirx ou de qualquer outra preocupação, mas e do ponto de vista da pessoa, pq se submeter a uma ruptura? O que pode ser tão difícil de pensar e sentir que algumas horas fora do radar passe a valer a pena assim?

A série vai respondendo essas e outras perguntas de modo complexo e interessante, explorando dramas humanos, angústias, lutos, manipulações, dicotomias enquanto acompanhamos a jornada do interno e do externo de Mark S.

Quando Ruptura estreou, foi o maior alvoroço mas eu como boa atrasada em séries, demorei de assistir! Deixo minha dica: os três primeiros episódios são episódios que nos contextualizam e situam na série, então são um pouco mais lentos, mas dai em diante a série te toma e você f**a completamente mergulhado nela até um final de temporada que te tira o ar!

Uma das melhores séries que já assisti!
Se você já assistiu, me conta o que achou?

O que nos faz adultos? Maturidade emocional? Pagar os boletos? Ter um cérebro desenvolvido? “Saber o que estamos fazendo...
05/07/2022

O que nos faz adultos?
Maturidade emocional? Pagar os boletos? Ter um cérebro desenvolvido? “Saber o que estamos fazendo da vida”?

Não sei, mas na minha prática clínica tenho observado algumas coisas sobre o processo de adultecer que gostaria de compartilhar:

1. Desmistif**ar os pais/a família: sim, poder olhar para a nossa origem e reconhecer que quem nos criou não está sempre certo, não sabe tudo e comete erros. Essa humanização dos nossos cuidadores permite que eles desçam do pedestal de perfeitos e é importante para a gente perceber que podemos viver a nossa vida de acordo com os nossos valores e desejos e que não estamos errados ou falhando com nossos pais por isso. Pais muito idealizados como perfeitos podem ser paralisantes para os filhos, que imaginam que devam viver na sombra dessa perfeição, tentando alcança-la e falhando sucessivamente.

Adultecer passa, invariavelmente, por revisitar os padrões da nossa família e poder questiona-los, discordar deles, avaliar quais se quer seguir e quais se quer deixar.

Se os pais não são perfeitos e podem ser admirados e amados com suas imperfeições isso também auxilia que a gente se veja como digno de amor e admiração nas nossas imperfeições.

2. Fazer a transição de base segura dos pais para o parceirx, irmãos, amigos, etc:

A medida que os pais envelhecem o cuidado se inverte e é natural que passemos a ser seus cuidadores, deixando assim o buraco: e de mim, quem cuida? E quando eu que estou em dificuldades, para onde correr?

Muitos casais relatam na terapia de casal a dificuldade de se descasar de sua família de origem e poder fundar naquela relação a sua família. Vemos disputas e picuinhas do tipo: “ah, mas a mãe delx, elx ouve” ou “basta o pai delx pedir que ai elx faz”.

Sem “descasarmos” da nossa família de origem também não poderemos construir a nossa. Sempre precisaremos de uma figura que nos pareça sábia, forte e gentil e que possa nos cuidar, ao longo da vida - quem mais pode ser essa figura, além dos nossos pais? O par romântico pode se tornar uma base segura. Irmãos e amigos.

Até aqui, faz sentido pra você? Já tinha pensado sobre isso?

Esse post vai ter continuidade :)

Como saber quando procurar psicoterapia?Muita gente procura psicoterapia quando se vê tendo sintomas ou recebe um diagnó...
04/07/2022

Como saber quando procurar psicoterapia?

Muita gente procura psicoterapia quando se vê tendo sintomas ou recebe um diagnóstico médico.
É o caso dos pacientes que chegam relatando insônia, coração palpitando, falta de ar, crises de choro, tristeza, falta de prazer, irritação constante, explosão de raiva, euforia, comportamentos de risco, dificuldade de concentração e dos que vem com orientação do médico que diagnosticou transtornos de humor, transtornos de ansiedade, tdah, transtornos de personalidade, transtornos alimentares, etc.

Todos esses pacientes tem indicação de psicoterapia e muitos benefícios com o tratamento! Só que não são os únicos!

Solidão existencial, medo de estar vivendo uma vida que não seja a que você gostaria, dificuldades de relacionamento, questões profissionais, baixa auto estima, questões familiares, vivência da sexualidade, maternidade, paternidade, puerpério, sensação de desamparo, sensação de desencaixe, lutos (reconhecidos e não reconhecidos), inseguranças, sensação de ser um(a) impostor(a), falta de autonomia, dificuldade de confiar nos outros, etc etc etc…

Psicoterapia não é uma ferramenta exclusiva para o tratamento de adoecimentos mas também um espaço que permite mergulhos profundos dentro de nós mesmos, de quem somos, do que pensamos, do que queremos, de como chegamos até aqui.

É um lugar potente de se escutar, de sentir, questionar e refletir, de aceitar coisas e de mudar coisas.

Você quer casar? Quer ter filhos? Quer viver uma relação monogâmica? Como lida com o envelhecimento dos seus pais? Como quer criar seus filhos? Como lida com seu próprio corpo? E consegue enumerar cinco qualidades suas? Você sabe o que traz realização? Tem relações íntimas de qualidade? Se sente marginalizado? Sozinho? Sente muito medo?

Tudo pode ser o seu conteúdo de psicoterapia - desde que te cause certo incômodo ou confusão. Se algum desses exemplos te dá essa sensação, ou algum outro que não citei, saiba que você se beneficiaria de fazer terapia.

Essa é uma foto para f**ar no feed. Uma foto de um fato pra não ser esquecido: segunda dose da vacina para um vírus caus...
11/08/2021

Essa é uma foto para f**ar no feed. Uma foto de um fato pra não ser esquecido: segunda dose da vacina para um vírus causador de pandemia mundial que dizimou milhões e mudou a vida que conhecíamos, nos isolando bruscamente e tomando de nós a previsibilidade e controle que tínhamos do nosso cotidiano.

A última vez que fui a Salvador foi em Fevereiro de 2020. A última vez que atendi presencialmente foi em 13/03/2020. De lá pra cá fiquei isolada e defendi o isolamento - e ponderei sobre o que era possível fazer entre o embate dele com a nossa saúde mental - tive crise de ansiedade, medo de perder as pessoas que amo, medo de adoecer, fiz meu testamento cheio de recomendações de cuidados de quem vai herdar Jeff. Pensei sobre a vida e a morte e sobre a morte e a vida e isso pulsou e latejou nas demandas do consultório. Saí da casa dos meus pais. Casei. Vi dezenas de cursos online. Fiz dezenas de chamadas de vídeo. Etc.

Tudo isso pra dizer que o dia 11/08 - dia que meu avô morreu, lá em 2014 - é hoje dia de esperança. Dia de agradecer a ciência e aos que correram contra o tempo para nos proteger. Dia de honrar aqueles que não tiveram a chance de se vacinar e morreram de covid. Dia de lembrar que a situação poderia ter sido diferente caso o governo negacionista e negligente tivesse agido antes em nome de ser nossa base segura e oferecer segurança diante dessa ameaça inominável. Dia de cumprir o papel cidadão de se vacinar e proteger a nossa comunidade e toda a coletividade, a saúde pública.

Não tem efeito colateral pior que a morte por covid e nem fila que demore mais do que os dias que nos foram roubados pela pandemia.

Se vacinem. Se protejam. Nos cuidemos. A nossa sobrevivência é a flor que nasce no asfalto e lembra que da força da vida, mesmo diante da dureza.

Endereço

Avenida Moema
São Paulo, SP

Horário de Funcionamento

Segunda-feira 14:00 - 21:00
Terça-feira 14:00 - 21:00
Quarta-feira 14:00 - 21:00
Quinta-feira 14:00 - 21:00
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