01/08/2025
Vamos conversar?
Nesta semana, o país inteiro se deparou com imagens brutais: uma mulher foi violentamente agredida com 61 socos dentro de um elevador. Sessenta e um.
Não se trata apenas de um episódio isolado. É mais um retrato de uma sociedade adoecida, onde a agressividade tem sido cada vez mais normalizada.
Na psicanálise, compreendemos que o sujeito é atravessado por pulsões entre elas, a pulsão de morte, que carrega em si tendências destrutivas, agressivas. Mas o que nos torna humanos é justamente a possibilidade de simbolizar essas pulsões, elaborá-las, encontrar outras saídas para o que é indizível ou insuportável.
Quando a violência explode de forma tão crua e pública, nos perguntamos: o que falhou nesse processo? O que acontece quando a cultura deixa de conter a barbárie?
Freud já nos alertava que a civilização exige renúncia pulsional um limite às nossas vontades destrutivas em nome da convivência social. Quando esses limites falham, o laço se rompe.
Ser mulher, nesse contexto, é existir entre resistências. É viver em alerta. É se proteger do que não deveria sequer existir.
E por isso é urgente continuar falando. Denunciando. Elaborando.
Pela escuta, pela palavra, pela vida.
Ser mulher é um ato de resistência diária.