
15/09/2022
Olá, historiantes. Vamos começar os trabalhos da semana com esta reflexão da escritora Grada Kilomba.
Recentemente, o falecimento da rainha Elizabeth II do Reino Unido despertou certa comoção mundial, inclusive em continentes considerados "periféricos" para o sistema capitalista mundial.
Sem dúvida, as condolências devem ser dadas, afinal, Elizabeth foi uma personagem histórica de grande relevância no século XX e XXI.
A passagem de coroa da rainha para o rei marca o fim de uma era no cenário global.
Contudo, não se pode deixar de ter em mente que a coroa britânica simboliza algo muito mais denso. Por séculos, os tentáculos do Império britânico controlaram, exploraram e destruíram diversas nações nas Américas, África e Ásia.
Uma de suas marcas inapagáveis é a escravidão.
Em entrevista recente ao Expresso.Pt, Kilomba afirmou que "a escravatura foi o primeiro movimento de globalização em que pessoas foram escravizadas para serem levadas para outro continente para enriquecer um terceiro continente. É uma história global que une vários continentes."
Ao falar que o colonialismo sangra e que é uma ferida que nunca foi tratada, a escritora ressalta que nem mesmo a abolição, muito menos o fim oficial do colonialismo foram suficientes.
A própria sociedade pós-colonialista é colonialista em suas relações humanas, sociais, políticas e econômicas.