
01/08/2025
Embora ainda pouco falada fora dos consultórios, a adenomiose é uma condição que pode dificultar o sucesso da fertilização in vitro. Trata-se de uma infiltração do endométrio (a camada que reveste o útero por dentro) na musculatura uterina. Isso gera um ambiente mais inflamado, menos receptivo e menos favorável à implantação embrionária.
O problema é que o diagnóstico nem sempre é simples. Nem todos os profissionais têm experiência para identificar a adenomiose com precisão. Por isso, sempre recomendo que os exames sejam feitos por especialistas em imagem ginecológica, preferencialmente aqueles que trabalham exclusivamente com mapeamento de endometriose e adenomiose.
Gosto especialmente do ultrassom transvaginal com preparo intestinal. Ele permite uma avaliação detalhada da parede uterina e, na minha experiência, oferece mais sensibilidade para detectar alterações associadas à adenomiose do que a própria ressonância magnética. Mas, claro, ambos os métodos podem ser úteis. O importante é que o exame seja feito por quem domina essa leitura.
O laudo deve indicar, por exemplo, se a adenomiose é difusa ou localizada, se ocupa mais ou menos de 50% da espessura do útero e qual o grau de comprometimento do miométrio. São essas informações que nos ajudam a decidir se é necessário tratar antes da transferência.
Quando o comprometimento é mais extenso, costumo indicar o início de um tratamento clínico para reduzir a atividade da doença, o que pode incluir o uso de análogos do GnRH, entre outras condutas. Após o tratamento, repetimos o exame para confirmar a melhora e, só então, seguimos com a preparação para a transferência embrionária.
Reforço sempre a importância de investigar com atenção e conduzir cada etapa do tratamento de forma criteriosa. Afinal, meu objetivo é um só: aumentar as chances de sucesso e tornar esse sonho realidade com segurança e cuidado.
Dr. Arnaldo Cambiaghi – CRM 33.692 | RQE 42074
IPGO – Medicina da Reprodução