
11/05/2025
“Mãe possível”
Mãe não é santa.
Nem mito.
Nem mártir.
Mãe é carne.
É cansaço nos ossos,
é sono adiado,
é grito engolido
e, às vezes, cuspido.
Mãe erra.
E ao errar, ensina.
Ensina que amar também é falhar,
que cuidar também é cansar,
que proteger também é soltar.
Carrego na pele a mãe que tive,
na memória os silêncios,
as ausências,
os abraços,
os sustos,
os consolos.
E quando me tornei mãe — ou quando cuidei de alguém,
ou quando me vi no espelho da maternidade possível —
entendi que muitas perguntas não têm resposta,
e que muitas feridas se repetem,
mas algumas podem ser curadas.
Não, mãe não nasce pronta.
Nem filha entende tudo.
A gente herda,
a gente repete,
a gente tenta fazer diferente.
Mãe falha.
Filha também.
Mas no tropeço há caminho.
Na falta, há invenção.
Na dor, há força.
E, no meio de tudo,
um amor imperfeito,
mas possível.
Para todas as mães imperfeitas,
para todas as filhas imperfeitas,
para todas que ousam reescrever essa história.