
10/01/2024
O “Janeiro Branco” acontece a mais de 10 anos e após a pandemia tem crescido cada vez mais. Foi fundado como uma campanha de alerta a atenção de um tema comum a todos: Saúde Mental. Bem sabemos das campanhas de Outubro e Novembro assumem um caráter de prevenção, enquanto o de Janeiro, a proposta é de um agora.
Apesar da crítica da psicanálise ao que se entende por Saúde Mental - algo que pretendemos abordar (aqui no Instituto) em nossos encontros ao longo do ano - também sabemos que o mal relacionamento com o inconsciente e o completo desconhecimento deste nos afeta profundamente e causa certo sofrer no viver.
O início do ano convoca-nos a entregar um instante para falar de si e olhar para o que se viveu, mas esse olhar nada tem a ver com uma visão, antes é um instante de falar e se reconhecer no que fez até hoje. Em outras palavras, é sair do cotidiano por um momento e na análise, ou psicoterapia, se queixar do que não teve coragem de se impor e aos que não se queixam, descobrir se não há queixa por nem se quer pensarem na chance de que a vida seja diferente ou se porque se agrada da vida que leva. Tentar diferenciar os comandos e expectativas de um desejo e um querer, considerar que a gratidão por dever que é o mesmo que uma escravidão voluntária e que é possível tentar sair do fundo do poço.
É engraçado pensar que o início do ano convoca a tantas possibilidades e espero que não se esqueçam:
Temos não só esse ano, é verdade, mas se for uma justificativa para a inércia a urgência da atitude nunca vai chegar.
Texto: Fernando Ferreira