Clínica Oliveira Santos

01/12/2022

Dezembro chegou sem avisar. Aproveitou que as pessoas estão entorpecidas- não por drinks, balas ou afins, mas pelo inacreditável cotidiano.

Pelo menos pra mim tá difícil compreender o mundo e as pessoas. Não sei se pra todo mundo. Tem quem ache que está bom, tem quem ache que está péssimo, tem quem ache que só piora, tem quem ache que “só por Deus”, tem quem agradeça a Deus. Tem gente em guerra, tem gente “na paz”, tem gente na correria, tem gente doente. Tem gente que tá louco pra reunir a família, tem gente que tem medo desse momento, tem gente que é melhor nem reunir…

Quem é você na pintura ?
A) Desfalecida precisando ser abanada?
😎 Abanando alguém que desfaleceu ?
C) até abanando alguém mas olhando pro nada?

Eu tô abanando alguém que desfaleceu. Já até olhei pro nada, mas os boletos chegaram. Algo me diz que eu preferia estar sendo abanado. Brincadeiras a parte, sinceramente gostaria que alguém me ajudasse a compreender.

Era pra ser um texto invocando as pessoas pro que começa hoje. Desfalecida, abanando ou olhando pro nada, cheque sua pele, use protetor, procure a sombra.

Mas o textão quase sempre tem vida própria. Agradeço aos que chegaram ao final. Que seja um bom dezembro pra todos.

Abraço!

Por André Bandiera de Oliveira Santos

Alfred Joseph Moore, 1887

04/08/2022

A pintora desse quadro não adotou o nome Manet em pleno Impressionismo francês.

Seu cunhado famoso teria dito que era assustador o fato dela não ser homem. Influente e participante do movimento impressionista, casou-se com Eugene Manet, irmão de Edouard Manet e não assinava o nome consagrado nas pinturas.

Pintou “O berço” , capturando com delicadeza o momento de maternidade. Teve uma filha, que viria a ser pintora também, Julie Manet. Julie foi pintada pela mãe com seu cachorro e, dois anos depois, sofreria a perda de seu pai e sua mãe em três meses, em uma pandemia de pneumonia. Ela tinha 16.

Nesse início de agosto de 22, ainda juntando os cacos da pandemia que passamos, com monkeypox aparecendo e conflitos por onde quer que olhemos(Ucrânia, Taiwan e eleições no Brasil), que possamos levar a vida com o olhar da mãe ao berço e a coragem de Julie.

Um abraço a todos

Berthe Morisot, autora dos dois quadros desse post, é a mãe de Julie e esposa de Eugene Manet.

O berço, 1872
Julie Manet e seu Greyhound Laerte, 1893

02/06/2022

Essa foto representa os sentimentos expressos das pessoas em redes sociais. Cada círculo mostra a quantidade de vezes de cada sensação após a frase “I feel…”.

Os maiores círculos são “better” , seguido de “bad”. Somente depois vem “good”. Interessante pensar a respeito… expor os sentimentos não é trivial a todos. Mas muitos se expressam após se sentirem mal (better) ou exatamente nesse momento(bad), portanto.

Se pensarmos que as redes sociais tem um tanto de hipervalorizar as coisas boas da vida (basta ver a quantidade de fotos em praia sorrindo e comparar com as em filas pra pagar algo), esse é um dado até surpreendente… há muita gente do lado triste da coisa.

Ao entrar na faculdade de medicina, uma frase é repetida: “o mais importante da profissão que vocês escolheram não é prolongar a vida, mas aliviar o sofrimento”. Toda a medicina só serve pra fazer as pessoas se sentirem melhor.

Pra todos os momentos, em cada situação, convido você, leitor, a trazer pra vida um alívio. Fazer que seu contato com o outro seja pra que essa pessoa se sinta melhor.

Que possamos trabalhar, juntos, onde quer que você seja médico nessa vida,para aumentar ainda mais o círculo “better”.

Um abraço a todos

Por

Foto: Jonathan Harris. We feel fine.

26/05/2022

Eros e Tânatos… o encontro do amor e da morte

A caminho do seu sonho, o dono do fusca e seu golden tiveram sua viagem interrompida por um acidente trágico. Estrela do Instagram, inspirador de muitos, Jesse largou sua vida no Brasil e pretendia ir até o Alaska.

Acidentes de carro são um problema de saúde pública muito importante. A quantidade de óbitos por ano chegou a 46mil no Brasil no seu pior ano (2012). Só como uma base de comparação, 2500 pessoas morrem por ano por câncer de pele.

A boa notícia para o Brasil é que esse número de tragédias automotivas diminuiu. Desde 2015 esse número cai e a pandemia deu sua contribuição. Atualmente morrem 30mil.

Não é simples elencar as razões pra isso: houve a introdução da tolerância zero para álcool e direção, alguma melhora de sinalização, segurança dos modelos mais novos, possivelmente menos carros pelo custo, fora o natural isolamento da pandemia nos últimos dois anos.

O prejuízo, no entanto, não é só em vidas: há um grande contingente de pessoas com sequelas dos acidentes. A motorista da SUV, veículo com muito menos charme e mais segurança que o fusca com que bateu, terá sua necessidade de reabilitação.

A pintura que ilustra esse texto é de Edvard Munch, o mesmo dO Grito. Se chama Vida e Morte, de 1894.

Um abraço a todos. Obrigado por me fazer escrever hoje

Por

19/05/2022

O que dizem os seus olhos? A mitologia grega nos apresenta Argos, um monstro com mais de 100 olhos que tinha a missão de observar os passos de uma ninfa que supostamente Zeus cobiçaria. Zeus não era exatamente monogâmico e sua esposa Hera mandou Argos f**ar de olho nela, numa espécie de Big Brother da mitologia. Não era difícil para o gigante fazer isso, já que ele podia dormir só com um par de olhos enquanto os outros permaneciam atentos, como quem assina o canal 24h do reality.
Acabou que numa história fantástica, a família da ninfa matou Argos pra libertá-la daquela situação e os olhos de Argos f**aram no chão. Hera, a esposa desconfiada, então coloca os 100 olhos na sua ave-símbolo, uma espécie de pet do Olimpo. Podemos vê-los hoje, majestosos, quando os pavões alargam sua cauda.

Quem estuda no microscópio, ao realizar uma biópsia, consegue imaginar bem mais de 100 olhos. São células nos observando, querendo dizer algo. Às vezes são boas mensagens

Um abraço a todos
Por

Petro Kolodny, 1916. A tale of a girl and a peacock

20/03/2022

04/03/2022

De vez em quando a bigorna da realidade nos traz de volta as prioridades. Nem saímos da pandemia e outro revés parece ter chegado.

Eis que chegam imagens de um pedido de crianças de um hospital oncológico de Kiev. “Stop war”.

É aquele tapa na cara que merecemos. “Já estava difícil antes, não dificultem ainda mais”

Que passemos por mais essa tragédia, que possamos atravessar esse triste período da história e celebrar a vida, com a mesma determinação das crianças em Kiev.

Um abraço a todos

Por
A foto é da AFP, de 28/02/2022
Além dela, Roy Lichtenstein, 1963. Whaam. O pintor foi militar na 2a guerra, estudou para ser piloto mas o programa foi cancelado. São duas telas separadas, uma com o avião de ataque (“pressionei o botão de fogo e à minha
Frente foguetes zuniram pelo céu”); na outra, o avião abatido.

24/02/2022

3a guerra? Ao pesquisar sobre pinturas de arte para hoje, confesso que tive muita dificuldade pra escolher uma. Há impressionantes quadros de conflitos russos, ao longo dos séculos. Invasão mongol, otomana, império russo, guerra civil, revolução comunista,2a guerra... não temos nem ideia… f**a claro que estão acostumados.

Em 2022, é preciso dizer que a lança no peito de cada líder militar atende pelo nome de ogiva nuclear. Só da Rússia, literalmente ao toque de um botão, são mais de 1000. Se a OTAN tem mais ou tem menos, sinceramente não sei se importa muito. Se lembrarmos que até hoje foram usadas em guerra duas e já sabemos o que ocorre…

Sempre tento traçar um paralelo com o mundo médico. Me parece oportuno lembrar de parasitas agressivos, como Neisseria meningitidis. Começa com uma invasão microscópica, pequena para o tamanho do corpo humano. Logo as forças de defesa começam um ataque violento. Um tentando eliminar o outro, com citocinas e armas imunológicas, eventualmente ambos acabam morrendo em combate.

Talvez seja interessante lembrar que Neisseria tem vacina e os casos hoje são raros. Qual será a vacina para o mundo?

Um Abraço a todos

Por
1. Mikail Avilov, 1943. Duel of Peresvet with Chelubey on Kulikovo Field. A pintura se refere a uma batalha entre russos e mongóis precedida pelo duelo entre os dois maiores guerreiros de cada exército, em 1380. Os dois morrem ali.

2. Imagem do Twitter oficial da Ucrânia hoje (24/02/2022)

10/02/2022

A polêmica recente das redes me remete a um problema comum na oncologia: decisões equivocadas no começo que cobram caro pelas suas consequências.

Ao invocar o princípio da liberdade de expressão, quase sempre imbatível como argumento, cruzou-se um limite que a sociedade não tolera. A falta de preparo ao comentar assuntos delicados pode ser até crime. Creio que vocês entenderam, não entrarei no caso particular, se alguém quiser explico e debato no privado.

O paralelo na oncologia é o seguinte: muitas vezes, ao tentar adiantar a vida do paciente oncológico (argumento quase imbatível), realiza-se uma biópsia de um nódulo profundo no pescoço, axila ou na virilha. O diagnóstico de fato vem rápido, mas esse procedimento altera de modo definitivo a chance do paciente se curar. Assim, a falta de preparo condena a vida de alguém, apesar das intenções iniciais.

Talvez seja o tempo do retorno. Valorizar o preparo. Menos “atitude”, mais eficiência.

Um abraço a todos

Por (Insta)

Paweł Kuczyński, 2014. (Não consegui o título)

03/02/2022

As contradições são um problema?

Mulheres com osteoporose precisam de vitamina D, que fixa o cálcio nos ossos deixando-os mais fortes. Seus médicos a prescrevem e estimulam uma fonte excelente de vitamina D, que é o sol. Tomar sol é bom para os ossos. Vamos para o sol.

Aí, no dermatologista, a prescrição é exatamente oposta. O sol causa envelhecimento e até câncer de pele. Temos que evitá-lo a todo custo. Nada de sol.

Aqui na clínica nós cuidamos diariamente de câncer de pele, então estamos mais perto do discurso “vamos viver de noite” do que do “projeto pimentão vermelho”. Mas é evidente para qualquer pessoa de bom senso que é perfeitamente possível repor vitamina D por boca e sair ao sol com proteção.

Haverá contradições em todas as esferas da vida. Será isso um mal em si? As contradições são um problema? Devemos agradecê-las por existir? O que seria do mundo sem elas?

Que possamos levar a vida aceitando as aulas de piano chatas, passando protetor solar e tomando vitamina D.

E enaltecendo as contradições.

Um abraço a todos

Berthe Morisot, 1889. Lucie Leon no piano

27/01/2022

A lua receberá o impacto de um foguete lançado pela SpaceX há cinco anos. Na época ninguém foi capaz de prever essa possiblidade. Esse tipo de situação me faz pensar: o que estamos fazendo hoje cujas consequências nem podemos imaginar?

Há algumas décadas havia venda de ci****os até em leitos hospitalares. Vivemos depois um aumento brutal de cânceres de língua, orofaringe e laringe. No século passado (1900 ! ) o culto ao bronzeamento levou a sociedade a tostar a epiderme pra f**ar bonito. Hoje vivemos essa quantidade absurda de tumores de pele.

A boa notícia é que, assim como Galileu, conseguimos resolver algumas consequências antes de tragédias acontecerem. Ver a ferida na boca ainda pequena, encontrar a pinta maligna ainda superficial.

Um abraço a todos!
Por

PS. Hoje é aniversário da Lina Bandiera, , que nos mostrou a Lua, a arte e tudo mais que existe. Parabéns

12/12/2021

Ditinha, 93

09/12/2021

Esse quadro tem um nome de mês e um adjetivo.

Por anos esquecido até ser considerado obra-prima de seu autor, remete a uma ninfa com um vestido laranja, o mar refletindo o sol ao fundo e uma linda flor no canto superior direito. A bela aparência da planta esconde um segredo - o oleandro é um dos venenos naturais mais potentes. O autor deixava ali a mensagem de uma tênue linha entre o adormecer e a morte.

As sociedades médicas elegeram um mês para prevenção do câncer de pele: dezembro laranja. O sol que traz a luz e a alegria em nossos dias de verão também tem seus segredos.

Mas o pintor era britânico e lá só tem sol em (alguns dias de) Junho…

Um abraço a todos!

Por André Bandiera de Oliveira Santos
Frederic Leighton, 1895. Flaming June (“junho flamejante?!”)

27/11/2021

“sossega minha boca, me enche de luz”… Foi a necessidade de não engasgar que deu origem à laringe... na evolução a emissão de sons, de fala e de música foi menos importante do que a separação da via respiratória e da via digestiva.
Os humanos levaram isso a um outro nível, criando "só" a comunicação verbal, que deu origem ao acúmulo de conhecimentos que nos permitiu desde escapar dos predadores e plantar trigo até mandar um áudio no whatsapp.
Os costumes humanos envolveram gostar de beber álcool e fumar tabaco, principais causas do câncer que ataca a tal da laringe e uma parte bem próxima, chamada hipofaringe. Foi nesse local que o músico Branco Mello, dos Titãs, teve um tumor e foi operado durante essa semana.
Desejamos a pronta recuperação.

Sonífera Ilha
Descansa meus olhos
Sossega minha boca
Me enche de luz

Abraço a todos

Por André Bandiera de Oliveira Santos

11/11/2021

O autor desse quadro é o mesmo de "O Grito", uma das mais famosas pinturas da história. Numa série de 16 obras denominada "O friso da vida", ele seleciona três temas: amor, ansiedade e morte. É notável pensar que de todos os aspectos da nossa existência, de fato não é exagero resumi-la assim.
Marília Mendonça há quase uma semana trouxe a morte para perto, trazendo ansiedade (ou possivelmente só aumentando a de cada um), nos lembrando do que vale, que é o cultivo do amor, de cada palavra de carinho àqueles que importam para nós.
Cada um de nós terá seu relato, em cada esfera da vida. Dentro da minha profissão, posso assegurar que é possível resumir a medicina nesses três temas. O estudo constante, cada atendimento, cada cirurgia, cada hora dedicada são atos de amor; a incerteza, cada tratamento, cada espera por um exame são momentos de ansiedade. E a morte? a morte nos acompanha diariamente, seja ela como uma referência para escolha de tratamento, seja algo que se quer adiar, ou seja ela propriamente dita.
Do autor da pintura: "Por meio de tudo, venta a linha curva da costa, e para além dela o mar, enquanto sob as árvores, a vida, com todas as suas complexidades de tristeza e alegria, continua sobre eles".
Segue-se o friso da vida. Que possamos ter mais amor, já que mais inevitável que a ansiedade, só a morte.
Um abraço a todos
Por André Bandiera de Oliveira Santos
Edvard Munch, 1896. Separação

04/11/2021

Olhamos pra cima e parece que a tempestade passou. A pandemia causou estragos ainda não completamente quantif**ados, mas parece que tempos melhores virão.
Essa escultura tem algumas controversas. A mais mundana eu me reservo o direito de responder no privado a quem quiser…
a mais elevada é sobre seu signif**ado… erguida na Jamaica em 2003, com escravos emancipados libertando sua mente da escravidão, limpos pela água, preocupados além deles próprios, com o que virá.
a mais atual é sobre o tal lugar de fala… a autora é uma branca jamaicana, o que tiraria sua legitimidade
a que mais me interessa é o que ocorreu com o autor da música que deu origem a escultura: Bob Marley morreu aos 36 anos de melanoma ungueal (nome técnico para doença da unha). Depois de um jogo de futebol, viu a unha do dedão preta, foi a um médico que disse tratar-se de “sangue pisado”. O tal hematoma não sarou, a unha caiu e outro doutor fez uma biópsia, que confirmou o tumor de pele mais perigoso. A grande polêmica que se seguiu foi o seguinte: o músico se recusou a amputar o dedo, tratamento mais correto na época. Dois anos depois ele teve metástases no pulmão e cérebro. Ainda sem aceitar, procurou um tratamento alternativo na Alemanha com exercícios, vitaminas e ozônio. Acabou falecendo sem conseguir chegar de volta a Jamaica, seu último desejo.
De minha parte, posso dizer que tanto no consultório quanto em serviço público vemos lamentavelmente casos avançados de tumores, as vezes por conta do período da tempestade que vivemos, outras por conta de negação pessoal mesmo. Não sei dizer o que lamento mais.
Tempos melhores virão. Que nos preocupemos além de nós mesmos com o que virá. Que possamos tratar precocemente. Que possamos sair melhores depois da tempestade.

Won't you help to sing
These songs of freedom?
'Cause all I ever had
Redemption songs

Um abraço a todos. E juízo

Por André Bandiera de Oliveira Santos
Laura Fecey, 2003. Redemption song

07/10/2021

O nome desse quadro é “The condemned cell I”. A história é a seguinte… alguns jovens do derrotado exército húngaro optavam por viver como andarilhos para não serem obrigados a se alistar no exército austríaco. Quando eram presos, permitia-se a visita de parentes antes de suas execuções. A pintura tem um lado escuro, uma luz que vem do alto e chama a atenção o intenso branco da toalha de mesa e da camisa. Há incerteza sobre a moral e se o condenado é ou não inocente.

É evidente que a tradução de cell para a pintura é cela, mas nos parece oportuno fazer um paralelo… cell também é célula. “The condemned cell” em nosso organismo pode ser exemplif**ada pela descamação que naturalmente acontece em nossa pele: se você esfregar sua pele tempo o bastante verá que uma parte mais externa se descola. São células mortas que, condenadas por um processo interno normal (tecnicamente apoptose), cumprem seu destino normal e morrem. O câncer ocorre quando alguma dessas células muda seu código genético e não se permite mais morrer. Se divide então desenfreadamente, criando tumores de pele que invadem o corpo profundamente.

Aqui também há incerteza, lado escuro, clareza e a luz que vem do alto.

Um abraço a todos

Por André Bandiera de Oliveira Santos

Mihály Munkácsy, 1870. The condemned cell I

30/09/2021

Tirar parte não é suficiente. Além de tirar o tumor, o cirurgião que trata câncer de pele retira também tecido saudável em torno dele, no que tecnicamente se chama de margem de segurança. O exame dessa margem, certif**ando-se de que as células são saudáveis, garante que o tratamento seja correto.

Monet tirou parte do barco ao pintar Suzanne e Blanche, filhas de sua segunda mulher. Percebe-se um jogo de cores, com azul, cinza, rosa e até pontos vermelhos no reflexo da água.

O médico patologista, durante a cirurgia, é chamado para examinar no microscópio lâminas com as margens de segurança coradas. Um jogo de cores se forma, parecidas com as de Monet, e consegue-se então definir se o barco foi tirado pela metade, ou se ali só há células saudáveis.

A cirurgia termina quando as cores mostram que o tumor não está mais na pessoa. Aí todos podemos nos sentir tranquilos como Suzanne e Blanche.

Um abraço a todos

Por André Bandiera de Oliveira Santos
Claude Monet 1887. Garotas num barco