Clínica de Psicologia - Eliana Schiavinato Pereira

Clínica de Psicologia - Eliana Schiavinato Pereira Psicoterapia para crianças, adolescentes e adultos.

11/02/2019

Gostaria de convidar vocês para lerem um texto que escrevi há algum tempo atrás e achei que seria interessante compartilhar.

Este texto traz alguns aspectos que julgo de extrema importância para estabelecer uma reflexão sobre a formação do ser humano e a responsabilidade como pais, cuidadores em geral e escola neste importante processo.

Vários autores já abordaram este tema de diferentes maneiras e ênfases. A maior ênfase a esta fase formativa até o momento, foi dada por Donald W. Winnicott psicanalista inglês em meados do século passado. Porém, promoveu em mim uma grande satisfação e um profundo alívio intelectual quando me deparei com os ensinamentos de uma linha psicológica que vem se expandindo atualmente chamada Psicologia Simbólica Junguiana.

Esta abordagem enfatiza profundamente a grande importância da dinâmica relacional da criança em seus primeiros anos de vida. A extrema importância da maternagem e da paternagem a que a criança é submetida nesta primeira fase de sua existência, principalmente pelos pais, mas também por todos que exercem esta função.

Dr. Carlos A. Byington, mente privilegiada que estudou profundamente a psicologia humana através das obras dos grandes mestres da psicologia, em especial Freud e Jung, elaborou um saber integrando estas escolas e nos permitiu entender de uma maneira mais ampla, como os primeiros anos de vida de uma criança são fundamentais para o desenvolvimento do ser humano.
Eu, como psicóloga junguiana de longos anos de experiência, tenho me deparado na prática diária com o fato de que apesar de muitos conhecerem e se importarem com esta questão, ainda na prática mesmo, ela não é levada em conta como deveria.
Acredito que falta um conhecimento mais aprofundado de como se dá realmente a formação da personalidade humana.

A Psicologia Simbólica Junguiana traz como princípio básico, que todo o processo de aprendizado é simbólico. A criança vai criando seus símbolos individuais frente às situações de vida que experimenta. Vai reagindo a elas, recebendo a reação delas, e numa relação dialética vai estruturando a sua personalidade, o seu ego.

Como isto acontece?
Este importante processo acontece através das conexões neuronais que vão se estabelecendo nessa fase da vida.
As células nervosas, chamadas neurônios, já estão dentro da caixa craniana quando a criança nasce, mas é pelas experiências, que a criança vive no seu dia a dia, que estes neurônios estabelecem intrincadas relações entre si, promovendo o que nós chamamos de aprendizado.
A criança aprende a andar, falar, escrever, ler, a se comportar. Aprende a noção de vida, quem é ela dentro da família e da sociedade, suas ideias básicas sobre o mundo, etc, através da maneira como ela é atendida, acolhida, cuidada no mundo relacional, como ela reage e como isto recai sobre ela.
Até os 12 anos de idade, a criança aprende a maior parte de tudo que é básico para sua formação.

Os neurônios responsáveis pelas ações voluntárias que são os neurônios motores, vão se conectando com os neurônios responsáveis pelo equilíbrio, com os neurônios responsáveis pela percepção espacial, com os neurônios responsáveis pela visão, com os neurônios responsáveis pelos estímulos do meio ambiente etc, que orquestrados por forças primordiais inerentes à todos os seres humanos, se integram nos impulsionando para o andar por exemplo.
O mesmo acontece com a emissão de sons que, com as ligações entre vários neurônios, se transforma em fala e nos permite pouco a pouco a elaboração da comunicação oral.
Assim acontece também com todas as funções que a criança desenvolve através das experiências, das necessidades e dificuldades que vai tendo que enfrentar, na sua vida relacional.

A criança aprende o que deve fazer, o que não é adequado que seja feito, o que pode ser dito socialmente e o que deve ser feito em espaços privados.
Aprende os conceitos e os valores que a família acha importantes. Que é feio falar palavrões, que deve se respeitar as pessoas, que se deve escovar os dentes, que deve ser educada, etc. Aprende os preconceitos familiares a visão que a família tem do que é ser homem ou mulher, a maneira como a família se sente nesse mundo, como a família se sente dentro da família extensiva a que pertence, dentro da comunidade, dentro da sociedade, etc
E aprende também qual é o conceito que é dispensado a ela pela família e o meio social a que pertence.
Olha que importante isso tudo, não é?

O que torna isto tudo mais sério é que a grande maioria desses aprendizados, destas ligações neuronais, não acontecem por ensinamentos formais, mas sim pelo que a criança vê, percebe. sente, ou como sente que é tratada.
Situações que acontecem no seu dia a dia dentro das relações familiares, e também através de seus cuidadores em geral, e ainda na primeira fase de socialização que é a escola, são as situações que são apreendidas pela criança simbolicamente através destas conexões neuronais, que vão se estruturando no seu cérebro e organizando sua psique.

São essas situações que informam para a criança cotidianamente como ela é vista e considerada e como é o mundo ao seu redor. Se esse mundo a acolhe positiva ou negativamante.
Estas conexões vão então se estabelecer entre seus neurônios e vão fixar este aprendizado, que pode permanecer para o resto de sua vida!!
Se for um aprendizado positivo, respeitador do seu eu, que permitiu um sentimento de inteireza de força interior, de auto conceito positivo, de visão adequada do mundo, ótimo, !!!
Mas e se não for?

E mais importante ainda, estas conexões vão f**ar automatizadas!!
E automatizadas a tal ponto que a criança f**a identif**ada com o que está ali conectado. Achará que aqueles símbolos que ela acabou estruturando durante sua fase formativa a resumem, são ela.
Se foram símbolos q ela elaborou positivamente que estão facilitando sua vivência, bom. Mas se foram símbolos difíceis de serem lidados, conteúdos que foram vividos de forma penosa, que causaram sofrimentos muitas vezes insuportáveis, esses conteúdos vão f**ar paralisando seu desenvolvimento criando zonas de pequenas a grandes fragilidades emocionais.

A situações que de alguma forma pincem aquela vivência paralisada, o cérebro vai apresentar respostas automatizadas, respostas que nem passam pelo pensamento/consciência.
A pessoa nem toma consciência do que está por trás da ação que tomou.
Ela reage automaticamente com ações que muitas vezes ela nem sabe porque expressou. Sente emoções que não entende porque a acometem. Sentimentos de inferioridade, medo de se expor, dificuldades sociais, se sente angustiada, ansiosa, etc e não entende o porquê.

Dá para se depreender disto que foi exposto, a enorme responsabilidade dos pais, avós, e primeiros cuidadores, principalmente, e dos professores, na formação das crianças?

Tem como resolver estas questões?
Não existe é claro, pais perfeitos. Não existe é claro, famílias perfeitas. Não existe é claro escolas ou pessoas perfeitas.
O problema reside no fato de existirem pais, famílias, pessoas e professores inconscientes da importância de seu papel formativo. Pais, famílias, pessoas e escolas que não têm consciência de que participam do processo formativo de suas crianças, e não só educativo e fornecedor de conhecimento e disciplina.
Processo que vai definir que adulto aquela criança se tornará.
Falam o que querem, agem da forma como se sentem, respondem de qualquer jeito, apresentam teorias de educação/criação de filhos de bases duvidosas, sem pensar que estão fornecendo os princípios simbólicos de como a criança vai decodif**ar a si e ao mundo para viver nele. Estão passando seus preconceitos, seus medos e mágoas e seus problemas não resolvidos. Estão passando sentimentos de acolhimento ou rejeição, de abandono ou afeto, de valorização ou desvalorização, de crítica ou de limites construtivos. Sendo muitas vezes agressivos e abusivos.

Li em algum lugar uma colocação que questionava a forma de tratamento educado intra familiar. A posição defendida era que, dentro da família não era necessário que se pedisse por favor, se pedisse desculpas, se agradecesse a gentilezas, etc
Todas ações não ligadas a etiquetas sociais como pensam alguns, mas ações básicas ligadas à respeito humano.

Deve-se ensinar as crianças a respeitarem as pessoas, através do respeito com que se trata as pessoas da nossa convivência: esposa, marido, colegas de trabalho, funcionários, etc, e principalmente através do respeito que manifestamos a ela, criança.
Dessa forma esta criança aprenderá naturalmente a respeitar-nos, sem a necessidade de medidas coercitivas, mandos ou castigos.
Quando se diz que não se deveria “bater” em uma criança, muitas vezes f**a difícil de ser entendido pela maioria das pessoas, que veem essa ação como educativa e necessária. Porém se o adulto age de forma a promover respeito na relação com a criança , a manifestar seu amor através da valorização da existência daquele ser único, e com a consciência de que ele se encontra em importante fase de simbolização, compreensão de si mesma e do mundo, o aprendizado se coloca de forma orgânica, natural e a “agressão física educativa” se torna desnecessária.

Eu trago esta questão à tona porque, embora saiba que não é tão fácil como parece na teoria, ela sim pode ser colocada em prática.
Basta para tanto termos pais e professores e adultos em geral, conhecedores e conscientes da importância dessa fase, que amem e respeitem seus filhos e seus alunos e que pelo menos queiram criar um ambiente familiar e escolar sem violência relacional, que pensem um pouco antes de falar ou agir, levando em conta sua responsabilidade, que queiram ser pais, professores ou cuidadores de crianças, pelo menos suficientemente bons ( parafraseando Winnicott).
Só isso já faz uma grande diferença.

Publico este texto hoje em homenagem ao Dr. Carlos Amadeu Byington, com o mais profundo pesar.
Acabo de receber a notícia de seu falecimento hoje, dia 10/02/2019, pela manhã.
Muitos são os sentimentos gerados por esta grande perda e o que f**a é uma imensa gratidão.

23/06/2016

"O inconsciente controla VOCÊ. Ele NÃO é reprimido, mas COMANDA as grandes decisões, define SUA visão de mundo e guia sua VIDA."

A psicoterapia traz a chave para realizar o encontro com essa força maior e, integrada a ela, encontrar seu caminho e sua paz interior

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