13/07/2023
No livro do autor Lacaniano Bruce Fink, "Sujeito Lacaniano: entre a linguagem e o Gozo", encontramos um formato generoso de transmissão, sem deixar de ser profundo. Quero trazer alguns Posts curtos sobre alguns conceitos discutidos neste livro, com o objetivo de tornar a Psicanálise Lacaniana abrangente.
Hoje decidi tratar brevemente do paradigma neurótico: confundimos Demanda com o Desejo do Outro. No que isso implica? Mal sabemos sobre o nosso próprio Desejo, que nos é opaco, e somente nos é dado a conhecer indiretamente através das Formações do Inconsciente (Lapsos, esquecimentos, sonhos, Atos Falhos...). Acontece que na Estrutura Neurótica somos alienados na medida em que somos falados. Uma linguagem nos antecede, existe antes de nascermos, e quando morrermos, continuará existindo. Antes de nascermos algumas pessoas já falavam de nós: "Será menina", "Esse vai ser astronauta", "Pelo modo como chuta será teimoso igual ao avô...", e por aí vai. Pouco sabemos de tudo o que foi dito sobre nós antes de nascermos, mas estas palavras, e outras que escutamos ao longo da nossa existência são Determinantes, uma vez que o Inconsciente, segundo Lacan, é formulado como uma cadeia de linguagem. "Sujeito é aquilo que um Signif**ante representa para outro Signif**ante". Em português claro: para não f**armos à deriva, nos enlaçamos nestas palavras, tomamos a Demanda Inconsciente de outra pessoa, que representa o Grande Outro para nós, como o seu Desejo. Nossas necessidades e prazeres são, portanto, canalizados, formatados, organizados conforme essa Demanda do Grande Outro, uma espécie de todo-mundo-ninguém, um falatório com vida própria, ao qual nos ancoramos, e deste modo nos distanciamos do nosso próprio Desejo. É preciso, portanto, arriscar-se a falar, e falar, e falar na própria análise, para construir uma narrativa acerca de si mesmo, perceber o próprio Desejo, e aprender a lidar melhor com isso que nos Determina à nossa revelia.