30/07/2025
Duodenopancreatectomia em Octagenários : Revisão e Meta-análise
Phillipos J e cols
HPB 2024, 26, 1435–1447
O câncer de pâncreas representa um desafio oncológico, com expectative de sobrevida em 5 anos entre 15 e 20%, e a ressecção cirúrgica permanence sendo a única opção curativa.
Após duodenopancreatectomia (DP), a morbidade chega a 40% e a mortalidade situa-se em torno de 2% nos melhores serviços.
Com o aumento da longevidade da população, é cada vez mais frequente a necessidade de cirurgias na população octagenária.
Acima de 70% dos pacientes com câncer de pâncreas têm mais que 65 anos.
Os resultados das DP em pacientes acima de 80 anos são conflitantes.
Esta revisão incluiu todos os estudos com casuísticas e resultados comparando pacientes 80+ x até 80 anos entre 1980 e 2023.
Entre 1417 publicações , 26 foram selecionadas, envolvendo 22.481 pacientes submetidos s DP, sendo 20.134 (89,6%) < 80 anos e 2347 (10,4%) com 80 anos ou mais.
A mortalidade em 30 dias foi maior no grupo 80+ (5% x 2,3%).
Complicações pós-operatórias também foram maiores nos 80+ (52,7% x 38,8%).
Complicações mais graves ocorreram de forma semelhante nos 2 grupos (26,1% x 28,3%).
Infecções de sítio cirúrgico ocorreram mais em idosos (19% x 16,5%), assim como sangramento pós-operatório (4,1% x 3,3%), reoperações (9% x 5,9%) e delirium pós-operatório (26,4% x 8,2%).
Não houve diferença em relação a esvaziamento gástrico (12,4% x 14%), fistula pancreática e nem fistula biliar(1,9% x 2,8%).
A ocorrência de complicações clínicas foi 2 X maior nos idosos , sendo as principais de origem cardíaca (IAM, arritmias, e parada cardíaca).
Complicações respiratórias foram as segundas mais frequentes e também ocorreram mais no grupo 80+ (7,4% x 4,1%), com necessidade de reintubação também superior nos idosos (9,2% x 4,9%).
O tempo de internação foi maior nos idosos mas não houve diferença na necessidade de reinternação.
Quimioterapia adjuvante foi realizada mais frequentemente nos jovens (56% x 21,7%).
A sobrevida geral foi comparável (11,6 a 43 m x 13,1 X 65 m) mas quando individualizados os casos de câncer , foi menor nos octagenários :
Okabayashi e cols – sobrevidas 3, 5 e 10 anos – 46,7% , 38,8% e 17,5% x 59,5%, 51,7% e 44,4%
Huang e cols – sobrevidas 1 , 3 e 5 anos – 58,8% , 11,8% e 5,9% x 73,6%, 30,1% e 16,7%
Apesar da morbidade manter-se em torno de 40%, a DP em octagenários aumentou em números e melhorou em resultados. Entretanto, octagenários ainda representam apenas cerca de 11% das DP.
Essa revisão mostrou que a DP em octagenários tem aumento de mortalidade (2 X maior), mais complicações pós-operatórias, além de menores condições de tratamento adjuvante em casos de câncer.
As complicações clínicas também são maiores em octagenários, principalmente cardiorrespiratórias.
Em relação às complicacões cirúrgicas, parece não haver diferenças entre octagenários e mais jovens, exceto em hemorragias pós-operatórias, que podem ser explicadas pelo uso maior de anticoagulantes nessa população.
As complicações pós-operatórias foram maiores nos octagenários (52,7% x 38,8%).
Não há diferenças quanto a estase gástrica, complicação comum após DP.
No longo prazo, os resultados são semelhantes, exceto para casos de câncer. Recidivas em casos de tumores periampulares, são semelhantes.
Kinosh*ta e cols mostraram que DP para câncer pancreático em octagenários não aumentou a sobrevida em relação ao tratamento sistêmico isolado (12,4 m x 11,7m).
Octagenários realizam menos tratamento adjuvante, que é fator prognóstico no câncer de pâncreas.
Oferecer DP a octagenários deve levar em consideração o impacto na qualidade de vida e os reais benefícios da ressecção.
Conclusão
Octagenários em maior mortalidade e complicações pós-operatórias.Avaliação clínica rigorosa e discussões dos benefícios da DP e da qualidade de vida devem ser feitos em todos os casos.