27/02/2025
Como médica, equilibrar a carreira e a maternidade é um desafio constante, e o impacto dessas escolhas vai muito além da esfera pessoal, influenciando diretamente trajetórias profissionais e o cenário da medicina como um todo.
O dado que mais me chamou atenção nesse estudo foi o fato de 79% das médicas terem atrasado ou estarem atrasando a construção da família por conta do treinamento, ou da carreira. Isso reflete uma realidade que vejo de perto: a dificuldade em encontrar flexibilidade em um ambiente ainda tão rígido. A falta de horários adaptáveis, somada ao estresse e à sensação de sobrecarregar colegas, são barreiras que conheço bem.
Outro ponto importante é que, apesar de muitas de nós trabalharmos jornadas extensas, continuamos assumindo uma parte desproporcional das responsabilidades domésticas e familiares. Esse acúmulo não é apenas exaustivo, mas também limita o potencial de avanço profissional, como destacado pelo estudo: 34,1% das médicas relataram abrir mão de oportunidades de progressão na carreira e 33,3% reduziram suas horas de trabalho para conciliar a maternidade.
Os dados sobre preservação da fertilidade trazem outro ângulo interessante. Apesar de 39% considerarem congelar óvulos ou embriões, apenas 12,6% efetivamente fizeram isso.
Esses dados não são apenas números, mas um reflexo de como o ambiente médico ainda precisa avançar para oferecer mais equidade. É essencial criar condições que permitam às médicas alcançar seus objetivos profissionais sem precisar sacrif**ar tanto na vida pessoal.
E por fim, esse texto não é apenas sobre mulheres médicas.
Dra. Michelle Nagai
CRM-SP 173.075