
30/05/2025
🌀 Medusa: monstro ou mulher ferida?
(Um olhar junguiano sobre a culpa e o silenciamento feminino)
No mito, Medusa era uma bela jovem sacerdotisa de Atena. Foi violentada por Poseidon dentro do templo da deusa — e, como punição, quem foi transformada em monstro foi ela. Seu cabelo virou serpentes. Seu olhar, uma maldição. O agressor? Permaneceu ileso.
Na perspectiva junguiana, esse mito fala muito mais do que um conto antigo: ele revela um padrão arquetípico — o da mulher que, ao ser ferida, ainda é responsabilizada pela própria dor.
Medusa representa o feminino que, ao ser violado, é expulso do sagrado e transformado em ameaça. A mulher que, ao gritar ou se proteger, é vista como perigosa, louca, exagerada. A mulher que, ao expressar sua força, é silenciada ou ridicularizada.
Quantas vezes o feminino, ao tentar sobreviver, acaba sendo tachado como culpado?
Na sombra de Medusa, vivem memórias que muitas mulheres carregam: abusos calados, culpas herdadas, dores convertidas em vergonha.
Mas também vive a possibilidade de transformação: olhar para a Medusa dentro de nós com compaixão é recusar seguir punindo o que já foi ferido.
Chegou a hora de resgatar esse feminino da caverna. Não para domá-lo, mas para integrá-lo — e, quem sabe, devolver à Medusa o que lhe foi tirado: sua voz, sua história, sua dignidade.
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