04/02/2025
2º Lema: Viva e deixe viver
O desapego, se não é o maior, é um dos maiores desafios existenciais.
O apego e o controle são a sombra de todo relacionamento com pessoas, lugares e coisas que já não fazem nenhum sentido, sejam substâncias psicoativas, ideias, crenças e valores, sendo relacionadas a circunstâncias ou fatos, conscientes ou não. Esse apego resulta em dores da alma (angústia, depressão, desânimo, ansiedade) e uma constante ideia de que algo errado irá acontecer se eu não intervir.
Vivemos a autoilusão que sabemos o que é melhor para nossos filhos e parentes. No melhor sentido isso é uma preocupação normal, mas, no geral, pura vaidade, afinal de contas temos que mostrar para o mundo que não falhamos: “o que as pessoas vão achar, pensar de mim?”.
Mantém-se casamentos, filhos dependentes, parentes dependentes, justificando essa dependência na economia ou falta de sucesso profissional.
Será verdade? Não seria oposto a isso?
Não tem nada melhor para camuflar uma relação falida ou desarmoniosa que uma boa condição financeira, e também nada mais nefasto que justificar a infelicidade na falta de dinheiro para as “necessidades”.
Na nossa dependência adotamos um discurso genérico social de “eu não consigo”, “se fosse assim ou assado”, “se não tivesse acontecido isso ou aquilo”, entrando no processo de racionalização (mecanismo de defesa do Ego que tenta justificar ações inaceitáveis com motivos aparentemente justos, como por exemplo: rouba, mas faz!).
Nascemos e morremos sete vezes na própria vida. Assim vamos encarnando em todas nossas ações o que somos em essência. E temos uma vantagem, pois escolheremos quem ou o que levaremos para cada nova etapa.
No entanto, as pessoas tendem a ficar presas, fixadas em algum lugar, em alguma pessoa e, o mais grave, apegadas a idéias e valores que não servem mais para nada.
Quando falo de valores não confunda com princípios; honestidade, mente aberta, boa vontade e humildade. Quando falo em valores estou me referindo à necessidade do “doce”, do “brinquedo”, que para uma fase da vida são nossos maiores tesouros, mas que, com o crescimento é transvalorizada e, então, passamos a buscar o prazer outrora sentido com o doce no sabor de um beijo, por exemplo. A boca amplia suas funções!
É disso que estou falando, de valores que sejam ampliados quando expandimos nossa consciência.
E o mesmo acontece com filhos e parentes; nossa intervenção é benéfica até certo ponto, depois nefasta, nociva. Isto é o controle: a menos valia, a falta de confiança no Ser que o outro é, deve ser e será, sem a nossa intervenção (e não confunda aqui não intervenção com indiferença e abandono).
O controle é o patriarcado na sombra, sua origem está no medo, no orgulho, na vaidade. E como é calamitosa a aparência sobrepor e essência.
De outro lado estão as pessoas que ao invés de resolver seus infernos que criaram e seu demônios vivem vampirizando a esperança, a alegria, a paz das pessoas, verbalizando suas histórias de coitadinhas e vítimas, ou manchando a imagem de alguém para mostrar para o mundo que não são as únicas coisas que não prestam sobre este solo.
Viver e deixar viver é, principalmente, deixar de interferir na vida das pessoas que de certa forma são dependentes.
Lembre-se, a sombra do amor é poder, e disciplina é muito diferente de controle.
Há momentos que exigem uma intervenção? Sim! Quando a faculdade mental da pessoa não consegue protegê-las, e, ainda assim, deverá ser realizada sob orientação profissional.
O Amor é Lúcido! O Amor liberta!
Vamos sair do controle e desapegarmos de nossas ideias velhas e ultrapassadas, que em algum momento foram úteis; e de valores que nos fazem de camelos rumo ao deserto. Se não, vamos continuar como crianças atrás de doces e brinquedos que não fazem mais sentido, ou como adolescentes rebeldes, ávidos por companhia humana e paixões que nas fases seguintes da vida se tornam patologias.
Deixemos as pessoas serem o que são, paremos de tentar mudá-las, essa função é delas e, aceite, esse mundo pecador como ele é e não como você gostaria que fosse!
“Viva e deixe Viver”