20/05/2025
Antes das grandes religiões monoteístas, antes do patriarcado dominar o corpo, a mente e a fé… o sagrado era feminino.
Durante milênios, as civilizações antigas cultuaram a Deusa como princípio criador. Ela era a fonte da vida, a mãe da fertilidade, a senhora da morte e do renascimento. Seu corpo era o templo do mundo. Sua sabedoria, o oráculo da existência.
Ela tinha muitos nomes e muitas faces:
Inanna, a deusa suméria do amor, da guerra e da fertilidade.
Ishtar, na Mesopotâmia, associada ao s**o sagrado e à força do feminino.
Astarte, na Fenícia, que representava o amor e o poder criativo.
Isis, no Egito, mãe de todos os deuses, símbolo de magia, cura e maternidade.
Cibele, a Grande Mãe da Anatólia, senhora das feras e da natureza selvagem.
Deméter, na Grécia, guardiã dos ciclos da terra e do alimento.
Artemis, virgem e selvagem, protetora das mulheres e dos partos.
Freya, no norte da Europa, símbolo do amor, da fertilidade e da morte.
O culto à Deusa celebrava os ciclos da vida e da natureza. Honrava a menstruação, o parto, a sexualidade, a cura com as ervas, a intuição. O corpo da mulher era sagrado — não pecado. A espiritualidade era vivida na dança, nas estações, nas fases da Lua. O feminino era centro, não periferia.
Mas com o avanço de sociedades patriarcais e de religiões que colocaram um deus masculino como único e supremo, a Deusa foi sendo apagada. Seus templos destruídos, suas sacerdotisas perseguidas, seu saber considerado bruxaria. O corpo da mulher passou de sagrado a profano. A sexualidade virou tabu. A intuição, heresia.
O livro "Quando Deus Era Mulher", da pesquisadora Merlin Stone, é um verdadeiro despertar. Ele revela, com base em estudos arqueológicos, históricos e mitológicos, como o culto à Deusa foi sistematicamente apagado — e como esse esquecimento moldou as estruturas sociais, políticas e religiosas que conhecemos até hoje.
Texto inspirado na leitura de "Quando Deus Era Mulher", de Merlin Stone.