01/02/2019
#1 “UM(A) TAL DE... NATURÓLOGO(A)”
Não sei quanto a outros colegas, mas já fui apresentado assim algumas vezes. Não é de se estranhar, afinal, a maioria das pessoas nunca ouviu falar de naturologia e talvez você também.
A naturologia já existia no Brasil desde 1994, como curso técnico em Curitiba, mas em 1998 tomou a forma de bacharelado (vulgo curso superior) e assim se estabeleceu.
Eu sei, 20 anos de existência é bem pouco para uma profissão da saúde, mas aconteceram vários desenvolvimentos neste meio tempo várias: As bases e diretrizes do curso foram revisadas e amadurecidas, 11 congressos foram realizados, um código de ética foi criado, elegemos um símbolo, registramos a profissão no CBO (Classificação Brasileira de Ocupações), temos mais de 2 mil naturólogos(as) espalhados pelo Brasil atuando no SUS e no particular nos diversos níveis de atenção (da atenção básica e bem estar, até a alta complexidade), temos uma revista científica indexada na BIREME (Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde) e atualmente o curso está disponível em 3 universidades no Brasil, além de vários outros avanços muito importantes.
Sim, eu sei, até agora eu rasguei muita seda, mas não falei o que faz “esse tal de naturólogo(a)”. Vamos para esta questão fundamental.
Basicamente o(a) naturólogo(a) tem um olhar complexo e integrativo sobre o ser humano e a saúde, atuando através da interagência e das práticas integrativas e complementares.
Calma que vou explicar melhor.
Complexo e integrativo porque entende que os hábitos, emoções, crenças, características físicas e até mesmo o ambiente que a pessoa convive influenciam a saúde, qualidade de vida e os mais diversos aspectos da vida da pessoa e devem ser considerados no tratamento.
Tem um exemplo simples que adoro usar:
Você começa a ter uma dor de cabeça e resolve tratar. Até ai ok, mas essa dor começou depois que você bateu a cabeça, ou depois de uma briga feia com o(a) namorado(a), ou depois de ter comido meia pizza de 5 queijos?
Percebe que, em cada caso, a dor de cabeça não é a mesma porque sua origem não é a mesma? Isso muda completamente como atuar com a pessoa, mais importante ainda, o que precisa pode ser feito pra que a sofrer da mesma coisa. Se for a briga, é preciso gerir as emoções. Se foi a pizza, talvez seja necessário rever os hábitos alimentares. Se for batida/impacto, é necessário reduzir a inflamação e fazer exames para investigar.
Este olhar e entendimento humanizado é uma das bases da Interagência, que é uma relação terapêutica do(a) naturólogo(a), onde quem busca o atendimento também é responsável pelo seu processo de cura/superação/melhora.
Outro exemplo: você compra todo um conjunto de roupa fitness e contrata um personal trainer pra começar a correr. Você quer correr a São Silvestre no fim do ano. Até ai tudo lindo, tudo ok. Mas se você não for aos treinos, por melhor que seja o personal e suas roupas, você não vai conseguir correr nem até a esquina, porque simplesmente ninguém pode treinar por você.
Com a sua saúde (e praticamente tudo na vida) é a mesma coisa. Ninguém pode te dar aquilo que só você pode acessar, seja cura para uma enfermidade, amor próprio, autoconhecimento, superação de um trauma, etc e etc.
Junto com o(a) naturólogo(a), o interagente traça estratégias e a trabalha seus processos de no seu tempo e de forma respeitosa consigo mesmo.
(Chamamos quem busca atendimento com o naturólogo de interagente porque é aquele que interage, que tem ação.)
Durante o processo, o(a) naturólogo(a) faz uso de diversas práticas integrativas e complementares (PICs) e de algumas racionalidades médicas (que provavelmente você conhecia tudo como medicinas alternativas, mas é um nome bem inadequado), conforme a necessidade do interagente e as especialidades do(a) naturólogo(a) (como o curso apresenta uma variada de PICs, nada mais natural que cada profissional utilize aquelas que se identifica e se interessa mais).
As PICs são práticas terapêuticas que tem um olhar vitalista sobre a saúde, ou seja, focam em levar a saúde das pessoas para um equilíbrio harmônico. Com certeza alguma delas você conhece. Algumas das mais conhecidas são acupuntura, aromaterapia, fitoterapia, yoga, meditação, massoterapia e sistemas florais.
Tudo isso pode parecer confuso de certa forma ou diferentão, mas acredite, é um trabalho bem bonito e mais fácil de entender passando por um(a) naturólogo(a) e sentindo do que eu tentando explicar em um texto,
Então eu te convido a passar por um(a) naturólogo(a) pelo menos 1 vez para ter essa experiência.
Não precisa "estar doente" para passar com a naturologia, só precisa querer.
Espero ter esclarecido pelo menos algumas questões básicas sobre essa profissão graciosa.
..
O quê? Eu não falei o que são racionalidades médicas?
Bem, meu jovem, esta é uma história para um outro dia...
__________
Referências para quem quiser aprofundar mais no assunto:
-Artigos:
--Perfil socioeconômico profissional dos naturólogos do Brasil http://portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/CNTC/article/view/4975
--A naturologia e a interface com as racionalidades médicas http://portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/Cadernos_Academicos/article/view/668
--Naturologia: prática médica, saberes e complexidadehttp://apanat.org.br/_upload/repository/Terapias/Naturologia_Adriana%20Magno.pdf
--Avaliação de qualidade de vida e importância dada a espiritualidade/religiosidade/ crenças pessoais (SRPB) em adultos com e sem problemas crônicos de saúde http://www.scielo.br/pdf/rpc/v38n1/a05v38n1
--O instrumento de avaliação de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-100): características e perspectivas https://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S1413-81232000000100004&script=sci_arttext&tlng=en
-Livros:
--Referências em Naturologia: Um sistema terapêutico de cuidado em saúde (2018)
Sites:
--http://www.naturologia.org.br
-Imagem:
--Simbolo oficial da Naturologia (Sociedade Brasileira de Naturologia - SBNAT)