
19/04/2025
Podemos Morrer de Amor? A Síndrome do Coração Partido Explica Essa Dor Real
Quem nunca ouviu a frase "morri de amor"? Por mais poética que pareça, a ciência nos mostra que essa expressão pode ter um fundo de verdade, ainda que de uma maneira um pouco diferente do que imaginamos. A Síndrome do Coração Partido, também conhecida como cardiomiopatia de Takotsubo ou cardiomiopatia induzida por estresse,1 nos oferece uma janela para entender como emoções intensas, especialmente aquelas ligadas à perda e ao sofrimento amoroso, podem afetar nosso coração de forma física e perigosa.
Imagine a dor lancinante de uma perda amorosa, a intensidade do luto após o falecimento de um parceiro, ou o choque de uma traição inesperada. Esses eventos podem desencadear uma descarga massiva de hormônios do estresse, como a adrenalina. Essa inundação hormonal pode, por sua vez, "atordoar" o músculo cardíaco, levando a um enfraquecimento repentino e temporário do ventrículo esquerdo – a principal câmara de bombeamento do coração.
O resultado? Sintomas que mimetizam um ataque cardíaco: dor no peito, falta de ar, palpitações, tontura e até desmaios. A semelhança é tanta que, muitas vezes, apenas exames específicos como o ecocardiograma conseguem diferenciar a síndrome do coração partido de um infarto tradicional, revelando a característica forma arredondada do ventrículo, que lembra um "takotsubo", o pote de pesca japonês.
Embora a maioria das pessoas se recupere completamente da síndrome do coração partido em algumas semanas ou meses, em casos raros, as complicações podem ser graves e, infelizmente, levar à morte. Isso nos mostra que a conexão entre nossas emoções e nossa saúde física é muito mais profunda do que imaginamos.
O amor, em sua ausência ou em sua forma mais dolorosa, pode sim ter um impacto físico devastador no nosso corpo. A síndrome do coração partido é a prova de que a dor emocional intensa não é apenas uma metáfora. Ela pode se manifestar de forma concreta, afetando um dos nossos órgãos vitais.
Portanto, da próxima vez que você ouvir alguém dizer que está "morrendo de amor", lembre-se que, por trás da hipérbole, pode haver uma vulnerabilidade real.