18/08/2025
O Reino Unido aprovou o Teplizumabe (Tzield), primeiro medicamento capaz de retardar a progressão do diabetes tipo 1 antes dos sintomas. A decisão da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA) libera o uso para adultos e crianças a partir de 8 anos no estágio 2 da doença, quando exames já detectam autoanticorpos contra células do pâncreas, mas a glicose ainda está normal.
O fármaco, um anticorpo monoclonal, modula a resposta autoimune, desacelerando a destruição das células beta e preservando parte da produção de insulina. Isso mantém a glicose estável por mais tempo, reduz hipoglicemias graves e adia a necessidade de insulina. Estudos mostram que ele pode atrasar, em média, 3 anos o início do estágio 3 e, em alguns casos, até 5 anos.
A aprovação se baseia em ensaio clínico de fase II com 76 participantes de alto risco, em que uma infusão diária por 14 dias atrasou a evolução da doença em média 32,5 meses. Pesquisadores acreditam que também possa beneficiar recém-diagnosticados, preservando até 20% da função pancreática e facilitando o controle glicêmico.
No Reino Unido, organizações trabalham para incluir o tratamento no sistema público de saúde e criar programas de rastreamento precoce, já que sem diagnóstico antecipado o medicamento perde eficácia.
No Brasil, a Anvisa ainda não avaliou o Teplizumabe. Obstáculos incluem diagnóstico tardio, ausência de rastreamento no SUS, alto custo (cerca de R$ 1 milhão por ciclo) e necessidade de infusão hospitalar por 14 dias. Especialistas apontam que o país precisa priorizar detecção precoce e ampliar infraestrutura antes de adotar a terapia.
A medida britânica marca uma mudança de paradigma no diabetes tipo 1: intervir antes dos sintomas para alterar o curso da doença, reforçando a importância da ciência e do diagnóstico precoce.