
30/04/2025
Neste dia da dança, não trago fotos de meus tempos de palco.
Trago apenas este frame de um vídeo que fiz como registro de uma experiência a que me propus ali, no ateliê, dentro da minha casa, na minha intimidade, dançando o que me doía e reintegrando fragmentos da minha história com minhas danças.
Toquei a música que havia dançado aos 9, em minha primeira experiência de palco (esta mesma que você está ouvindo se tiver libersdo o volume).
Este foi um momento em que a dança passa a curandeira de minhas feridas. Um momento em que a sombra revela a luz e que a dor se transforma em alegria se ser exatamente quem sou!
Depois de dançar, meu corpo suado assim escreveu.
Na mulher que sou, habita uma pequena menina.
Uma pequena passarinha que dançava voando pra lá e pra cá.
Uma pequena que sonhava ser bailarina, que nasceu bailarina, mas não se sabia.
A pequena gesticulava com as mãos, rodopiava com a cintura e e saltitava com as pernas desengonçadas.
Na mulher que sou, habita uma menina-mulher.
Uma menina-mulher que só queria dançar, mesmo quando diziam não ser possível, mesmo quando seu corpo era julgado inadequado pela sua grandeza, fora do padrão.
A adolescente dançava dores e delícias dela e do mundo, entre força e vulnerabilidade, expressava emoções intensas e surpreendia criando danças sobre as amarras das quais todo humano merece se libertar.
Na mulher que sou, habita a menina e a adolescente que fui.
Habita a oscilação entre esconder-se na co**ha ou fazer dela fonte d'onde brotam moveres genuínos. São ondas de expansão e recolhimento que hoje tem liberdade de ser em mim.
Habita ainda o sonho de um mundo onde toda pessoa possa ser expressão de suas potencialidades e, cada vez mais, si mesma.
Na mulher que sou, hoje colo para todas as que fui, caminhos internos para trabalhar na transformação social, ecológica, espiritual que todas nós merecemos.
Começo por mim, lanço sementes aos 7 ventos e vamos nos inspirando a descobrirmos nossas próprias rotas.
Na mulher que sou, sei que tem algo que também tem em você.
"Sou porque somos", não é mesmo?
Sinto que não há verdade maior e com tanta possibilidade de expansão do que essa.
Vem comigo? Vem!