
29/06/2025
𝑷𝒂𝒓𝒂 𝒐𝒏𝒅𝒆 𝒗𝒂̃𝒐 𝒐𝒔 𝒅𝒊𝒂𝒔 𝒒𝒖𝒆 𝒏𝒂̃𝒐 𝒄𝒉𝒆𝒈𝒂𝒎𝒐𝒔 𝒂 𝒗𝒊𝒗𝒆𝒓?
Juliana. Um nome leve, comum, quase dançante. Como o corpo de uma menina que viaja o mundo com a alma aberta e os pés descalços na areia quente da vida.
E então, de repente, ela não volta.
Não há maneira certa de contar quando a vida se desfaz antes da próxima curva. Só se sente o silêncio. E ele pesa. Como se o mundo perdesse por um momento a própria sintonia — e tudo desacelerasse diante daquilo que não faz sentido.
A morte de alguém jovem, em movimento, em liberdade, dói de um jeito particular. Porque não foi apenas uma vida que se perdeu. Foi uma promessa. Um caminho. Uma multiplicidade de “e se’s?”.
E não importa se foram minutos ou dias — o tempo, nesse tipo de tragédia, se curva. F**a espesso. Porque o que realmente dói não é só a morte em si. É o espaço que ela deixa: os planos interrompidos, as mensagens não enviadas, os sorrisos não dados.
Juliana virou, sem querer, uma ausência coletiva. Uma pergunta sem resposta. Um luto que ultrapassa o privado, porque todo mundo sente quando a vida perde alguém que ainda tinha tanto a oferecer ao mundo.
E diante disso, talvez o que nos reste não seja entender. Mas lembrar.
Lembrar que nenhuma aventura é banal. Que nenhuma vida é pequena. Que existe urgência em viver com presença, com verdade, com afeto.
Porque nunca sabemos qual foto será a última. Qual passo será o penúltimo. Qual palavra não dita não voltará mais.
A Juliana não volta. Mas talvez, se formos honestos, ela nos ensine — mesmo assim — a cuidar melhor da nossa própria travessia.
Na foto, um desses penhascos que me escandalizou duplamente, de medo de cair e deslumbramento, na cidade de Ronda (Espanha).
**am