25/07/2025
Preta Gil faleceu em 20 de julho, Dia do Amigo e, hoje, seu funeral, marca o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. São datas marcantes e que celebram a própria Preta.
Querida por todos, amiga de muitos, Preta era uma unanimidade. Além de artista talentosa, tornou-se uma mulher extraordinária. Era uma grande referência feminina que, a partir de seu próprio exemplo, lutou contra preconceitos – racismo, idadismo, gordofobia, homofobia...
Ela me conquistou quando surgiu nua na capa de seu primeiro disco. Aos 29 anos, foi corajosa para ir contra os padrões de beleza. Pioneira, levantou pautas cheia de amor-próprio. Preta era carismática, exaltava sua negritude e irradiava amor e alegria.
Em seu velório tinham pessoas de todas as idades, segurando cartazes, flores, entoando suas canções. Como compartilhou sua doença e sua finitude com o público, a perda de Preta é um luto coletivo. Todos sentindo muito sua partida após um longo período de tratamento em meio a seu intenso amor à vida.
Filha de Gilberto Gil, sobrinha de Caetano Veloso, afilhada de Gal Costa. Apesar de vir de uma dinastia de estrelas da MPB, Preta tinha luz própria. E como brilhava...
Nesse cenário de tristeza, penso em sua mãe, Sandra Gadelha. Discreta, longe dos holofotes, está em profundo luto. Mais uma vez.
Em 1990, ela havia enfrentado, tragicamente, a perda do filho Pedro. Trinta e cinco anos depois, chora novamente por sua filha Preta.
Há algo de trágico e triste em perder um filho, especialmente aos 74 anos. É a contramão da ordem natural da vida, uma dor dilacerante. Dos três filhos de Sandra, só resta um. Apesar do tempo de evolução do quadro de Preta, nunca estamos preparados para a morte de nosso(s) filho(s). No caso de Sandra, no plural.
À Sandra Gadelha, uma mãe sempre reverenciada por sua filha, e à família Gil só nos resta desejar força e carinho nesse momento de dor. E que o legado e a arte de Preta sejam lembrados não como ausência, mas em eterna presença de luz e alegria, celebrando o sorriso e o impacto de Preta em tantas vidas.