
03/09/2025
A ideia de que só certos corpos “podem” ou “devem” praticar atividade física cria barreiras invisíveis, mas poderosas: medo de julgamento, vergonha, sensação de inadequação. O exercício, que deveria ser um espaço de liberdade, vira um território cercado por padrões e cobranças.
A verdade é que todos os corpos podem se mover. Cada um com seus limites, seus desafios, suas histórias. Alguns com mais energia, outros precisando de pausas. Alguns acostumados a treinos intensos, outros iniciando devagar. Não há hierarquia nisso, porque a atividade física não é privilégio de poucos: é um direito de todos. O movimento pertence à vida, não a um modelo de corpo.
Quando entendemos isso, passamos a praticar o respeito e a gentileza como princípios básicos do exercício. Respeito para escutar os sinais que o corpo envia: a dor que pede pausa, a respiração que pede calma, a fadiga que pede descanso. Gentileza para adaptar a prática à realidade de cada um, sem exigir metas inalcançáveis, sem impor comparações, sem transformar o movimento em punição.
Exercitar-se é habitar o corpo como ele é hoje, reconhecendo sua potência e suas necessidades. É experimentar possibilidades, encontrar prazer em se mover, cultivar saúde dentro do que faz sentido para cada história. Isso não significa ausência de esforço, mas presença de cuidado: esforço que fortalece, e não que machuca; movimento que acrescenta, e não que diminui.
Não existe corpo errado para se exercitar porque o movimento não é sobre caber em padrões, mas sobre se conectar consigo. O exercício não precisa ser moldura de um ideal, mas caminho de presença, vitalidade e autonomia. Quando o respeito e a gentileza guiam essa jornada, cada corpo encontra o seu jeito de se mover — e é nesse encontro que o exercício volta a ser o que sempre deveria ter sido: uma forma de viver, e não de se punir.