05/07/2025
HONRAR OS PAIS SIGNIFICA TOMÁ-LOS COMO ERAM
"O rejeitado adere a nós com firmeza. O inaceito e banido do coração nos liga através da própria energia emocional da rejeição. Em vez disso, aquilo que podemos reconhecer, apreciar e tirar nos torna livres. Quando conseguimos amar o recebido dos nossos pais e a nossa história como tem sido, então começa o perfume da liberdade. Podemos fazer isto à nossa maneira. Muitas tradições, e concretamente as tábuas de Moisés, impõem o mandamento de 'honrar os pais', conscientes do seu poder libertador e do bem-estar que traz às pessoas. Mas este lugar chega-se depois de um árduo processo interior. Na verdade, não pode ser fabricado como mandamento nem ser erguido em imposição fictícia. As tradições apontam o dedo sábio para o caminho certo para chegar a este lugar e, se faz sentido para nós, devemos percorrê-lo. Se decidirmos fazê-lo, aí começa todo um processo. Por isso, muitas abordagens psicoterapêuticas, enquanto procuram soluções para os problemas das pessoas, colocam um objetivo integrador, algumas vezes explícito e outras implícito: restaurar o amor pelos nossos pais, recuperar o movimento amoroso natural e espontâneo que a criança sentia pelos seus pais. As pessoas que avançam nesse processo costumam se sentir mais íntegras, congruentes e amorosas. Melhoram suas relações pessoais e afetivas, ganham maturidade, serenidade e acima de tudo autoestima. Eles alinham-se com o misterioso fluir da vida com mais força. Honrar os pais não tenta apenas honrá-los como seres individuais, mas através deles honramos a vida. Se focarmos isso com serenidade, nos comprometemos com a melhor vida possível, com a maior felicidade e realização, que somos obrigados a dar à vida e aos outros aquilo que temos para dar, fazer o que temos para fazer e receber o que a vida tem para nos dar. O mandamento diz: Honrarás teu pai e tua mãe. Mas continua com uma frase subordinada de extrema relevância: «E assim terás uma longa vida na terra». Vida longa, saúde plena, é fruto de acenar nossas raízes e abrir o coração para nossa história. E com isso ganhar a liberdade de nos entregarmos a cada presente que nos arruma". Joan Garriga