UBS 2 - Salete/SC

UBS 2 - Salete/SC Unidade Básica de Saúde 2 Salete/SC

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04/07/2025

https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2025/07/cuidar-dos-cuidadores.shtml

Cuidar dos cuidadores

Mais de 90% dos responsáveis por idosos com demências são mulheres; é preciso ampliar acesso a centros de acolhimento

As síndromes que causam déficit progressivo na função cognitiva, conhecidas como demências, impactam não só os pacientes, mas seus familiares, principalmente as mulheres.

Ao desenhar políticas, portanto, o poder público precisa implementar ações integradas com foco nos parentes dos enfermos, ainda mais considerando o envelhecimento da população.

Segundo pesquisa recém-publicada da Unifesp, 93,6% dos cuidadores de pessoas com demência no país são mulheres e têm idade média de 48,8 anos, sendo que 42,8% abandonaram o trabalho para se dedicar aos pacientes. Em 94,9% dos casos, a tarefa é realizada sem remuneração.

Dentre o total de cuidadores, 85% relatam exaustão emocional, 78% declaram sentir cansaço físico constante e 62,5% afirmam que a função impactou negativamente sua vida pessoal.

Uma das principais formas de minimizar a pressão sobre os familiares é a oferta de espaços de acolhimento a idosos demenciados durante o dia, para que seus parentes possam trabalhar e descansar. Mas, segundo levantamento da Folha, há apenas 183 desses centros-dia no país e a maioria não tem foco no tratamento de pessoas com transtornos de déficit cognitivo.

Governos nas três esferas precisam se articular para ampliar o acesso a esse tipo de serviço.

Dados do censo do IBGE mostram que, de 2000 a 2022, a parcela da população de zero a 14 anos de idade caiu de 30% para 20,1%, e a dos acima de 60 anos saltou de 8,7% para 15,6%. Estima-se que, em 2070, os mais jovens serão 12%, e os mais idosos, 37,8%.

Em 2024, o Ministério da Saúde divulgou que 8,5% do estrato com 60 anos ou mais vive com demência, o que representa cerca de 1,8 milhão de pessoas. A projeção para 2050 é de 5,7 milhões.

Assim, é necessário alocar recursos não só em tratamento, que deve ser interdisciplinar (com neurologistas, psicólogos, nutricionistas, enfermeiros, cuidadores e cuidados paliativos), mas também em prevenção.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 40% dos casos de demência poderiam ser evitados por meio de ações mirando 12 pontos: educação (antes dos 45 anos), hipertensão, obesidade, perda auditiva, traumatismo cranioencefálico, abuso de álcool, tabagismo, depressão, sedentarismo, isolamento social, diabetes e poluição do ar.

As evidências deixam claro que os impactos do envelhecimento, como o aumento de casos de demências, no futuro da população brasileira precisam ser enfrentados pelo Estado desde já.

Mais de 90% dos responsáveis por idosos com demências são mulheres; é preciso ampliar acesso a centros de acolhimento

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04/07/2025

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Como o SUS virou exemplo de saúde pública no Reino Unido

Sistema Único de Saúde do Brasil foi inspirado no sistema de saúde pública do Reino Unido, o NHS, e, hoje, é o brasileiro que serve de modelo para o britânico

André Biernath
Londres | BBC News Brasil

A médica brasileira Maitê Gadelha, de 29 anos, não esconde sua paixão pela saúde pública.

Nascida em Belém e formada pela Universidade do Estado do Pará, ela confessa que teve alguma dificuldade para encontrar uma especialização após terminar o curso de Medicina.

"Sempre me envolvi com organizações não governamentais e trabalhos sociais para entender como é lidar com a saúde fora dos consultórios", diz a médica, que foi uma das coordenadoras do UK Brazil Forum 2025, um evento realizado em junho que debateu questões brasileiras na Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Essa vontade fez com que Gadelha atuasse em uma clínica itinerante, que visitou dezenas de cidades paraenses durante a pandemia de covid-19, para prestar assistência às comunidades ribeirinhas e quilombolas.

Ela também trabalhou no Rio de Janeiro, onde atuou no bairro de Rio das Pedras da capital e na zona rural do Estado.

Após concluir uma residência em Medicina da Família e da Comunidade e um MBA no Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, a médica ganhou uma bolsa do governo britânico e mudou-se para a Escócia, onde foi fazer um mestrado em Saúde Pública na Universidade de Edimburgo.

"Minha ideia era vir para o Reino Unido e aprender mais sobre o sistema de saúde do país, para depois voltar ao Brasil com essa bagagem de conhecimento e aplicar os aprendizados na nossa realidade", conta ela.

A médica lembra que o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, criado no final dos anos 1980, é inspirado no Serviço Nacional de Saúde (NHS, na sigla em inglês) britânico, que existe desde 1948.

"Queria conhecer como as coisas funcionam por aqui [no Reino Unido] e como eles conseguiram construir esse sistema de saúde pública", detalha ela.

Mas teve uma coisa que Gadelha não esperava.

"Me surpreendi ao ver o Brasil e o SUS como exemplos de saúde pública na universidade na Escócia", conta ela.

"Isso foi algo que me orgulhou muito", confessa a médica.

Segundo o relato dela, muitas das discussões que ela acompanhou em sala de aula giravam em torno da ideia do que outros países podem aprender com o Brasil, com o modelo de saúde implantado no país.

Gadelha diz que o conhecimento sobre o sistema brasileiro entre colegas de classe variava bastante.

Entre alunos, que, como ela, vinham de vários cantos do mundo, alguns não sabiam detalhes sobre o funcionamento do SUS —e chegavam a questionar como era possível prestar um nível de assistência médica amplo num país tão grande como o Brasil.

"Agora, entre professores, principalmente aqueles que pesquisam sistemas de saúde, há um reconhecimento do nosso país como um modelo", diferencia ela.

O que o SUS pode ensinar ao mundo?

Na avaliação de Gadelha, uma das joias da coroa do SUS é a Estratégia Saúde da Família (ESF).

Esse modelo, implantado em boa parte do território nacional, depende do trabalho dos agentes comunitários de saúde, que visitam as casas das famílias e fazem um acompanhamento de sintomas, incômodos, doenças crônicas e outros aspectos que podem impactar a vida e o bem-estar das pessoas.

Aliás, essa estratégia começou a ser replicada em projetos pilotos de outros países, inclusive no próprio NHS do Reino Unido, como detalhou a BBC News Brasil nesta reportagem de junho de 2023.

"A gente tem tanto a ensinar... Hoje em dia, muito se fala sobre a implementação de projetos com agentes comunitários de saúde e sobre o envolvimento das comunidades nos programas de atenção básica", explica Gadelha,

"Existe todo um trabalho da Organização Mundial da Saúde sobre esse tema, que é algo que o Brasil faz de uma forma muito fácil e tranquila, enquanto os outros países ainda estão pensando em formas de implementar iniciativas do tipo", complementa ela.

Mas os exemplos positivos que vêm do SUS não param por aí.

"O sistema de saúde brasileiro tem princípios muito sólidos, principalmente quando se fala de universalidade", acrescenta a médica.

"Um tema relevante no mundo globalizado que vivemos hoje é a falta de acesso à saúde quando você vai visitar um outro país. Há uma grande discussão sobre como garantir isso de forma universal, para todos."

"E isso é algo que já existe no nosso país. Independentemente se você for brasileiro ou estrangeiro, não vai ficar desamparado se precisar de uma assistência por meio do SUS", destaca a especialista.

Gadelha também aponta para o modelo de financiamento do SUS e a forma como os serviços são oferecidos sem custos diretos à população.

"Em muitos países, há o chamado 'out of pocket', ou a necessidade de a pessoa que precisar de algum serviço de saúde ter que pagar por isso, ao menos por uma parte."

"Existe uma grande preocupação de quantas catástrofes financeiras você pode causar numa família por conta disso", observa ela.

Na visão de Gadelha, outro ponto que coloca o SUS na vanguarda são as parcerias público-privadas, que envolvem a contratação de equipamentos e serviços de empresas para prestar assistência à população.

"Isso é algo que o NHS, por exemplo, começou a implantar recentemente para reduzir as filas de espera por exames, consultas e procedimentos", diz ela.

O conhecimento sobre a realidade dos problemas de saúde também é algo que faz o Brasil ganhar uma posição de destaque, acredita a médica.

"Uma aula sobre tuberculose, por exemplo, é muito mais rica no nosso país, porque a gente consegue realmente entender os motivos de um problema desses persistir e qual o papel dos determinantes sociais da saúde", diferencia ela.

"Sabemos que lidar com doenças como essa não depende apenas da medicação. Compreendemos melhor como o ambiente pode propiciar a disseminação de certas condições."

Para Gadelha, o sistema brasileiro já entendeu faz tempo que a promoção de saúde é "algo multifatorial, que precisa da parceria com áreas como assistência social, educação e outros setores".

O que o SUS pode aprender com o mundo?

Mas nem tudo são boas notícias para o Brasil —e, certamente, há coisas a melhorar no sistema público de saúde, pondera a especialista.

"Um dos artigos apresentados nas aulas aqui na universidade foi sobre comunicação. E um exemplo a não ser seguido foi a forma como nosso país conduziu a pandemia de covid-19", lembra ela.

"O debate ali era como um país com um sistema tão capilarizado, tão forte, conseguiu ter uma comunicação tão ruim naquele período."

"Em contrapartida, durante a emergência de saúde pública, o SUS conseguiu chegar em locais muito difíceis, inclusive para a vacinação", argumenta ela.

Outro ponto em que, na visão de Gadelha, a saúde pública brasileira está em descompasso com o restante do mundo é em termos de sustentabilidade e mudanças climáticas.

"Recentemente participei de um evento com um representante do NHS e ele falou muito sobre a transição energética, sobre a substituição de 100% das ambulâncias para veículos elétricos até 2030, sobre oferecer alimentos em hospitais cujos ingredientes vêm de produtores locais, sobre diminuir as emissões de carbono..."

"Essa discussão ainda está muito incipiente no Brasil e é algo que precisamos fazer, ainda mais com a realização da COP 30 em Belém do Pará, no final deste ano", sugere ela.

A médica também chama a atenção para a necessidade de investir em educação continuada dos profissionais que atuam no SUS.

"Na minha turma de saúde pública da Universidade de Edimburgo, havia muitos alunos que eram funcionários do NHS. Precisamos dar prioridade a isso, para que colaboradores do SUS tenham mais acesso a treinamento, capacitação, aprendizado e pesquisa", acredita Gadelha.

Um último ponto que a especialista vê necessidade de aprimoramento é diminuir a carga de trabalho burocrático que recai sobre os ombros de médicos, enfermeiros e assistentes de enfermagem.

"Esse é um dos grandes pesos, principalmente para quem atua com Medicina da Família e da Comunidade", lamenta ela.

"Precisamos realizar muitas tarefas administrativas, fazer toda uma gestão do paciente, que demanda muita energia e tempo, além de diminuir o espaço para o atendimento assistencial."

"Se a gente conseguisse formar trabalhadores para atuar nesse setor administrativo e deixar o profissional de saúde fazer aquilo para o qual se formou, teríamos um ganho enorme", sugere ela.

Gadelha agora planeja a volta ao Brasil, para dar continuidade à carreira —e traz na bagagem novos conhecimentos e muitos sonhos.

"Nosso país tem muita capacidade, possui times super treinados e profissionais que entendem a fundo sobre o local onde trabalham. Se a gente integrar tudo isso, vamos conseguir promover ainda mais saúde à população brasileira."

"Volto com a sensação de que temos o SUS como um sistema muito sólido, com toda a possibilidade de seguir adiante com nossas próprias capacidades", conclui ela.

Sistema Único de Saúde do Brasil foi inspirado no sistema de saúde pública do Reino Unido, o NHS, e, hoje, é o brasileiro que serve de modelo para o britânico

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04/07/2025

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Brasil pode economizar R$ 24,8 bi por ano em custos de saúde se reduzir em 1% a taxa de tabagismo

Cálculo é de nova ferramenta internacional que estima quanto os países podem ganhar com aumento do preço do tabaco

Cláudia Collucci
Dublin

Se reduzisse a prevalência de fumantes em apenas um ponto percentual, o Brasil deixaria de gastar por ano R$ 24,8 bilhões com os custos diretos e indiretos relacionados ao tabagismo, mostra uma nova ferramenta apresentada durante congresso internacional de controle do tabaco, que ocorreu em Dublin (Irlanda) nesta semana.

O modelo interativo, que consta no novo Atlas do Tabaco, demonstra como os países podem usar impostos sobre o tabaco para gerar novas receitas, reduzir o número de fumantes, aumentar a produtividade econômica e recuperar milhões em despesas de saúde no tratamento de doenças relacionadas ao tabagismo.

Desenvolvido pela equipe de economia para a saúde da Universidade Johns Hopkins, Vital Strategies e American Cancer Society, o Estimador de Recuperação de Custos e Receitas (Corre, na sigla em inglês) usa dados recentes de mais de cem países para estimar o possível ganho de receita tributária em diferentes cenários fiscais.

No Brasil, por exemplo, a ferramenta parte de uma prevalência média de 11% de tabagismo e de um gasto de R$ 334,1 bilhões, entre tratamento das doenças causadas pelo cigarro, perda de produtividade e mortes. Considera R$ 5,50 o preço médio e 4,4% de total de taxas por maço de cigarro.

No cenário mais conservador, se quisesse reduzir a prevalência para 10%, o preço recomendado do maço de cigarro seria R$ 8 com taxas de 6,9%. Assim, teria na receita fiscal dos ci****os um ganho esperado de R$ 3,6 bilhões e deixaria de gastar quase R$ 25 bilhões com despesas relacionadas ao tabagismo.

A OMS (Organização Mundial da Saúde), a The Union (União Internacional contra a Tuberculose e as Doenças do Pulmão) e especialistas de diversos países presentes na conferência defenderam fortemente os impostos sobre o tabaco como uma das estratégias mais eficazes para prevenir a iniciação ao tabagismo, incentivar a cessação e reduzir o uso geral do tabaco.

"O custo anual do tabaco é impressionante, são 8 milhões de vidas perdidas a cada ano, cerca de US$ 2 trilhões em prejuízos econômicos, grande parte disso proveniente da média de 11 anos de vida que os fumantes perdem, o que significa uma produtividade econômica muito menor", disse Jeff Drope, professor pesquisador e diretor da equipe de economia para a saúde da Johns Hopkins.

Mary-Ann Etiebet, presidente da Vital Strategies, lembrou que, em tempos em que governos de todo o mundo enfrentam déficits de financiamento em saúde, o aumento de impostos pode significar uma fonte nova de receitas.

"Esperamos que a ferramenta [Corre] sirva para ajudar os países a concretizar o triplo ganho de salvar vidas, reduzir os custos dos cuidados de saúde e gerar receitas", afirmou.

Um estudo lançado no início deste mês pelo núcleo de gestão em saúde da FGV (Fundação Getulio Vargas) recomenda que o Brasil siga diretriz da OMS que sugere uma carga tributária mínima de 75% sobre o preço final do cigarro. Atualmente, essa carga gira em torno de 70%.

Países da União Europeia, por exemplo, ultrapassam os 80%. O estudo também propõe que os impostos sejam ajustados regularmente com base na inflação, o que pode contribuir para a redução do consumo.

Durante a conferência, o Brasil foi elogiado pela bem-sucedida política antitabagista, mas vários especialistas citaram o fato de o país ter ficado sem reajustar o preço do cigarro entre 2016 e 2024 como um dos principais fatores que levaram o país a registrar aumento na taxa de fumantes.

De acordo com dados preliminares divulgados pelo Ministério da Saúde, entre 2023 e 2024, o percentual de adultos que fumam subiu de 9,3% para 11,6%, um crescimento que interrompe uma tendência de queda que durava quase duas décadas. O aumento foi mais expressivo entre as mulheres, cuja taxa passou de 7,2% para 9,8% —entre os homens, passou de 11,7% para 13,8%.

"O maço de cigarro é muito barato no Brasil. Por isso não dá para considerar só a porcentagem da carga tributária [recomendada pela OMS]. Precisa ter aumento de preço para coibir o consumo", afirma Monica Andreis, diretora da ACT Promoção da Saúde, organização que trabalha na promoção e defesa de políticas públicas de saúde, entre elas ações contra o tabagismo.

Na reforma tributária também há um imposto especial (TET) que incidirá sobre os ci****os e um imposto geral que incidirá o consumo (IBS). Assim, a carga tributária sobre os ci****os será a soma de ambos.

Vera Luiza da Costa e Silva, secretária executiva da Conicq (Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro sobre Controle do Uso do Tabaco e de seus Protocolos), afirma que, embora haja um consenso sobre os benefícios trazidos pelo aumento das taxas e do preço do tabaco, a aplicação ainda é um desafio no Brasil e em outros países.

"Há um lobby muito grande da indústria do tabaco, que tem toda uma narrativa de que aumentar os impostos significa também aumentar o comércio ilícito, quando, na verdade, estudos internacionais e estudos no Brasil mostram que não."

Segundo ela, o comércio ilícito depende de muitos outros fatores, entre eles a criminalidade. "Não existe isso de você migrar do lícito para o ilícito. O cigarro ilícito também aumenta o preço. Há situações vividas em favelas do Rio de Janeiro em que os ilícitos são mais caros que os lícitos."

Para Vera Silva, o comércio ilícito precisa ser combatido com repressão e inteligência, mas, segundo ela, há "quase uma paralisação", embora exista um protocolo internacional para eliminar o comércio ilícito de produtos de tabaco.

De acordo com ela, no Brasil, vários atores do governo —como Ministério da Fazenda, Receita Federal, Ministério da Justiça, Ministério das Relações Exteriores, polícias Federal e Rodoviária Federal— possuem ações em conjunto, mas ainda há vários desafios, como a atualização do sistema de rastreamento e localização para que chegue ao consumidor. "O consumidor tem que poder, através do celular dele, identificar se um produto é ilegal ou não."

Cálculo é de nova ferramenta internacional que estima quanto os países podem ganhar com aumento do preço do tabaco

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04/07/2025

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Projeto belga leva idosos para balada a fim de combater a solidão

Iniciativa oferece novas oportunidades de diversão a moradores de asilo; isolamento afeta 1 em cada 4 idosos no mundo

Bruxelas | The New York Times

Era bem depois da meia-noite em um fim de semana recente, e a casa noturna Mirano, no centro de Bruxelas (Bélgica), pulsava com sua energia habitual. Um DJ tocava música com graves pesados e um toque da África Ocidental, pessoas tomavam drinques no bar e luzes vermelhas iluminavam uma pista de dança lotada.

Entre os foliões de croppeds, saias curtas e saltos altos, um grupo se destacava: residentes de casas de repouso de cabelos grisalhos, muitos na casa dos 80 ou 90 anos de idade. Os homens vestiam ternos com lenços no bolso, e as mulheres, de rímel e batom vermelho, usavam colares volumosos e blusas com lantejoulas.

"Olhe a atmosfera", dizia Guillaume Vanderweyen, 99, que estava em uma balada pela primeira vez em 40 anos. "Todo mundo está feliz porque estamos fazendo algo diferente. Isso importa na vida."

Ele ficaria dançando até depois das 2h da manhã. Ele admitiu que não estava tão ágil como costumava ser, mas, graças aos exercícios diários, parecia não ter dificuldade em se curvar e girar ao som das músicas de Rihanna e do cantor nigeriano Kizz Daniel.

Vanderweyen, um carpinteiro aposentado, e outros 15 residentes de casas de repouso de Bruxelas estavam na casa noturna em um passeio organizado pela Papy Booom, uma organização sem fins lucrativos belga que busca combater a solidão entre os idosos e criar mais oportunidades de diversão.

Até 2050, a proporção de pessoas com 85 anos ou mais na União Europeia mais que dobrará, segundo estimativas do bloco, e a Bélgica é um dos muitos países onde a idade média está aumentando. Com as pessoas vivendo mais do que nunca e o isolamento social em ascensão, muitos na Europa e em outros lugares estão se perguntando: como a qualidade de vida dos idosos pode ser melhorada?

Youssef Kaddar, diretor da Papy Booom —nome inspirado em um termo francês que se refere ao envelhecimento da população do baby boom pós-Segunda Guerra Mundial— costumava organizar eventos mais convencionais para idosos, como viagens à beira-mar e saídas para restaurantes. Mas essas atividades começaram a parecer ultrapassadas. Ele se perguntou se haveria interesse em algo um pouco mais ousado.

Surpreendentemente, sim. Ele organizou cinco saídas para casas noturnas desde 2023, com ótimas avaliações, e também organizou passeios de balão, noites de videogame e festas diurnas.

Um dos objetivos é incentivar a interação entre diferentes faixas etárias, o que a OMS (Organização Mundial da Saúde) diz ser fundamental para envelhecer bem —e que aconteceu com frequência na casa noturna em Bruxelas. Kaddar, 37, também tenta prevenir o que ele chama de "desvanecimento do espírito" que pode acontecer à medida que as pessoas envelhecem.

"Estamos em um lar de idosos, mas a vida não para", disse. "É uma nova vida que vai começar."

Em um sábado à noite, moradores de diversas casas de repouso se reuniram em uma delas para um jantar às 17h30. Várias das mulheres fizeram cabelo e maquiagem, uma escolheu uma sombra azul. Por volta das 20h30, o grupo seguiu para um restaurante para as sobremesas. Uma pequena festa dançante começou quando a música "Alexandrie, Alexandra", de 1977, do cantor pop francês Claude François, começou a tocar.

Então, por volta das 23h, o grupo, acompanhado por dois voluntários da Papy Booom e seis funcionários das casas de repouso, entrou nos corredores espelhados do Mirano, uma casa noturna pouco iluminada que tem sido um ponto fixo da vida noturna de Bruxelas desde os anos 1980.

Em minutos, vários deles estavam se movimentando na pista de dança, enquanto garçons serviam garrafas de champanhe Moët & Chandon com faíscas saindo do topo. O Mirano, como os outros clubes que participaram, não cobrou do grupo ou da equipe pela noite; a Papy Booom, que é financiada por governos nacionais e locais e doações privadas, pagou pelas sobremesas.

Thérèse Troch, 85, disse que não era muito festeira quando era mais jovem. Seu gênero musical favorito é o clássico. Mas ela decidiu se juntar ao grupo para sair da bolha da casa de repouso.

"É a possibilidade de estar em contato, de não falar apenas com idosos", disse Troch, ex-professora de ioga. "Porque é sempre a mesma coisa. 'Ah, meu reumatismo!' E coisas do tipo."

Ainda assim, a realidade da velhice indicava que havia alguns desafios na balada. Aparelhos auditivos tiveram que ser removidos por causa do som alto. Alguns residentes usavam bengalas ou estavam se recuperando de fraturas no quadril. Idas ao banheiro, descendo uma escada escura, exigiam assistência de membros da equipe de segurança.

Em um momento baixo da noite, uma integrante do grupo perdeu brevemente a consciência depois de beber demais. Uma ambulância a levou para um hospital, onde ela passou a noite, e estava se sentindo melhor no dia seguinte, contou Kaddar. Ele disse que nada parecido havia acontecido antes.
'Uma cura barata'

Alguns jovens pareciam surpresos e riam quando entravam na casa noturna e viam o grupo mais velho em uma cabine próxima à pista de dança.

Uma frequentadora, Emily Giraud, 20, que dançou com Vanderweyen ao lado de vários de seus amigos, disse que a mistura incomum de clientela melhorava o clima.

"Cria uma boa atmosfera na casa noturna." Outra frequentadora, Danielle Okoo, 24, disse que estava impressionada com a energia de alguns dos mais velhos. "Não sei se eu seria capaz de fazer isso na idade deles."

Nos últimos anos, jovens adultos, especialmente homens, têm sido o foco de relatórios sobre solidão, exacerbada por telas e mídias sociais. Mas o isolamento social tem sido um problema para os idosos há muito tempo, alguns dos quais, com poucas ou nenhuma visita de amigos e familiares, podem ficar isolados em seus apartamentos por longos períodos.

Globalmente, cerca de 1 em cada 4 adultos mais velhos experimenta isolamento social, e esse número está aumentando, disse Hans Henri P. Kluge, diretor da OMS para a Europa.

"Estamos vivendo mais, mas não com mais saúde e não mais conectados", disse Kluge em uma entrevista. "Há uma cura barata: chama-se conectividade social", afirmou, elogiando iniciativas como as saídas para casas noturnas.

Iniciativa oferece novas oportunidades de diversão a moradores de asilo; isolamento afeta 1 em cada 4 idosos no mundo

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14/06/2025

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Médicos de família prescrevem volta aos estudos como tratamento de pacientes
Iniciativa pioneira em Florianópolis integra a chamada saúde social, conceito que tem crescido no mundo

Cláudia Collucci
São Paulo

A faxineira Silvana de Fátima Vieira, 47, procurou um posto de saúde em Florianópolis com queixas de ansiedade e de insônia, que foram agravadas após a morte do marido, no ano passado. Entre as recomendações médicas que recebeu, uma foi inusitada: voltar a estudar.

Assim como quase 47% da população adulta brasileira acima de 25 anos, Silvana não possui educação básica. Parou os estudos no segundo ano do ensino fundamental. "É muito ruim. Não entendo direito os papéis, os documentos, as bulas, as receitas dos remédios", diz.

Em uma iniciativa pioneira, médicas e médicos de família e comunidade da capital catarinense estão prescrevendo a volta aos estudos como parte do tratamento a pacientes com objetivo de melhoria da saúde e da qualidade de vida.

O projeto é desenvolvido dentro da Estratégia Saúde da Família, modelo assistencial da atenção básica do SUS que se fundamenta no trabalho de equipes multiprofissionais em um território, com ações de saúde a partir do conhecimento da realidade local e das necessidades daquela população.

Em Florianópolis, a iniciativa teve início em 2021 por meio de uma parceria entre as secretarias municipais da Saúde e da Educação, dentro do programa EJA (Educação de Jovens e Adultos). Neste mês, a iniciativa foi estendida para todo o município.

"A gente encaminha para o EJA como se encaminha para um cardiologista, um psiquiatra", diz Mayara Floss, médica de família e comunidade do centro de saúde Itacorubi e uma das idealizadoras do projeto e que o apresentou em congresso da especialidade que ocorreu em Manaus (AM), na semana passada.

Ela conta que a ideia surgiu em 2021 ao observar que muitos dos seus pacientes eram analfabetos ou não tinham o ensino básico. Hoje, a unidade de saúde em que trabalha passou a sediar um polo do EJA.

Na mesa da médica, os prontuários estão ao lado das fichas de matrícula. "Eu já matriculo e, depois da consulta, a pessoa vai para a sala de aula. Às vezes, a gente tem dúvida se é educador ou se é médico."

Segundo Floss, ao voltar a estudar e a ter novas interações sociais, muitos pacientes relatam melhoria de sintomas de ansiedade e de depressão. Também aprendem a ler receitas de remédios que antes, devido à falta de estudo, recebiam com instruções desenhadas.

"Se tem um solzinho, o remédio tem que ser tomado pela manhã; se tem uma panela, é na hora do almoço", explica a médica. "Isso é muito paternalista. Minha intenção sempre foi que as pessoas tenham conhecimento para compreender", diz.

Mas nem sempre é tarefa fácil convencer os pacientes. "Tenho uma paciente que demorou um ano e meio para voltar a estudar. Não se sentia capaz. Geralmente, são mulheres idosas, que não tiveram oportunidade e que têm medo de não conseguir."

A médica conta que, além dos retornos positivos dos pacientes, tem recebido agradecimentos dos familiares. "Uma neta me disse: 'ainda bem que a minha avó voltou a estudar. Pelo menos agora eu tenho assunto para conversar com ela'. Acaba sendo um lugar de cura, uma cura social."

Estudos mostram que o nível educacional desempenha um papel importante na saúde, com impacto na expectativa de vida, nas taxas de incidências de doenças (morbidade) e comportamentos. Também molda oportunidades, emprego e renda.

Para Floss, o acesso à educação é um dos determinantes em saúde (condições em que as pessoas nascem, crescem, vivem e envelhecem) mais facilmente modificável. "Eu não consigo colocar um telhado melhor na casa do paciente, mas a educação, sim. Os pacientes que encaminho, seguem [a prescrição]."

Daniel Berger, professor articulador do EJA, afirma que os alunos encaminhados por médicos são mais compromissados no retorno ao estudo. "Eles têm essa percepção de que estão cuidando da saúde também."

Berger lembra de um paciente que sofria de alcoolismo e que tinha parado de estudar no oitavo ano do ensino fundamental. "Ele chegou para mim e disse: 'Voltei a estudar porque minha médica disse que vai ser bom para mim.' E ele teve um empenho surpreendente, terminou o ensino médio, parou de beber."

As motivações para voltar a estudar são as mais variadas, segundo o professor. Uma idosa analfabeta de 76 anos parou de tomar ansiolíticos após se tornar aluna do EJA. "Ela é evangélica e queria aprender a ler a Bíblia."

Outra idosa de 83 anos relatou ao professor que após voltar a estudar se sente menos sozinha e se reconectou com a família. "Antes, ela quase não conversava, não tinha assunto. Agora, disse que os filhos e netos perguntam sobre a aula, sobre o que ela está aprendendo."

O professor Berger conta que trabalha com a pesquisa como princípio educativo. "Não tem horário da aula de matemática, de geografia. A gente tem problemáticas e pesquisa. Agora, por exemplo, eles estão pesquisando sobre as plantas medicinais que tem na horta [do centro de saúde]."

O conceito de saúde social foi um dos destaques de um dos maiores festivais de inovação e tecnologia, o SXSW 2025, realizado em março em Austin (EUA) e tem crescido no mundo. Uma das palestrantes, Kasley Killam, autora do livro "The Art and Science of Connection" [A Arte e a Ciência da Conexão], por exemplo, propôs que os médicos prescrevam interações sociais, como grupos de conversa e atividades comunitárias, como parte do tratamento da solidão.

Nesse contexto, a médica Floss tem ainda um outro sonho: transformar o posto de saúde em um centro cultural. "Levar artistas para dentro do posto. Muitos dos pacientes nunca foram a um cinema, a uma peça de teatro. Ao se apropriarem dos direitos à saúde e à educação, começam a acessar outros direitos."

De acordo com o médico Fabiano Guimarães, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, há outras iniciativas desenvolvidas por médicos de família em curso no Brasil e que ocorrem de acordo com as necessidades das comunidades.

Em Belo Horizonte (MG), por exemplo, há um projeto de apoio a mulheres vítimas de violência doméstica idealizado também por uma médica de família. "Ela passou a reunir mulheres no posto de saúde para que pudessem falar e se apoiarem. O principal problema para se livrarem do ciclo de agressões era a falta de recurso financeiro. Fundaram uma associação de artesanato, passaram a ter renda e mudaram o destino."

No Rio de Janeiro, uma equipe de saúde da família que atua em uma favela desenvolveu um projeto com mães de crianças autistas que ficavam muito agitadas durante os tiroteios na área. "A médica distribuiu fones de ouvido e treinou as mães sobre o que fazer para acalmar as crianças naquele momento."

O projeto Saúde Pública tem apoio da Umane, associação civil que tem como objetivo auxiliar iniciativas voltadas à promoção da saúde

Iniciativa pioneira em Florianópolis integra a chamada saúde social, conceito que tem crescido no mundo

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