
14/07/2025
Um assunto que tem permeado meus pensamentos na última semana é o uso da inteligência artificial e o impacto disso nas nossas escolhas e constituição do eu.
Tem sido uma queixa constante: estamos cansados e sentimos que passamos tempo demais por aqui.
Justamente por ser confortável. É sedutor ter tudo a um clique de distância.
Se as IAs respondem por nós e o algoritmo criam nossos desejos, será que não estamos entregando nosso protagonismo?
Como f**a a conexão com o mundo real, com os outros seres humanos e consigo mesmo?
Vivemos como se tivéssemos que estar disponíveis o tempo todo.
Nos comparamos às máquinas, que têm uma velocidade inalcançável:
velocidade para responder, para ler, para elaborar.
Essa comparação nos esvazia, f**amos menos criativos.
E a criatividade é o que nos faz singulares.
Parece que estamos cada vez mais apressados em atravessar as emoções, em superar rapidamente.
Autocobrança produtiva. Pressa.
Sentiu ansiedade? Toma um remédio.
Não sabe como falar com alguém? O Chat te mostra.
Queremos a cura rápida, sem digerir o que sentimos.
Ver a vida através da tela… não é ver a vida real. (O óbvio que precisa ser lembrado.)
A solução para isso? Não sabemos.
Mas devemos aprender a lidar com as IAs (é o mundo de agora).
Mas vamos nos lembrar de que não somos uma máquina.
A realidade é que a tecnologia oferece quase tudo.
Porque nela tem conforto, mas falta confronto.
Suportar as dores da natureza humana, da espera.
Fazer coisas com presença.
Entender onde baseiam as suas escolhas.
Tentar ter menos ansiedade de feed e de resposta.
Procurar mais profundidade pra enxergar melhor.
Porque, no fim, é a gente que decide como quer viver a vida. A gente que sente.
E a conta, no fim, é única e intransferível.
Gosto da frase da Glória Maria: “Ninguém vai morrer por você.”
Então, que escolhas você fará até lá?
Se a tecnologia escolher tudo… o que sobra para você?
E, pra escolher, é necessário sentir.
Sentir o tédio. F**ar com a falta, com o vazio.
Para então o desejo surgir.
A máquina tem uma vida eterna.
A vida humana tem o limite da sua existência.
Que tal vivê-la se lembrando disso?