13/01/2022
O Recalque
Em alemão: Die Verdrängung
Na linguagem comum, a palavra recalque designa o ato de fazer recuar ou de rechaçar alguém ou alguma coisa. Na cultura popular brasileira, a palavra recalque ganhou conotação de "inveja" através da cantora Valesca Popozuda.
Porém, para Freud, o recalque designa o processo que visa a manter no inconsciente todas as idéias e representações ligadas às pulsões e cuja realização, produtora de prazer, afetaria o equilíbrio do funcionamento psíquico através do desprazer. Ou seja, uma ideia ou representação intolerável é recusada e esquecida da consciência e vai para o inconsciente. A pessoa costuma não lembrar do que foi recalcado.
Freud, que modificou diversas vezes sua definição e seu campo de ação, considera que o recalque é constitutivo do núcleo original do inconsciente. Deste modo, a teoria do recalque é a pedra angular em que assenta todo o edifício da psicanálise.
O recalque não lida com as pulsões em si, mas com seus representantes, imagens ou idéias, os quais, apesar de recalcados, continuam ativos no inconsciente, e retornam sob a forma de sintomas, sonhos, lapsos, chistes e atos falhos. Esse processo é chamado de retorno do recalcado.
Na segunda tópica, o recalque é ligado à parte inconsciente do eu. E, nesse sentido, Freud pode dizer que o recalcado, tal como essa parte do eu, funde-se com o isso.
A operação do recalque é o que define a neurose e ocorre entre final da primeira infância e o período de latência (entre 5 a 7 anos). É por isso que não lembramos de muitas coisas dos nossos primeiros anos.
Por fim, Freud define três tempos para o recalque. São eles:
🔹1. O Recalque primário: Suposta origem do inconsciente;
🔹2. O Recalcamento: Repetição do recalque;
🔹3. O Retorno do Recalcado: As formações do Inconsciente.
Fontes:
FREUD. O Recalque, 1915.
LAPLANCHE E PONTALIS. Vocabulário de Psicanálise, 1992.
ROUDINESCO E PLON. Dicionário de Psicanálise, 1998.