
01/07/2025
*O Peso do Invisível*
Tenho um corpo magro
que me acusa de vaidade e desamor.
Cada espelho é tribunal,
cada garfada, um pecado.
Aponto ossos como troféus,
mas não há festa, nem vitória —
apenas a fome ditando
a estética do controle.
Os olhos alheios me moldam:
sou imagem, não desejo.
Sou silêncio que mastiga,
culpa que engole a seco.
Às vezes, vomito segredos
que meu estômago não quis calar.
Durmo com o estômago vazio
e a cabeça cheia de vozes.
Meu corpo se curva à régua,
à métrica, às normas, aos likes —
meu afeto à balança.
Tenho um corpo magro,
e nele não há abrigo:
apenas medida, medo
e a ilusão de ser vista.