25/08/2025
Minha história com a psicologia começou muito antes do diploma.
Na infância, meus pais me colocaram na terapia para lidar com a adoção, mas eu acreditava que era uma aula de desenho. Na adolescência, a psicologia voltou a ser presença: ansiedade, depressão, intensidade e uma psicóloga que eu enxergava como uma fada.
Mas o meu plano era outro: eu sonhava em ser jornalista de moda, começar como estagiária na Capricho e chegar à Vogue. Até que os sofrimentos psíquicos atravessaram minha vida de tal forma que precisei parar, repetir de ano, quase desistir. E foi nesse período que algo em mim começou a se inclinar para o outro: ouvir, acolher, cuidar.
Em 2015, entrei na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, deslumbrada, acreditando que ali encontraria respostas para mim mesma. Não encontrei todas, mas descobri os cuidados paliativos, e ali me apaixonei à primeira vista. Esse era o meu lugar: estar com o outro em momentos de finitude, dor e humanidade.
A faculdade não foi fácil: vivi perdas, tentativas, ansiedade, depressão, dúvidas. Em um momento, cheguei a tentar trancar. E foi a fala da psicopedagoga que me sustentou: “Ana, é a sua história e a sua dor que farão de você uma excelente psicóloga.”
E assim foi.
No fim da graduação, conheci minha psicóloga. Ela me mostrou que a clínica podia ser diferente: próxima, afetiva, segura. Me ensinou que havia espaço para ser real, ser ‘Ana’. Foi com ela que aprendi a FAP, abordagem que sigo até hoje.
Me formei na pandemia, mergulhei na psicologia hospitalar, mas precisei de sustento e comecei a atender pela clínica. Foi então que encontrei mulheres intensas, potentes, atravessadas por dores e histórias que, de algum modo, também eram minhas.
Ali, eu percebi: a clínica poderia ser viva. E é nela que sigo, com coragem e delicadeza, ao lado de mulheres que me ensinam todos os dias sobre força, amor próprio e reinvenção.
A psicologia sempre esteve comigo, primeiro como criança, depois como paciente, agora como psicóloga.
E estar nesse lugar é muito mais que profissão: é o sentido que escolho reafirmar a cada dia.
Obrigada a todas as mulheres que fazem parte da minha história. Vocês me tornam a psicóloga que sou!