18/02/2025
Eu não convidei minhas versões do passado para um café, eu as convidei para serem presentes na minha vida.
Ao longo do nosso desenvolvimento nos ensinaram que a vida adulta era padronizada, uma espécie de check list e rigidez que mediria a nossa capacidade e qualidade. E com isso, não havia espaço para a autenticidade e espontaneidade da criança, nem dos sonhos e da busca por identificação do adolescente.
Mas a verdade é que o adulto tradicional, por mais que fuja, sempre é convocado pela vida a olhar para as versões que tenta ocultar. Seja na criança ferida que lhe pede colo, no adolescente que só quer ser aceito e parte de um grupo, enfim, são tantas as possibilidades.
E se ao invés da olharmos como “defeito” os traços dessas nossas versões, pudéssemos olhar como um SUPER PODER?
Quando criança eu era extremamente comunicativa, agitada, criativa. Confesso que não brincava de bicicleta, de bola, ou na rua, mas dentro de casa eu criava meu mundo e vivia outros mundos através da leitura. Isso me ensinou a ser aberta ao diálogo e enxergar o mundo do outro sob óticas que se diferenciam da minha (olha eu criança dando passinhos para uma habilidade que a minha profissão me convoca!). Na adolescência, eu aprendi a amar a moda, ler o movimento do mundo que se anunciava, a me abrir para coisas distintas e desconhecidas, afinal ser viciada em Disney e não me impediam de aprender a criar e editar um HTML, assistir cavalheiros do zodíaco, zerar Mário e ler russo.
Ter tido versões que exploraram o mundo a minha volta e que se permitiram entrar em mundos novos me tornaram não só a mulher adulta versátil e com muita capacidade de se adaptar, mas me fazem ser uma psicóloga com um olhar e escuta acolhedora e compreensiva que gera vínculos potentes e duradouros.
Não quero que as Paulas que eu fui visitem a Ana para um café, mas que elas caminhem juntas para dar vida a pluralidade que Ana Paula é.
O que a sua criança e a sua adolescente te trazem hoje?