15/09/2025
Na ficção, a série britânica "Adolescência" viralizou porque mostrou adolescentes capazes de cometer crimes violentos como o feminicídio. A trama chocava porque parecia exagerada, quase irreal.
O que fazer quando a realidade é mais brutal que a ficção?
Em Pernambuco, uma menina de 11 anos morreu dentro da escola, espancada por colegas da mesma idade. Um dos garotos iniciou o espancamento porque a vítima "não quis ficar com ele".
O que significa, para nós enquanto sociedade, que meninas de onze anos sejam mortas por dizerem “não”?
E diante disso, a pergunta que ecoa não é ap***s sobre punição.
É sobre o que falhamos em oferecer para que crianças e adolescentes encontrem na violência uma forma de existir no mundo.
Falhamos como sociedade quando a escola não protege.
Quando o cuidado com a saúde mental é privilégio, e não direito.
Quando a desigualdade e a banalização da violência se tornam o ambiente em que nossas crianças crescem.
O que acontece com uma sociedade que produz adolescentes que matam?
Como não sucumbir à sensação de impunidade, quando o que está em jogo é muito mais do que a aplicação da lei? Afinal, menores de 12 anos não podem ser responsabilizados, nem pelo Direito Penal, nem pelas medidas socioeducativas que estão previstas no nosso ordenamento jurídico. O que resta fazer então?
Não há resposta pronta. Mas precisamos sustentar as perguntas. Se na ficção era possível encerrar a temporada e seguir adiante, na realidade não há créditos finais.
Há uma menina morta. E uma sociedade inteira que precisa se perguntar: o que fizemos de errado?