08/03/2023
Para esse , partilhamos a escrita da Iasmin Idalan:
“Cresci vendo mulheres ao meu redor culpabilizando a si mesmas por terem corpos que chamam atenção por onde passam, castrando umas as outras sobre o tamanho dos seus shorts.
Cresci com pessoas me dizendo o que é ser "mulher de verdade" e tornar-se isso, incluiria: repressão sexual, submissão aos homens, salário menor, ser heterossexual, usar saia até o joelho, falar baixo, beber pouco (ou não beber), não usar batom vermelho, não dançar de maneira sensual, casar (obrigatoriamente, caso contrário, receberá o apelido de "titia", no sentido pejorativo), ter filhos e acima de ser profissional, mãe e/ou mulher, ser esposa, e mais, cozinhar pro maridinho.
Felizmente eu percebi há tempo que nada disso tinha a ver com escolha, com o livre arbítrio, direito de expressão e empoderamento, sequer com felicidade; percebi que era uma cultura imposta, há milênios, e me senti obrigada a romper esse contexto enraizado na sociedade - e na minha família.
Descobri que eu era machista e que também alimentava o machismo.
Entendi aliás, o que era a cultura machista e o quanto eu sofria na pele as facadas que ela dá.
Negar a existência do machismo, é fechar os olhos pra realidade explícita e cruel, é ser conivente com as desgraças consequentes desse tipo de educação e não ter a intenção do rompimento necessário para nossa sobrevivência.
Eu não só me declaro contra a cultura do estupro, como exijo respeito a mim e a todas as outras mulheres, nossos corpos não são objetos e nem estão à venda.”