
24/02/2023
. O CRP SP manifesta sua solidariedade às pessoas que vivem, estão ou estiveram no Litoral Norte Paulista e sofrem com as consequências da maior chuva acumulada da história do país. Lamentamos as perdas irreparáveis de vidas, danos materiais e todo sofrimento psíquico decorrente dessa situação.
Até o momento já são 50 vidas perdidas e outras 2.500 pessoas desabrigadas. Reflexos de uma crise humanitária, ambiental e da escassez de Políticas Públicas para a gestão integral de riscos e desastres, que mais uma vez traz desafios para o exercício profissional da Psicologia.
Neste cenário, compromissado com a ética na promoção de saúde e com a defesa intransigente dos Direitos Humanos, o CRP SP traz orientações para a atuação profissional da Psicologia em situações de riscos, emergências e desastres e para a atuação voluntária.
No estado de São Paulo, os desastres naturais ocorrem com maior intensidade no início de cada ano e atingem, especialmente, as populações mais pobres e/ou que residem em condições de vulnerabilidade. A espoliação urbana, que incide no deslocamento dos mais pobres para áreas de maior risco e desprovidas do acesso à direitos básicos.
A emergência climática tem tornado esses fenômenos cada vez mais frequentes e desastrosos. O planejamento e o investimento adequado em Políticas Públicas que não só previnam os riscos, mas que sejam capazes de garantir ações nos casos em que a ocorrência do desastre é inevitável, diminuindo perdas, se fazem urgentes.
A ética orienta e suplementa a promoção de saúde e incide no diálogo com as condições de vida da população e com ações intersetoriais que garantam a proteção à vida. Embora o risco de desastre natural tenha sido notificado aos governos estadual e municipal, dois dias antes do ocorrido, pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), não houve ações articuladas e intersetoriais suficientes para contribuir com a organização, participação e deslocamento da população dos locais de risco sinalizados.
Sobre a atuação profissional neste contexto, cabe também lembrar que, de acordo com o Princípio Fundamental VI do Código de Ética Profissional do Psicólogo: “O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado com dignidade, rejeitando situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada”.
Logo, é preciso atentar para que o exercício da profissão, seja por vias online, seja por vias presenciais, ocorra em espaços e dispositivos os mais adequados possíveis, assegurando a qualidade do serviço psicológico prestado. Inclui-se, aqui, a divulgação adequada de nossos serviços, que não se constituem em ofertas genéricas e sensacionalistas de acolhimento, mas em processos de escuta qualificada, orientação precisa e direcionamento conforme a ciência e a técnica psicológicas, em consonância com os parâmetros considerando o estado de crise.
Temos recebido diversos relatos da criação de estratégias da categoria, na divulgação de ofertas de cuidados psicológicos à população, especialmente àquelas pessoas das regiões mais atingidas, que pertencem a grupos vulnerabilizados. E por isso, é preciso reforçar que emergências, desastres e catástrofes são questões de saúde e intervenção pública e cabe aos governos darem total assistência às vítimas em todos os campos.
A oferta de serviços psicológicos é importante instrumento de sensibilização e ampliação do acesso da sociedade à ciência e às profissões psicológicas. No entanto, a mesma não pode ser realizada de forma sensacionalista e fora dos parâmetros éticos, indicados no nosso Código de Ética Profissional do Psicólogo.
Para ler a íntegra da nota, acesse: https://bityli.com/Lnz91