08/10/2024
Temos observado, no contemporâneo, uma diminuição do estigma sobre o cuidado em saúde
mental.
Nunca antes falamos tanto sobre a psicoterapia e suas possibilidades, assim como
outras práticas de cuidado. Há nisso um aspecto encorajador.
No entanto, é frequente nos depararmos com uma visão que individualiza o sofrimento, ou
seja, que toma a dor, os transtornos mentais e seus sintomas como frutos de uma
inadequação pessoal.
O sofrer, no entanto, conta parte de uma história individual e coletiva. Quem nos tornamos,
como sentimos e como agimos não está isolado de nossa história familiar, social, cultural e
ambiental.
Nesse sentido, sentimentos e emoções como a angústia, a tristeza, o medo e a raiva não são,
por si só, sintomas a serem aniquilados. São reações que sinalizam o que merece nossa
atenção e precisa ser trabalhado.
A psicoterapia envolve, sim, um trabalho de transformação pessoal, mas não pretende nos
dessensibilizar frente aos pesares, os obstáculos e os dissabores.
Cabe perguntarmos: até onde
é possível, necessário e saudável eliminar emoções desconfortáveis frente a condições que
minam nossa potência de vida?
O esforço de uma psicoterapia é também o de tornar a vida mais vivível.
Desse modo, o objetivo não é sempre eliminar a dor, o sofrer ou o sintoma, mas, antes disso, escutar o que
eles têm a dizer.
Trata-se de dar voz ao que sentimos para acionar sua função potencializadora: a de construir
possibilidades de enfrentamento das adversidades.
Não como sujeitos isolados, mas como
sujeitos sociais e coletivos, que atuam em rede e se corresponsabilizam pela transformação
das condições de sofrimento 🌿