
09/09/2023
Sempre soube que um processo de crescimento é um processo longo com muito sofrimento à mistura. Não temos como escapar dele, porque fomos todos educados para inconscientemente preferir sofrer a enfrentar os nossos medos. O meu não foi em nada diferente. Fui criado por quem sofria por não viver a vida que desejava e não podia esperar que o seu legado não fosse senão idêntico. Durante muitos anos, aceitei o sofrimento da mesma maneira como acreditava que as coisas boas só aconteciam a quem era rico ou de boas famílias. Uma perfeita estupidez com que me entupiram o cérebro e que tardou tempos imemoráveis a deixar de fazer sentido. Entendi através do sofrimento que só me mantinha nele por minha escolha. Foi difícil aceitar tal pensamento, porque finalmente me ilibava para ser feliz e poder crescer através do amor por mim mesmo. Tomei consciência da responsabilidade que tal mudança me trazia, mas aprendi também que aquilo que enfrentava perdia poder sobre quem eu tanto queria ser. Comecei a ousar seguir apenas aquilo que tinha a ver comigo, a escolher o que me fazia respeitar a minha verdade, a amar o rapaz tímido e inseguro para enfim lhe permitir de descobrir toda a sua coragem e ousadia, toda a sua determinação e alegria de viver. Foi uma conquista que teve o mérito de multiplicar os seus efeitos e de me libertar de velhas crenças e fantasmas que desvirtuavam a minha existência. Como a primeira página de um livro, abriu-me a uma nova aventura, a um novo tipo de romance comigo mesmo que ainda hoje dura, que ainda hoje não é coisa de meio-termo. Bem pelo contrário. É um talento que possuo de me amar sem me esquecer dos outros, sem me esquecer de todos aqueles que me levam para onde sei que pertenço e de onde sairei apenas para um outro lugar ainda mais meu, um lugar onde a lua passe a ter a mesma cor do sol.
José Micard Teixeira
texto retirado do meu livro "O Touro que se apaixonou pela Lua"
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